CUSTO DE VIDA

Cesta básica fica 1,78% mais cara em um mês em Campinas

Segundo relatório da PUC, preço da batata e do tomate explodiram em 30 dias

Ronnie Romanini/ [email protected]
12/11/2022 às 10:12.
Atualizado em 12/11/2022 às 10:12
O aposentado Benedito Eugênio se assusta com o preço do tomate e desiste de levar o produto para casa (Gustavo Tilio)

O aposentado Benedito Eugênio se assusta com o preço do tomate e desiste de levar o produto para casa (Gustavo Tilio)

O custo da cesta básica em Campinas aumentou 1,78% de setembro para outubro. Isso significa que para uma família composta por dois adultos e duas crianças, o valor mínimo necessário para adquirir a cesta com os 13 itens básicos de alimentação é R$ 2.136,37, já que a atualização do custo da cesta básica mostrou que em outubro eram necessários R$ 712,12 para comprar a quantidade necessária de itens para uma pessoa.

A variação e o salário apurados aparecem no novo informativo mensal do Observatório da PUC-Campinas, que pretende acompanhar e divulgar constantemente os preços dos produtos para que seja mais uma ferramenta que auxilie a formulação de políticas públicas. É utilizada a mesma metodologia do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para calcular a quantidade consumida por um adulto. O valor do custo por família considera que duas crianças consomem o equivalente a um adulto.

Itens com maior variação

Dos produtos analisados, o maior aumento foi na manteiga, 32%, mas houve um ajuste metodológico no levantamento de um mês para o outro. No realizado em setembro, e divulgado em outubro, o item manteiga incluiu outro produto, a margarina. No informativo referente ao mês de outubro, e divulgado em novembro, apenas a manteiga foi considerada. Como há uma discrepância considerável de preço entre os dois produtos, a comparação ficou prejudicada. A variação ajustada de 1,78% exclui a manteiga dos 13 itens da cesta básica.

Houve aumento considerável em mais dois itens: 18% na batata e 29% no tomate. Em setembro, considerando a quantidade mensal que uma pessoa consumiria, eram necessários R$ 31,54 para seis quilos de batata. Em outubro, R$ 37,24%. Já o preço do tomate, considerando nove quilos necessários para uma pessoa, saltou de R$ 47,43 para R$ 61,28. Se considerar os valores apurados, sem o ajuste metodológico e incluindo a manteiga, o crescimento absoluto de um mês para o outro foi de 3,41%, saltando de R$ 688,67 para R$ 712,12.

Ao todo, dos 13 itens, sete apresentaram alta (além dos três supracitados, o pão francês (6%), banana e arroz (2%) e café (1%). A queda no preço aconteceu em seis produtos: açúcar, feijão, leite e óleo (-5%), carne (-3%) e farinha (-2%).

Comparação com capitais

No comparativo com 17 capitais selecionadas pelo Dieese para cálculo do valor da cesta básica, Campinas fica atrás de cinco: Porto Alegre (R$ 768,82), São Paulo (R$ 762,20), Florianópolis (R$ 753,82), Rio de Janeiro (R$ 736,28) e Campo Grande (R$ 733,65). Nestas capitais houve uma variação mensal de 0,97%, caso de Florianópolis, até 3,34% (Rio de Janeiro).

"A variação de Campinas, de 1,78%, chama atenção. Eu assustei um pouco, mas vejo que está consistente com o que ocorreu nas demais capitais também. A posição de Campinas nesse ranking, em sexto, se manteve. Então é perceptível um movimento de alta", explicou o economista Pedro de Miranda Costa, responsável pelo levantamento feito pela PUC-Campinas.

Embora numericamente possa parecer um valor pequeno, se pensarmos em uma repetição mês a mês, a variação em um ano poderia atingir até 23%, mas isso apenas aconteceria se houvesse um aumento no custo dos produtos da cesta básica todo mês.

"O fato de termos alguns itens com alta e outros com baixa é até bom. Se todos apresentassem alta, mesmo que o resultado fosse o mesmo, indicaria um movimento mais constante. É necessário aguardar os números dos próximos meses", concluiu.

Reflexos na população

Acostumada a ajudar com doação de itens para a cesta básica, Rita de Cássia G. Pinheiro falou de imediato seis itens que sentiu o preço aumentar: todos da cesta básica. Ela disse que, atualmente, uma das soluções é fazer pesquisa em supermercados para conseguir ir a um mais barato. Ela disse perceber uma variação considerável de preço entre eles e não está otimista com uma redução em curto prazo.

"Deveriam pensar em quem compra a cesta básica, que precisa, que tem mesmo necessidade. Eu venho fazer compra e procuro sempre levar uma coisa a mais para contribuir com a cesta básica em um lugar que colaboro todo mês. Acho que seria ideal rever os preços pensando nessas pessoas de baixa renda."

O pintor de carro Walter Gonçalves também mostrou preocupação com a população mais carente. "Quem paga aluguel, mais cesta básica, não consegue sobreviver. Está difícil para todo mundo, mas ainda mais para quem tem salário menor, ou uma aposentadoria pequena. Fica muito difícil".

Porém, diferente de Rita, Gonçalves nem sempre divide as compras entre mercados, uma vez que se o deslocamento pode fazer com que ele tenha outro gasto: o de combustível.

O aposentado Benedito Eugênio foi mais taxativo. A reportagem o encontrou com a cesta de compras vazia e olhando atentamente o preço do tomate para então desistir da compra. Para ele, não há nem motivo para pesquisar entre mercados, afinal, os produtos estão caros em todo lugar. "Não adianta escolher. Eu prefiro guardar a cestinha e ir embora, é o que dá vontade. O tomate tá caro demais, a banana também. O que é isso?!", lamentou.

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