CÂNCER INFANTIL

Centro Boldrini faz estudo inédito e inovador

Hospital usa tecnologia de ponta para delimitar tumores malignos cerebrais a nível molecular

Agência Anhanguera de Notícias
15/06/2019 às 20:01.
Atualizado em 31/03/2022 às 00:22

O Centro Infantil Boldrini de Campinas inicia ainda neste mês estudo inédito no mundo com tecnologia inovadora para delimitar tumores cerebrais malignos a nível molecular em crianças durante a realização de cirurgias. Toda a pesquisa, entre equipamento e reagentes, é subsidiada com verba do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon), vinculado ao Ministério da Saúde, que disponibilizou cerca de R$ 1,5 milhão. Estudos estrangeiros em adultos demonstram que a tecnologia representa um grande avanço para o sucesso dos tratamentos, pois, na prática, tem como principal objetivo certificar, durante uma cirurgia oncológica, que todo o tecido tumoral foi removido do corpo do paciente. Izilda Cardinalli, médica patologista da entidade, destaca que a precisão da retirada do tumor é um dos fatores mais importantes quando se trata de cirurgias cerebrais. "As taxas de cura e sequelas estão relacionadas a isso, pois o objetivo é garantir que toda a circunferência do tecido tumoral seja retirada, sob os mínimos riscos possíveis aos pacientes", disse. Izilda afirma que, por isso, essa tecnologia agrega e revoluciona essa prática. "Com o uso do equipamento, o Boldrini terá, dentro de dois a três anos, seus próprios estudos de casos demonstrando a eficácia do método”, destaca. Com o aparelho, é possível identificar, classificar e mapear tumores cerebrais em crianças a partir da própria lâmina com o tecido. Izilda detalha que desta forma "é feito um mapeamento químico, sem nenhum preparo na amostra. Este escaneamento detecta os componentes que estão presentes ali: lipídios, proteínas e peptídeos.Esse perfil muda drasticamente no caso de tecido sadio ou tumor". A médica, que possui doutorado pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), completa que esta diferença entre tumores e células sadias ou tumores malignos e benignos nem sempre é perceptível pelas análises morfológicas, uma vez que muitas neoplasias têm a morfologia muito similar. A médica patologista do Boldrini cita referências de 2007 da Organização Mundial de Saúde (OMS), apontando que os tumores primários de Sistema Nervoso Central (SNC) exibem um amplo espectro de subtipos histológicos. De acordo com as informações da OMS, estes tipos de tumores representam um verdadeiro desafio na reprodutibilidade do diagnóstico, sendo capazes de gerar discordâncias em até 30% dos casos, mesmo entre os mais experientes neuropatologistas. Técnica A técnica inédita utilizada no espectrômetro de massa adquirido pelo Boldrini foi desenvolvida pelo professor Marcos Nogueira Eberlin, do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, a partir de parceria com o Laboratório ThoMson, fundado e comandado por ele. “Esta técnica é hoje, talvez, a mais eficiente e utilizada na área. Mas, nunca ninguém tinha empregado estas técnicas para o diagnóstico de neoplasias. Foi Lívia Eberlin, minha filha graduada pela Unicamp, a primeira pesquisadora no mundo a colocar um espectrômetro de massas numa sala cirúrgica e usar estas técnicas para o diagnóstico de tumores. Ela fez isso no hospital da escola de medicina de Harvard e Stanford, recebendo diversos prêmios. Agora, além dessas universidades americanas, o Boldrini vai contar com um espectrômetro de massas na sua sala cirúrgica. O primeiro a ser dedicado aos tumores infantis. Isso será certamente pioneiro e um grande feito para o Brasil”, afirma Ebelin.

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