quarentena

Centro de Queimados apresenta 100% de ocupação

Até o começo da segunda semana de março, a taxa de ocupação dos leitos do Centro de Tratamento de Queimaduras de Campinas dificilmente passava dos 70%

Da Agência Anhanguera
06/05/2020 às 11:27.
Atualizado em 29/03/2022 às 12:13

O Centro de Tratamento de Queimaduras (CTQ) de Campinas está lotado há dez dias e, segundo especialistas, a maioria dos casos está relacionada a acidentes domésticos provocados pelo uso de álcool líquido e em gel — produtos que registram alta procura desde o começo da pandemia de Covid-19. “O que nós temos percebido é que a permanência em casa tem aumentando os acidentes domésticos. A utilização do álcool como ação desinfetante é extremamente eficiente, mas é preciso ter um cuidado extremo na hora de manusear o produto, principalmente o líquido, que é muito inflamável”, explica o secretario de Saúde, Carmino Antonio de Souza. Até o começo da segunda semana de março, a taxa de ocupação dos leitos do Centro de Tratamento de Queimaduras de Campinas dificilmente passava dos 70%. Atualmente, o índice atinge 100% com frequência. Ao todo, o espaço possui 12 leitos em operação. “Em um mês e meio houve um grande aumento no número de queimados. Nunca tivemos uma ocupação tão alta por tanto tempo como agora. Não estamos conseguindo ficar mais do que 6h com um leito livre”, destaca o coordenador da unidade, Flávio Nadruz. Segundo ele, mais de 90% dos casos atendidos na unidade neste período de quarentena são de pessoas que se queimaram em acidentes ocorridos dentro de suas próprias casas. “Se você entrar agora no Centro de Queimados e perguntar para dez pacientes qual foi o agente responsável por causar as queimaduras, pelo menos nove vão dizer que foi o álcool”, afirma ele. Ainda de acordo com o coordenador, entre os motivos que mais causaram acidentes por uso equivocado do produto, estão limpar o fogão com álcool, ascender churrasqueira sem os devidos cuidados, e deixar crianças obterem fácil acesso ao produto. “Ninguém discute a necessidade e a eficácia do uso do álcool para fins de limpeza e combate ao coronavírus. O problema é que ele traz riscos e as pessoas precisam saber usá-lo da maneira adequada para evitar acidentes”, destaca o especialista. Em 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização de álcool líquido 70% à população em geral devido ao alto índice de acidentes domésticos. Dezoito anos depois, a decisão foi revogada em março deste ano decido à pandemia da Covid-19. “Um erro muito comum das pessoas é acreditar que usar álcool em gel elimina o risco de acidentes. Isso não é verdade. O álcool líquido tem mais risco, porque a expansão dele é maior, mas o álcool em gel também tem seus riscos. Não é preciso uma grande quantidade para causar um acidente grave”, explica o Nadruz.

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