Alagamentos e enchentes deixam a população exposta a este tipo de contaminação
Contato direto das pessoas com água de enchente, alagamento ou inundação pode ocasionar contaminação por leptospirose, doença transmitida através da exposição à urina de animais, principalmente ratos (Kamá Ribeiro)
As constantes chuvas em Campinas, além dos estragos causados por alagamentos e quedas de árvores, também motivou o aumento de casos suspeitos de leptospirose neste ano em 332% em relação a 2022. A doença, que é transmitida através da exposição à urina de animais, especialmente ratos, infectados pela bactéria Leptospira, a penetração desse ser vivo ocorre após contato com água contaminada. Como Campinas vem batendo recordes de chuvas nos últimos dois meses, em janeiro foram 360 mm de chuva registrados na metrópole e, constantemente, vem ocorrendo alagamentos e enchentes, a população fica mais exposta a esse tipo de contaminação, o que acende um alerta nos órgãos de saúde, principalmente, em períodos chuvosos. Por isso, a população precisa tomar medidas preventivas, como a desinfecção de superfícies após enchentes para evitar a contaminação.
Dados da Secretaria de Saúde de Campinas aponta que foram registrados 22 casos suspeitos de leptospirose, no período entre primeiro de janeiro e 23 de fevereiro do ano passado, dos quais nove pacientes relataram que tiveram contato com água ou lama de enchentes. Dentre os casos suspeitos, cinco foram confirmados e os 17 restantes foram descartados. Já em 2023, no mesmo período, 95 campineiros estão com suspeita de leptospirose, um crescimento de 332% em relação a 2022. Setenta e uma pessoas relataram que tiveram contato com água ou lamas de enchentes. Dos 95 casos suspeitos, 22 já foram descartados e 73 seguem sendo investigados. A demora na detecção da doença ocorre pela logística dos exames.
O diagnóstico é realizado por meio de exames laboratoriais de sangue que detectam a presença de anticorpos contra a bactéria na corrente sanguínea. O articulador do Núcleo de Arboviroses, Zoonoses e Determinantes Ambientais, órgão vinculado ao Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Fausto de Almeida Marinho Neto, detalhou como são realizados os exames. “Esses exames têm momentos específicos para serem coletados no curso da suspeita, além de serem realizados em mais de uma etapa, o que leva a um período maior para liberação do resultado e conclusão do caso. O laboratório que realiza os exames na rede pública é o Instituto Adolfo Lutz (IAL), tendo unidades em diferentes cidades do estado que são responsáveis por análises específicas”, explicou. O IAL está presente nas cidades de Campinas, São Paulo, Araçatuba, Bauru, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santo André, Santos, São José do Rio Preto, Sorocaba e Taubaté.
Pessoas que apresentem sintomas como febre, dor de cabeça, dores musculares e que tiveram contato com água e lama em enchente, alagamento ou inundação nos últimos 30 dias devem procurar imediatamente atendimento nos serviços de saúde. De acordo com avaliação médica, o paciente pode iniciar um tratamento com uso de antibióticos, antes mesmo do resultado final do exame.“Os principais fatores de risco são: contato com água ou lama de enchente, alagamento ou inundação; contato com roedores ou locais com vestígios desses animais; contato com fossa, caixa de gordura ou esgoto”, disse Fausto Neto, articulador do Núcleo de Arboviroses, Zoonoses e Determinantes Ambientais, que tem formação em veterinária.
A Secretaria de Saúde de Campinas orienta sobre os cuidados para evitar a transmissão de doenças durante alagamentos, enchentes e inundações. Caso a pessoa esteja em um local inundado ou com lama, é indicado que use botas ou sapatos fechados, luvas e máscaras. Caso não tenha esses equipamentos de proteção podem ser utilizados sacos plásticos e panos ou lenços limpos cobrindo boca e nariz. Após a chuva é recomendada a limpeza do local com a remoção de lama e sujeira, lavando com água e sabão. Além do sabão, é recomendado o preparo de uma solução de desinfecção com água sanitária para molhar panos limpos e passar nas superfícies que tiveram contato com a água contaminada e secar naturalmente.
SOLUÇÃO DE DESINFECÇÃO:
✔ Com a água sanitária comprada nos mercados (hipoclorito de sódio a 2 - 2,5%): Misture 1 parte de água sanitária para cada 4 partes de água.
✔ Com água sanitária fornecida pela Prefeitura de Campinas (hipoclorito de sódio a 1%): Misture 1 parte de água sanitária para cada 1 parte de água.
✔ Com água sanitária fornecida pela Prefeitura de Campinas (hipoclorito de sódio a 2 - 2,5%): Misture 1 parte de água sanitária para cada 4 partes de água.
Em panfleto de alerta para a transmissão de doenças que têm maior incidência na época de chuvas, como a leptospirose, a Secretaria de Saúde de Campinas destaca pontos que as pessoas devem ficar atentas, veja no quadro.
PONTOS DE ATENÇÃO
✔ Durante a limpeza, caso aconteça algum ferimento com prego, pedaço de madeira, galho, arame e outros objetos, procure o Centro de Saúde, para avaliar a necessidade de vacinação contra tétano.
✔ Consuma apenas água tratada, fornecida pela rede pública. Caso observe alguma alteração na água, como cheiro ou, cor estranha, não consuma essa água.
✔ Não consuma medicamentos e alimentos que tiveram contato com água ou lama de enchentes.
✔ Evite o contato com água ou lama de enchentes, córregos e rios que transbordaram.
✔ Atenção à presença de serpentes, aranhas e escorpiões que possam ter entrado e se abrigado na casa. Verifique roupas, calçados e objetos de uso pessoal antes de usá-los e, em caso de picada, procure atendimento médico o mais rápido possível.
Fonte: Secretaria de Saúde de Campinas