A atual Estação de Tratamento de Esgoto Anhumas (ETE) será ampliada e se transformará em Estação de Produção de Água de Reúso (EPAR)
As novas instalações da futura EPAR-Anhumas serão construídas em terreno localizado na área onde funciona a atual ETE: empreendimento contribuirá para a preservação de rios da região de Campinas (Rodrigo Zanotto)
A unidade de Campinas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) emitiu Licença Prévia e de Instalação que permite o início das obras para a ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto Anhumas (ETE-Anhumas), que passará a funcionar como Estação Produtora de Água de Reúso (EPAR). Operada pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), a estrutura, depois de reformulada, poderá aumentar em três vezes a produção de água de reúso da cidade, que passará dos atuais 540 litros por segundo para 1.655 l/s, o que proporcionará um impacto ambiental positivo para a cidade.
Segundo Rovério Pagotto Júnior, gerente de Planejamento e Projetos da Sanasa, o investimento no projeto será de R$ 194,79 milhões, sendo que R$ 119 milhões serão financiados pela Caixa Econômica Federal. A expectativa é que o processo de liberação dos recursos seja iniciado ainda nesta semana. A previsão é de que as obras de ampliação sejam concluídas em até 24 meses, com a operação sendo realizada inicialmente pela própria construtora. Após 12 meses, a Sanasa assumirá a gestão da EPAR, com a empreiteira prestando a assistência necessária. Após mais um ano, o contrato inicial será encerrado e a empresa de economia mista campineira seguirá no controle total do complexo.
Ainda se acordo com Pagotto Júnior, Campinas está em um patamar diferenciado em relação ao resto do Brasil quando o assunto é saneamento. "Não é à toa que muita gente vem aqui para conhecer a nossa estrutura. Não temos medo de empregar tecnologias e fazer investimentos que tragam excelência ao tratamento de esgoto e de água. Nós estamos melhorando ainda mais a nossa água, que já era de boa qualidade", explicou.
QUALIDADE
Atualmente, as EPARs Capivari II e Boa Vista produzem, juntas, 540 l/s de água de reúso. Com a entrada da Anhumas em operação serão mais 1.115 l/s, totalizando então 1.655 l/s. Significa mais recurso para ser utilizado, por exemplo, pelo Corpo de Bombeiros no combate a incêndios e pela Prefeitura na limpeza de ruas, calçadas e rega de jardins de áreas públicas. Além disso, por se tratar de um produto com índice de 99% de pureza, ao ser devolvida aos rios, a água de reúso vai contribuir decisivamente para a vitalidade da bacia hidrográfica da região de Campinas.
O tratamento de esgoto em uma EPAR é feito por meio do uso de membranas ultrafiltrantes, o que representa um avanço em relação a outros métodos . Segundo a área técnica da Sanasa, com a entrada em operação da EPAR-Anhumas, o índice e a qualidade de tratamento de esgoto de Campinas tendem a aumentar consideravelmente nos próximos anos, elevando a posição da cidade no ranking do sistema e trazendo mais benefícios ao meio ambiente. A ETE Anhumas já é atualmente a maior estação de tratamento de esgoto de Campinas. A unidade trata o esgoto produzido por cerca de 450 mil pessoas.
IMPACTOS
A obra para implantação da EPAR-Anhumas também será relevante para as Bacias do PCJ, que engloba os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. "Hoje, a ETE faz lançamentos no Ribeirão Anhumas, que deságua no Rio Atibaia. Este, por sua vez, forma a represa Salto Grande, em Americana. Logo após a represa, o Atibaia encontra o Jaguari, e forma o rio Piracicaba, um dos principais corpos d'água das Bacias PCJ", explicou Adonai Pinto, gerente da Agência Ambiental de Campinas da Cetesb.
Ainda segundo o profissional, o empreendimento representa uma alteração na concepção de uma ETE. "Será feito um retrofit, um processo de restauração, e a maior parte das estruturas serão substituídas. A futura EPAR passará a contar com um processo de lodos ativados, seguido de filtração em membranas", complementou o gerente regional da Cetesb.
A implantação possibilitará a produção de água de reúso a partir da eficiência de remoção de nutrientes, propiciada pela filtragem em membranas. Em nota, a Cetesb informou que a reforma será feita em atendimento a uma demanda do Ministério Público, relacionada à despoluição da represa de Salto Grande, em Americana, que apresenta uma importância regional.
REGIONALIDADE
As Bacias PCJ correspondem à área territorial das bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que englobam os estados de São Paulo e Minas Gerais, A Bacia do Piracicaba é subdivida ainda em outras quatro sub-bacias, sendo Corumbataí, Jaguari, Atibaia e Camanducaia. Já a área das Bacias PCJ engloba o território de 76 municípios, total ou parcialmente.
Para o Secretário Executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz, o progresso oriundo da ampliação da ETE Anhumas terá um impacto positivo em nível regional. "Parabenizamos a iniciativa, pois a contribuição para as Bacias PCJ é de alta relevância, como um grande exemplo. Isso porque o maior município da bacia está tomando iniciativas ambientalmente indicadas. A remoção de nutrientes acima do reservatório de Americana vai evitar a proliferação das macrófitas (plantas aquáticas) nesse local e propiciará que futuramente o reservatório possa também contribuir mais proximamente das Bacias PCJ para o abastecimento público", completou.
RESERVAÇÃO
Na semana passada, foi inaugurado o reservatório de água do Taquaral, a oitava das 20 estruturas do gênero em construção pela Sanasa. Segundo a presidência da empresa, em entrevista exclusiva para o Correio Popular, as 12 unidades restantes vão ser inauguradas até o próximo mês de setembro.
Considerando todas as estruturas, o valor do investimento é de R$ 117,4 milhões, com financiamento da Caixa Econômica Federal. A expectativa é que os 20 novos reservatórios beneficiem mais de 750 mil moradores de Campinas, de mais de 350 bairros, e ampliem em 54 milhões de litros de água a capacidade total de reservação.
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