Pulverização de residências foi medida adotada por vários municípios, em anos anteriores, para combater proliferação do mosquito Aedes aegypti (Ricardo Lima)
Tradicionalmente, os casos de dengue tendem a crescer por causa da sazonalidade nos meses de março, abril e maio, porém, as cidades da região de Campinas observam um aumento preocupante neste ano de 2022. Os municípios de Valinhos e Indaiatuba estão com uma incidência considerada moderada pelo Ministério da Saúde, mas aproximando-se da alta incidência, quando há mais de 300 casos a cada 100 mil habitantes. Em Valinhos, que tem 344 casos confirmados de dengue, a incidência está em 258,31 por 100 mil habitantes. Já em Indaiatuba, com 229 casos confirmados, o índice ultrapassou 220 por 100 mil habitantes.
Em Sumaré, os 107 casos no primeiro trimestre superaram 2021, quando foram 98 registros confirmados da doença. Embora a discrepância não tenha sido tão grande, em apenas um mês, em abril, o número de casos já subiu para 305 — 198 apenas no último mês. Com mais de 100 casos por 100 mil habitantes, Sumaré também está com incidência moderada.
Jaguariúna é mais uma cidade que superou os números de 2021 nos primeiros quatro meses deste ano, atingindo 33 casos contra oito no ano passado e 27 em 2020.
Os dados da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Hortolândia mostram que houve mais notificações do que confirmações. Ao todo, 892 casos foram investigados, com 193 diagnósticos positivos.
Campinas deve divulgar uma atualização nos próximos dias. No último boletim divulgado, com dados até o dia 4 de abril, eram 534 casos confirmados e uma incidência de 44 a cada 100 mil habitantes. Em meados de março, a incidência estava em 11 por 100 mil habitantes.
A tendência é que, no próximo boletim, a incidência esteja ainda maior. Dois laboratórios de Campinas que realizam exames particulares apresentaram uma positividade entre 35% e 40% durante o último mês. Em um deles, a média diária de exames estava 359% superior na comparação com abril de 2021.
Ainda não houve mortes confirmadas nessas cidades. Em Valinhos, um óbito ocorrido recentemente está sendo investigado. A Secretaria Municipal de Saúde disse que, no momento, qualquer análise feita sobre o motivo da morte é leviana. Isso porque a vítima estava com sintomas de dengue e positivou no exame de sorologia, mas ela também convivia com uma doença crônica e autoimune, o lúpus. A pasta informou que o caso está sob investigação no Grupo de Vigilância Epidemiológica do Governo do Estado para a adequada apuração.
Cuidados
A maioria dos criadouros do Aedes aegypti está dentro das residências. Para acabar com a proliferação do mosquito, é preciso evitar acúmulo de água, latas, pneus e outros objetos. Os vasos de plantas devem ter a água trocada a cada dois dias. É importante também vedar a caixa d'água. Os vasos sanitários que não estão sendo usados precisam ficar fechados.
Em caso de sintomas, a orientação é procurar os serviços de saúde. Os principais sinais de contaminação são dores no corpo, cabeça, olhos e articulações, além de febre, náusea ou vômitos.
Estratégias de comunicação
Ontem pela manhã, representantes do Comitê de Prevenção e Controle das Arboviroses da Prefeitura de Campinas participaram de uma oficina que debateu estratégias de comunicação de risco em saúde. O objetivo foi realizar uma reflexão sobre como ocorre a comunicação dos diversos riscos e também foi feita uma avaliação de quais estratégias e ferramentas podem ser empregadas para uma resposta mais efetiva no controle das arboviroses, como dengue, chikungunya e zika, e de outros agravos com determinantes ambientais, como a febre maculosa brasileira.
A coordenadora do Programa Municipal de Arboviroses, Heloisa Malavasi, relembrou as emergências de saúde pública que ocorreram nos últimos anos, como a epidemia de zika vírus em 2015 e 2016 e os surtos de febre amarela e sarampo, até chegar à pandemia de covid-19. Na avaliação dela, cada vez mais, as situações de emergência sanitária estarão presentes na nossa sociedade, o que justifica a necessidade de elaborar estratégias de comunicação em risco, considerando a transformação das tecnologias de comunicação.
"É importante repensar novas formas de comunicação para que a população possa fazer uso dessas informações. Precisamos alcançar os diferentes públicos e segmentos para que compreendam exatamente aquele risco que estamos comunicando."