VISÃO DE FUTURO

Centro empresarial associa negócio à sustentatibilidade

Condomínio produz energia, trata esgoto, reusa água, tem coleta seletiva e até horta

Thiago Rovêdo / [email protected]
22/07/2022 às 22:14.
Atualizado em 23/07/2022 às 09:22
Todo esgoto gerado passa pelo processo de tratamento que resulta em água potável e água de reuso (Gustavo Tilio)

Todo esgoto gerado passa pelo processo de tratamento que resulta em água potável e água de reuso (Gustavo Tilio)

Talvez seja desconhecido por boa parte da população, mas Campinas possui um centro empresarial com diversas empresas que produz a própria energia, possui estação de tratamento de esgoto e reuso de água, coleta seletiva de lixo e até mesmo serviços de jardinagem com uma horta para os próprios trabalhadores do local. Trata-se do Parque Corporativo Bresco Viracopos, localizado próximo ao Aeroporto Internacional de Viracopos, e que funciona de forma oficial na cidade desde 1° de dezembro de 2016.

O Parque Corporativo Bresco Viracopos é um empreendimento com aproximadamente 1 milhão de m² de terreno e 418 mil m² de área construída. Ao lado do Aeroporto de Viracopos, conta com prédios de escritórios, centros de treinamento, galpões para logística, indústria leve e de tecnologia e um hotel. A forma como trata a água é um dos grandes chamarizes do local. Todo esgoto gerado passa por um processo de tratamento que resulta em parte de água potável e outra parte de água de reuso. 

Após passar por esse processo, a água é armazenada em dois reservatórios diferentes. Um deles volta a abastecer as torneiras, já que se trata de água potável, e o outro tem água de reuso, que é utilizada na irrigação das áreas verdes e também nos sanitários das empresas.

"A questão de sustentabilidade está no DNA da empresa desde a fundação. Quando a gente fez a aquisição dessa área, houve a necessidade de implantar um parque linear, o que acabou virando uma área de preservação muito maior do que a legislação manda. Depois disso, tudo no parque foi pensado no sentido de sustentabilidade. Por isso, a primeira coisa que pensamos foi na questão da água e como utilizar esse recurso da melhor forma possível", disse Carlos Sisti, diretor de operações do empreendimento. 

Outra questão de reaproveitamento dos recursos naturais, a energia solar também faz parte do Parque Corporativo Bresco Viracopos. Foi construída uma usina de energia solar com painéis fotovoltaicos que abastecem as áreas comuns de todo o empreendimento. A captação da energia solar funciona por meio do uso de painéis formados pela associação de um grande número de células fotovoltaicas, também conhecidas como células solares, que são feitas de materiais semicondutores capazes de absorver grandes faixas da energia gerada pela nossa estrela. Atualmente, já existem células fotovoltaicas com 26% de eficiência, ou seja, essas células são capazes de transformar 26% da energia luminosa que é irradiada sobre elas em energia elétrica.

"Desenvolvemos usinas fotovoltaicas para que possamos ter uma autonomia na questão de energia e também para podermos estar um passo adiante no sentido de economia de energia e sistemas sustentáveis. Além da própria usina de energia, é preciso ter um consumo consciente e essa política também é incentivada aqui. E os colaboradores realmente entendem isso", contou o diretor. Ainda sobre o sistema de energia, a estrutura conta com vias internas pavimentadas e com iluminação LED, além da rede elétrica e de dados ter sido construída de forma subterrânea.

O próximo passo da empresa foi desenvolver a reciclagem dos resíduo gerados no local. Juntamente com esse projeto, foi criada uma horta, cujos produtos são distribuídos para os trabalhadores e prestadores de serviço. Na plantação, há todo tipo de hortaliças, como alface, tomate, cebolinha, rúcula, entre outros, e até mesmo alguns chás estão disponíveis para serem colhidos.

"Depois, como consequência, tivemos a preocupação com a questão de resíduos e a destinação correta do lixo. Também pensamos na destinação correta dos entulhos e exigimos isso quando há qualquer tipo de obra em um dos imóveis. Estamos com um processo novo, que é a horta, que é adubada com parte do que é reciclado dos resíduos sólidos", contou.

Dentro do terreno do Parque Corporativo Bresco Viracopos, há uma Área de Proteção Ambiental (APA) que conta com pista de caminhada, equipamentos de exercícios, além de árvores e animais. 

Quando chegou ao local, o estabelecimento plantou 26 mil mudas, identificou-as com placas com o nome da planta, além de trazerem o nome da pessoa que realizou o plantio. "Dentro da área de meio ambiente, houve um incremento de 26 mil mudas de Mata Atlântica na APA que fica dentro do empreendimento. Também há um monitoramento constante da fauna, porque existe uma passagem de animais entre os terrenos vizinhos e o parque. As cercas foram feitas de uma forma que permite aos animais se locomoverem", explicou Sisti.

Crédito de Carbono

Um dos orgulhos do Parque Corporativo Bresco Viracopos é que eles conseguem cumprir o chamado crédito de carbono. A ação surgiu dentro do Protocolo de Kyoto, que desenvolveu uma metodologia que aponta que quanto mais um país se empenha para reduzir a emissão de poluentes, mais crédito consegue gerar. Em resumo, um crédito de carbono é gerado a cada tonelada de carbono que deixa de ser emitida.

O dióxido de carbono, também conhecido como gás carbônico, é um composto químico gasoso que, dependendo da quantidade lançada na atmosfera, provoca desequilíbrios no efeito estufa do planeta. Isso acontece porque, de acordo com diversos estudos científicos, ele é o gás do efeito estufa que mais contribui para o aquecimento global.

"Nosso inventário está em processo de finalização. Em princípio, já somos credores de CO2. Isso significa que emitimos menos gás do que poderia ser emitido pelo empreendimento. Assim que tivermos os números consolidados da unidade de Viracopos, vamos divulgar, mas digo que pelos números iniciais, estou bastante satisfeito com os resultados", analisou Sisti. 

Para o diretor, desenvolver esse conceito sustentável é uma aposta para o futuro e também um ponto positivo que as próprias cidades vão ter depois. Sisti aponta que, mesmo que um dia resolva deixar Campinas, o parque vai continuar existindo no mesmo lugar. Além disso, ele também pontuou que trabalhar dessa forma atrai e fideliza bons profissionais.

"O nosso conceito não era só ser uma empresa, um local de trabalho, mas sim um espaço de convivência onde as pessoas podem caminhar, conversar e descansar, além do próprio trabalho. Temos a pista de caminhada, equipamento de ginástica, disponibilizamos bicicletas para a pessoa fazer uma trilha. As empresas enxergam isso como bastante positivo e acredito que todas que estão aqui se preocupam com esse tema", finalizou.

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