A tecnologia Magikey foi desenvolvida por ex-alunos da Unicamp com apoio do Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas: já em funcionamento
A equipe responsável pelo Magikey: por enquanto, sistema só está disponível para clientes escolhidos a dedo (Dominique Torquato/AAN)
Abrir uma porta sem chaves ou passar por uma cancela ou catraca sem cartão ou crachá, muito menos recepcionistas ou porteiros, já é possível com uso de um smartphone ou um tablet conectado à internet. A tecnologia nomeada Magikey foi desenvolvida por ex-alunos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com apoio do Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) e já está em funcionamento em quatro empresas campineiras, com lançamento comercial previsto para julho deste ano. Para que a “mágica” aconteça deve ser instalado o aplicativo Magikey no smartphone, um dispositivo em cada porta, cancela ou catraca em que pretende usá-lo e o software vinculado ao aplicativo na nuvem, em que um banco de dados pode ser acessado de qualquer computador através de senha para definição das pessoas autorizadas ao acesso. A comunicação do aplicativo instalado no smartphone ou tablet com o equipamento que bloqueia ou libera o acesso é feita por NFC (near field communication), tecnologia que permite a troca de informações sem fio e de forma segura entre dispositivos compatíveis que estejam próximos um do outro, ou até mesmo por bluetooth. Além da liberação automática, o anfitrião pode se comunicar com o visitante por notificações instantâneas enviadas através do aplicativo por tecnologia Push, como um pedido de espera ou de encaminhamento para outro local. Diretor de uma startup que comercializa sistemas de gestão que não possui recepcionista, Luis Cêra apostou na novidade para resolver o trancar e destrancar da porta de entrada o tempo todo. “Temos uma média de 70 colaboradores e com o dispositivo acabou a necessidade de ficar atendendo a campainha. Alguns têm acesso 24 horas e alguns no período do trabalho”, relata Cêra, que conheceu a tecnologia quando a pesquisava para indicar aos clientes. O empreendedor gostou tanto da proposta que já estuda a instalação de um dispositivo em uma porta interna para ambiente com maior restrição de acesso. Sem Parar para pessoas Cofundador da Advance Soluções em Informática Ltda., responsável pelo desenvolvimento do produto, Raul Mariano Cardoso classifica o Magikey como uma espécie de Sem Parar voltado para pessoas, e foi desenvolvido com base nas dificuldades de acesso encontradas em pesquisa de campo feita em 2014. “Você não consegue convidar as pessoas para ir até sua casa sem estar lá, não consegue fazer com que a pessoa entre num imóvel alugado sem dar um jeito de entregar a chave para ela e o mesmo acontece com um prestador de serviço. Num condomínio, toda vez que você vai em um diferente tem que cadastrar, ligar para a pessoa que está recebendo e ver se pode entrar”, exemplifica Cardoso, que fez mestrado sobre a “internet das coisas”, uma tendência de objetos inteligentes se comunicarem para executar tarefas específicas, e como resolver o problema de acesso das pessoas. O empreendedor considera o Magikey uma plataforma social de controle de chaves. “Se eu vou ao Correio Popular, por exemplo, a partir do aplicativo você inclui meu e-mail e pelo meu smartphone na portaria vou ter a liberação automática, porque vocês já vão ter todas as minhas informações, quem me liberou e por qual período”, explica Cardoso, que a princípio pretende trabalhar apenas com escritórios e condomínios, mas não descarta levar a “chave eletrônica” para as residências. “Estamos pensando uma parceria com um fabricante de fechadura para viabilizar no mercado nacional a fechadura inteligente.” SAIBA MAIS Se a fechadura do escritório for liberada por interfone, o dispositivo do Magikey é acoplado. Já a fechadura mecânica tem que ser substituída. O protótipo tem o tamanho de um interfone, com material plástico, conectado com a energia elétrica e conexão wi-fi com a nuvem e libera acesso ou com a aproximação do smartphone que tem o aplicativo ou com o clique do botão no próprio aplicativo. Para que a liberação aconteça, o anfitrião entra no aplicativo e insere o e-mail do convidado, que recebe e-mail com informações do Magikey e link para instalação. Com um login, senha e usuário, o anfitrião tem acesso aos detalhes das liberações. A ideia da empresa desenvolvedora do Magikey é que o cliente pague pela instalação do equipamento e uma mensalidade para manutenção e suporte, no entanto os valores ainda estão sendo definidos. Os interessados podem entrar em contato pelo site www.magikey.com.br para orçar um programa de instalação inicial antes mesmo do lançamento comercial, mas terão algumas obrigações em troca. “A gente está vendendo esse sistema para clientes específicos, que são os adotantes iniciais, escolhidos para a finalização do desenvolvimento do produto. É funcional, atende as expectativas, mas não vendemos em escala”, lembra Cardoso.