Causa mais provável é a elevada concentração de idosos na região
Centro de Saúde do Centro, na Rua Padre Vieira em Campinas: 12.714 casos de covid e 363 mortes (Diogo Zacarias)
Com 186.841 casos de covid-19 desde o início da pandemia, Campinas superou oficialmente na segunda-feira o número de cinco mil pessoas mortas em decorrência de complicações da doença. A taxa de letalidade (quantas mortes ocorrem dentre os casos registrados) está em 2,7% no município. Em números absolutos, o Centro de Saúde do Centro foi o que acumulou mais casos e óbitos. Com 12.714 contaminações confirmadas, o CS Centro concentrou 6,8% de todas as ocorrências na cidade. As mortes, 363 até o momento, equivalem a 7,26% das 5.002 vítimas da covid-19. Os números foram coletados no Painel Covid-19 disponibilizado pela prefeitura de Campinas a partir da última atualização - que havia sido feita na tarde de segunda-feira.
A médica infectologista e coordenadora da Vigilância Epidemiológica do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Valéria Almeida, apontou as possíveis causas da elevada concentração de casos e óbitos na região central da cidade. "O CS Centro tem uma característica de atender a uma população com bastante idosos. Quando há muito mais idosos do que crianças, a gente consegue imaginar que vai haver uma letalidade maior por causa disso", esclareceu a especialista.
A letalidade entre as pessoas contaminadas - que têm o CS Centro como referência - realmente está acima da média de Campinas, porém não muito distante: 2,9%. Em relação a esse índice, o CS Integração, no bairro Vila Castelo Branco, é a unidade de atendimento com a maior taxa de letalidade (3,9%), com 3.237 casos acumulados e 127 óbitos. Na outra ponta, o CS com menos letalidade é o Village, com 1,3%. O CS Joaquim Egídio é o que tem menos casos registrados, 344. Foram apenas 9 óbitos contabilizados e 2,6% de letalidade. E, com menos óbitos, destaque também para o CS Campina Grande, com apenas 8 em 448 casos, uma letalidade também abaixo da média campineira, de 1,8%.
Para a infectologista e coordenadora do Devisa, as variações ocorrem pelo perfil da população. Além da faixa etária, a condição financeira faz diferença, uma vez que em alguns lugares a população tem mais facilidade para realizar testes de covid-19 do que em outros. Um local com bastante letalidade pode tanto ter uma população grande de idosos quanto dificuldade para realizar testagem em laboratórios particulares e farmácias, tendendo a uma subnotificação de casos maior do que em outras localidades.
A médica acrescentou que em alguns CSs, como o do Village, Joaquim Egídio e Carlos Gomes, que ficam em áreas predominantemente rurais, a concentração de pessoas nessas áreas é baixa. "Como temos poucos casos, a amostra pode ficar enviesada, ainda mais se tratando de uma doença que tem muitas pessoas com poucos sintomas ou mesmo assintomáticas, que acabam nem procurando atendimento ou sendo diagnosticadas", concluiu.