HEMOCENTRO DA UNICAMP

Centro de Pesquisa utilizará inovação para tratar câncer

Nanotecnologia será empregada em diagnóstico e recurso terapêutico para a doença

Israel Moreira/ [email protected]
05/04/2023 às 09:12.
Atualizado em 05/04/2023 às 09:12
Projeto do CEPID será coordenado pelo professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e presidente do Conselho de Curadores do Instituto Butantã, Carmino Antônio de Souza (Alessandro Torres)

Projeto do CEPID será coordenado pelo professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e presidente do Conselho de Curadores do Instituto Butantã, Carmino Antônio de Souza (Alessandro Torres)

O Centro de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Estadual de Campinas (Hemocentro-Unicamp) sediará um dos cinco Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) dedicados a inovação em uma área da medicina conhecida como teranóstica – que envolve o uso de nanotecnologia para diagnóstico e tratamento do câncer. O projeto será coordenado pelo professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-Unicamp), ex-secretário de Saúde de Campinas e atual presidente do Conselho de Curadores do Instituto Butantã, Carmino Antônio de Souza.

Com investimento previsto de R$ 40 milhões e com apoio do Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto do CEPID está previsto para começar em maio, com prazo de execução de cinco anos, que poderá ser estendido, no máximo, por mais dois períodos de três anos.

Em entrevista exclusiva ao Correio Popular, Carmino de Souza destacou o ineditismo e originalidade do projeto com o uso de terapia e diagnóstico, chamado de teranóstica no tratamento de pacientes com câncer, e a sua importância para o Hemocentro da Unicamp e para Campinas. “A exemplo dos complexos de platinas, historicamente os metais são utilizados para tratamentos. A inovação tecnológica, como a nano, possui também elementos que podem chegar ao tecido radioativo e ser eficaz contra o câncer. Serão substâncias radioativas atacando diretamente no tumor.”

Um dos investimentos do CEPID anunciados pelo professor, será a compra de equipamentos como o SPECT-CT - considerado o mais moderno aparelho de Medicina Nuclear disponível no País, permitindo realizar exames em seus pacientes de forma mais rápida, com resultados mais precisos e com menos exposição à radiação. E o PET-TC que são aparelhos sincronizados com tomógrafos computadorizados que permitem combinar as imagens metabólicas com as anatômicas, obtidas respectivamente pelas duas técnicas. Um exame de imagem que avalia o metabolismo das estruturas analisadas, mais especialmente osso, músculo, cérebro, pulmão e fígado, entre outros órgãos. “Em Oncologia, a grande indicação do PET-TC é para a detecção de tumores e suas metástases, que significa evolução do câncer no organismo”, reforçou Carmino.

A ideia do projeto terá como objetivo, além da Faculdade de Ciências Médicas, encaminhar os recursos, utilizar as estruturas e os profissionais de outros departamentos da Unicamp como de Física, Biologia, Química e Farmácia, que auxiliarão no desenvolvimento de novos alvos e produtos característicos da teranóstica. Todos os investimentos financeiros serão geridos pela Fapesp. A gestão de pesquisa será de responsabilidade do Hemocentro-Unicamp. 

A expectativa com os resultados obtidos durante o período do programa é ter um diagnóstico com rapidez, com novos parâmetros e possibilidades terapêuticas futuras que tornem o tratamento do paciente com câncer mais eficaz e menos efeitos colaterais.

Outros quatro novos Centros de Inovação e Pesquisa, aprovados pela FAPESP serão criados em São Paulo. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) vai abrigar um CEPID dedicado a estudar a questão da resistência antimicrobiana, que compromete a eficácia da prevenção e do tratamento de um número crescente de infecções por vírus, bactérias, fungos e parasitas. Já a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) terá um centro voltado a pesquisas sobre carbono na agricultura tropical.

A dinâmica da biodiversidade no contexto das mudanças climáticas será o tema do CEPID no Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (IB-Unesp) em Rio Claro. O Instituto de Química da USP, terá pesquisas relacionadas à biologia de bactérias e bacteriófagos (vírus que infectam bactérias).

Os projetos foram selecionados entre as 38 propostas submetidas ao edital lançado em 2021, abrangendo as ciências de saúde, biológicas, agronomia e veterinária.

Bolsas

O Projeto contemplará 31 bolsas de vários níveis de ensino dentro da comunidade acadêmica. “Serão bolsas para estudantes com formação técnica em radiofarmácia, iniciação científica, doutorado e pósdoutorado. Estudantes e profissionais que nos ajudarão nesse desafio ímpar para a história da Universidade e de Campinas. As contratações são todas de responsabilidades da Fapesp, bem como os editais. O início do projeto no Hemocentro ocorrerá no início de maio e acreditamos que os processos seletivos ocorram o mais breve possível”, completou o ex-secretário de saúde.

CEPIDs

O Programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da FAPESP, estabelecido em 1998, financia projetos de pesquisa que abordam perguntas transformativas do conhecimento atual e cujos resultados possam ter impactos positivos para a sociedade. Os CEPIDs devem realizar pesquisas ousadas de excelência internacional em temas relevantes em sua área do conhecimento. O CEPID procura agregar pesquisadores em torno de questões de pesquisa fundamentais ou orientadas para aplicações para se transformar em um Centro de Classe Mundial em Pesquisa. A primeira chamada de propostas para os CEPIDs, em 2021, recebeu inicialmente 38 propostas. A avaliação das propostas envolveu mais de 140 especialistas internacionais e nacionais seguindo o procedimento definido no edital. Esse processo de avaliação levou à aprovação de 5 propostas, o que constitui o processo mais competitivo do programa desde seu lançamento (taxa de sucesso de 13%). Os novos CEPIDs aprovados representam um aumento na diversidade para o programa tanto em termos de áreas de pesquisa como instituições sedes, o que representa uma evolução positiva do programa.

Centro de coleta

Ex-secretário de saúde de Campinas por dois mandatos, Carmino de Souza, revelou que as obras de construção do novo Centro de Coleta de Sangue começarão nesse ano com entrega prevista até o início do segundo semestre de 2024.

O investimento previsto será de R$ 3 milhões em uma área de 600 metros quadrados. A obra é uma parceria entre a Prefeitura e o Hemocentro da Unicamp. O novo centro será na Rua Francisco de Assis Iglesias, sem número, atrás do Hospital da Mulher e ao lado do Sesi Amoreiras.

O nome do centro será “Lázaro de Souza” uma homenagem ao pai de Carmino Antônio de Souza, que é uma das maiores autoridades em Hematologia no Brasil e no mundo.

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