RETRATO POPULACIONAL

Censo indica que Campinas tem 1.138.309 habitantes

Número foi divulgado ontem pelo IBGE; cidade é a 14ª mais populosa do Brasil

Luis Eduardo de Sousa/ luis.reis@rac.com.br
29/06/2023 às 09:03.
Atualizado em 29/06/2023 às 10:15

Desde o último Censo, realizado em 2010, a população de Campinas cresceu 5,4%, percentual abaixo do índice nacional, que ficou em 6,5%; cidade tem atualmente 501.952 domicílios (Rodrigo Zanotto)

Os primeiros resultados do Censo Demográfico 2022, divulgados na quarta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que Campinas tem uma população de 1.138.309 de habitantes. A metrópole registrou um aumento populacional de 5,4% no intervalo de 12 anos, o que faz dela a 14ª cidade mais populosa do Brasil, superando 15 capitais. Entre os municípios que compõem a Região Metropolitana, foi a que mais registrou crescimento da população, passando de 82.146 para 110.537 habitantes (34,56%). A cidade que menos avançou em termos demográficos foi Cosmópolis - 1,61% (veja quadro).

A população de Campinas divulgada na quarta-feira é menor que a estimada pelo próprio IBGE, na prévia apresentada em dezembro último, que foi de 1.170.247 pessoas. Na avaliação do Núcleo de Estudos Populacionais Elza Berquó (Nepo), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a dinâmica aponta para uma tendência de fuga das pessoas das grandes cidades, motivada pela busca de propriedades com menores valores e serviços públicos melhores. O Nepo prevê que o crescimento populacional na próxima década deverá ser ainda menor em relação à Campinas.

Ainda de acordo com os dados do IBGE, a Campinas tem atualmente 501.952 domicílios, contra 388.263 contabilizados no Censo de 2010. Isso significa que a média de residentes por domicílio é de 2,2, abaixo do registrado no Estado de São Paulo, que é de 2,72. Campinas também figura na lista das cidades do país que mais tiveram "não respondentes" - em torno de 111 mil, número que corresponde a 9,8% da população. É a vigésima maior taxa de não resposta.

DINÂMICA

De acordo com o Nepo da Unicamp, são três os fatores determinantes para o crescimento populacional: natalidade, mortalidade e migração. O núcleo avalia que Campinas não tem obtido "êxito" nos três fatores, o que explica a desaceleração demográfica. Entre o Censo de 2000 e 2010, por exemplo, o crescimento foi de cerca de 11% e a cidade saltou de 969.386 habitantes para os 1.080.113. Para Roberto Luiz do Carmo, professor e pesquisador do Nepo, a estimativa é de que o percentual de aumento seja ainda menor que o atual no próximo Censo, que deve ser realizado em até dez anos.

"Considerando os três fatores, a tendência para Campinas é de queda. A natalidade tem caído nos últimos anos, ou seja, as pessoas estão tendo menos filhos. Por outro lado, a cidade vive um processo de envelhecimento de sua população, o que deve afetar diretamente no índice de mortalidade para os próximos anos, que deve aumentar. Por fim, não há grandes atrativos migratórios, ao menos por enquanto, no município ou região. Geralmente, grandes movimentos acontecem por fatores de empregabilidade, alinhados ao surgimento de novas indústrias. No entanto, a própria indústria já tem operado com cada vez menos operários", explica Carmo.

O pesquisador aponta ainda que há uma tendência de fuga das grandes cidades, influenciada pelo aumento do custo de vida. Há exemplos de metrópoles como Salvador (BA) e Belém (PA) que registraram notável redução em suas populações. Enquanto a capital baiana reduziu em 9,6% o seu número de moradores, caindo de 2.675.656 para 2.418.005, a capital paraense diminuiu de 1.393.399 para 1.303.389, queda de 6,5%.

"As pessoas estão optando por morar em cidades no entorno das metrópoles, onde conseguem pagar aluguel ou comprar casas com preços muito mais acessíveis. Além disso, geralmente conseguem ter acesso a serviços públicos como transporte, segurança, saúde e educação com melhor qualidade. A título de exemplo, temos Paulínia, que teve o maior crescimento regional", argumenta Carmo.

A jovem Brenda Pozzebom, de 29 anos, se mudou de Lagoa Bonita (RS) para Campinas em 2013 em busca de emprego. Ela e o marido se estabeleceram no distrito do Campo Grande, onde conseguiram comprar uma casa e tiveram dois filhos. Nos dez anos em que está em solo campineiro, ela interpreta que sentiu um pouco do adensamento registrado pela cidade.

"Quando cheguei ao meu bairro, não havia tantas casas como tem agora. Inclusive, tem surgido até prédios. Minha cidade tinha cerca de 3 mil habitantes, as coisas eram muito difíceis. Pretendo permanecer aqui e criar os filhos. Se a cidade vir a crescer desordenadamente, aí sim posso pensar em me mudar", cogita Brenda. A filha dela, a pequena Manuela Pozzebom, de 7 anos, espera que a cidade "seja menos alta, para poder brincar com as crianças na rua", em alusão a verticalização.

A servidora pública Luciana Porfírio, de 50 anos, e o filho Mateus, de 18 anos, são naturais de Campinas, mas viram a família aumentar na última década com a chegada de um neto, para ela, e um primo, para ele. A dupla também sentiu o aumento populacional na pele, visto que mora no distrito do Ouro Verde, uma das regiões mais habitadas da cidade.

"Nos últimos anos, sentimos que tudo ficou mais concorrido: o trânsito, os hospitais, as escolas. Espero que os serviços públicos acompanhem esse crescimento, porque na prática não nos parece que isso tem acontecido", considera a servidora. Já Mateus, que é estudante de engenharia na Unicamp, anseia por um transporte mais eficiente, já que vai diariamente de um extremo ao outro da cidade para estudar.

DESAFIOS

A secretária municipal de Planejamento e Urbanismo, Carolina Baracat Lazinho, diz acreditar no oposto do que indica o Nepo. Ela aposta no aumento da população nos próximos anos. "Nós estamos desenvolvendo ações para aumentar o número de residências na cidade e, consequentemente, a população deve aumentar. Para suportar o adensamento, estamos planejando a cidade de maneira a crescer próxima às vias de transporte. Por isso, o Censo é muito importante, para termos dimensão das regiões que estagnaram, cresceram ou retraíram e, assim, dar incentivos para mudar as situações adversas", explica.

Ao Correio Popular, a assessoria técnica do IBGE informou que os próximos recortes do Censo, com dados sobre idade média da população, cor e religião, entre outros, devem ser divulgados nas próximas semanas, mas ainda não há uma data definida para que isso ocorra, de acordo com o Instituto.

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