CONSERVAÇÃO

Cemitério da Saudade expõe cenas de descuido

Falta de manutenção fica evidente com alamedas rachadas, lixo perto dos jazigos e vegetação sem poda

Henrique Hein
21/08/2018 às 08:55.
Atualizado em 22/04/2022 às 15:33
Coroas de flores apodrecem nas alamedas do cemitério, sem remoção das equipes de limpeza, denotando desleixo na varrição: manutenção deficiente é problema recorrente do espaço (Matheus Pereira/Especial para AAN)

Coroas de flores apodrecem nas alamedas do cemitério, sem remoção das equipes de limpeza, denotando desleixo na varrição: manutenção deficiente é problema recorrente do espaço (Matheus Pereira/Especial para AAN)

A sensação de quem visita regularmente o Cemitério da Saudade, em Campinas, é que o espaço está descuidado, com um cenário de abandono. Falta manutenção nos corredores e, sobretudo, nos vãos entre os túmulos. Considerado um museu a ceú aberto, o cemitério é tombado pelo patrimônio cultural da cidade desde 2003. Segundo relato dos frequentadores, a conservação do cemitério passa, na verdade, por uma espécie de “maquiagem” realizada pela Serviços Técnicos Gerais (Setec). De acordo com eles, a autarquia estaria limpando a fachada principal e as alamedas mais próximas da entrada, deixando o interior sem manutenção. A reportagem do Correio percorreu ontem a maior parte do complexo e constatou várias cenas de descaso da conservação pelo poder público e também pelos próprios donos dos jazigos. Além do mato alto com carrapicho, havia lixo espalhado entre os túmulos e centenas de rachaduras nas calçadas e pisos – em um dos casos, no buraco aberto dava para ver todo o interior da cova em que um dos corpos estava enterrado. Histórico Esta não é a primeira vez que o jornal denuncia o problema. Em abril do ano passado e janeiro deste ano, por exemplo, muitos visitantes reclamaram da manutenção do espaço. Em 2017, o professor de Educação Física, Antônio Miranda Gonçalves Júnior, 54 anos, disse que a atual aparência do cemitério era uma falta de respeito com quem ia até o local prestar uma homenagem para um ente querido. “A situação é a pior possível, um abandono total. Entre os caminhos dos túmulos tem muito mato, é uma falta de educação com as famílias”, desabafou. Ontem, um ano e meio depois, o aposentado Wilson Montagner, de 64 anos, praticamente repetiu o discurso do professor. Ele comentou que visita com frequência o Cemitério da Saudade, sobretudo, depois que perdeu o pai há 13 meses. Segundo o aposentado, o descaso público no local é nítido. “É uma vergonha. Tem mato alto e carrapicho para tudo que é lado. Espero que as autoridades tomem alguma providência com relação isso, porque está difícil”, desabafou. Rituais Além dos problemas de manutenção, diversos indícios de rituais de macumba e de vilipêndio a símbolos religiosos também foram encontrados ontem pela reportagem, como por exemplo, uma bíblia queimada no chão. Escorpiões Em 24 de janeiro de 2014, a reportagem do Correio também trouxe à tona uma grande proliferação de escorpiões no cemitério. Na ocasião, a Setec havia informado que enviou um ofício para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) solicitando uma vistoria e uma ação no combate aos escorpiões. Já em agosto do ano passado, diversas estátuas de santos foram furtadas no local. Uma das imagens era a de Nossa Senhora de Lourdes, feita em bronze, com cerca de um metro meio de altura e que ornamentava o túmulo da família do Monsenhor Geraldo Azevedo. Taxa No mesmo ano, apesar detantos problemas, a Setec estudou a cobrança de uma taxa administrativa anual de cerca de R$ 150 aos donos de túmulos do Cemitério da Saudade, notadamente, para realizar a manutenção do local. A questão não evoluiu.

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