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Casos de dengue derrubam projeções

O número de casos confirmados de dengue em Campinas até este mês já superou as projeções da Secretaria Municipal de Saúde para todo o ano de 2019

Renato Piovesan
23/04/2019 às 09:40.
Atualizado em 04/04/2022 às 08:45

O número de casos confirmados de dengue em Campinas até este mês já superou as projeções da Secretaria Municipal de Saúde para todo o ano de 2019. De acordo com boletim divulgado ontem pela pasta, foram contabilizadas 5.493 confirmações da doença entre moradores da cidade neste ano. No fim de março, em coletiva de imprensa, o secretário Carmino de Souza havia dito que a estimativa era de 3 a 5 mil pessoas infectadas pela dengue ao longo de 2019, mas desde então a epidemia da doença disparou no município. Só da última semana para cá, 1.915 novos registros foram confirmados. A área mais afetada da cidade é a região Noroeste, onde fica o distrito do Campo Grande, com 1.880 registros. Em seguida, aparecem as regiões Sul (1.383 casos), Sudoeste (1.048), Norte (717) e Leste (436). Outros 29 campineiros também foram infectados, mas possivelmente quando estavam fora da cidade. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea Von Zuben, admite que a força da transmissão do vírus foi maior que a projetada inicialmente e afirma que novas estimativas não serão divulgadas. "Houve uma primeira projeção, no começo da epidemia, mas logo vimos que a força da transmissão estava maior. Teve semana que até dobrou o número de casos. É difícil fazermos novas projeções neste cenário. Historicamente, abril costuma ser o mês com maior número de casos. Em maio começa a diminuir e nos meses seguintes se estabiliza", explica. A tendência é que o número de casos confirmados de dengue siga aumentando nas próximas semanas, já que outras 1.734 notificações suspeitas estão passando por investigação. Segundo Von Zuben, é essencial que a população tenha atenção redobrada com os criadouros da dengue. "A dengue é um problema urbano. É preciso um trabalho da Prefeitura em conjunto com os moradores. Diversos estudos mostram que 80% dos criadouros do mosquito estão dentro dos próprios domicílios, e se deixarmos o mosquito se proliferar, a doença inevitavelmente vai continuar elevando o número de casos", diz. Neste ano Campinas contabilizou uma morte por dengue, já divulgada na semana passada, de uma bebê de cinco meses, moradora da região Sul e que foi a óbito no dia 29 de março, em um hospital da rede privada. Uma segunda morte, a de uma estudante universitária de 19 anos, que faleceu há duas semanas, segue sob investigação. As estatísticas sobre a dengue em Campinas impressionam. Só neste século, mais de 145 mil campineiros contraíram a doença, dos quais 39 morreram. Neste ano, a cidade registra o maior número de notificações desde 2015. Esta é a quinta epidemia de dengue do século 21 em Campinas, segundo Andrea Von Zuben. De acordo com ela, a dengue é um vírus que se manifesta de forma cíclica, em períodos de três a cinco anos. Isso explica as oscilações no histórico de casos. Desde 2001, houve ano com apenas 30 casos (2004) e ano com mais de 65 mil (2015, ano de recorde histórico). A última grande epidemia de dengue registrada em Campinas foi entre 2013 e 2015. Atualmente, é o sorotipo 2 da dengue que tem circulado no Estado de São Paulo. A doença possui quatro variações: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Desde 2010, apenas o sorotipo 1 trafegava pelos municípios paulistas. Os principais sintomas da dengue são febre alta e repentina, dores no corpo, manchas avermelhadas pelo corpo e vômitos ou diarreias. Força-tarefa realiza ações de prevenção Visando controlar a epidemia de dengue na cidade, a Prefeitura de Campinas tem implantado uma força-tarefa com ações de prevenção em campo, como controle de criadouros, nebulização, bloqueio a cada ocorrência e atividades de mobilização social. Na semana passada, a Secretaria de Serviços Públicos fez um mutirão no Distrito do Campo Grande, com serviços de limpeza, roçagem, manutenção de vias, praças, parques e canteiros, cata-treco, entre outros. De entulhos, foram recolhidas 2,7 mil toneladas em quatro dias de trabalho. Também foram removidas 80 toneladas no cata-treco. Está previsto um novo mutirão de limpeza, a partir da próxima segunda-feira, dia 29 de abril, desta vez no Campo Belo, região Sul da cidade. Especialistas alertam que a única forma de prevenir a dengue é combater os focos que podem virar criadouros do mosquito Aedes aegypti. Algumas dicas são virar garrafas com a boca para baixo; colocar terra nos pratos das plantas; guardar pneus abrigados da chuva; cobrir a caixa d'água; manter o quintal sem poça de água parada e cobrir as piscinas. EM AMERICANA, MOSQUITO AEDES TAMBÉM CARREGA O RISCO DA FEBRE AMARELA Outra cidade da Região Metropolitana de Campinas (RMC) que enfrenta uma epidemia de dengue é Americana. Por lá, 850 pessoas foram infectadas pela doença em 2019. E a Secretaria de Saúde de Americana também tem outra preocupação a partir de agora. De acordo com o mais recente boletim de arbovirozes divulgado, já existem dois casos suspeitos de febre amarela na cidade, a primeira da RMC a ter notificações da doença este ano. Os casos investigados são de moradores de 43 e 69 anos, dos bairros Cariobinha e São Domingos, respectivamente. Assim como a dengue, a febre amarela é uma doença infecciosa causada por um vírus e transmitida por mosquitos. Os principais sintomas desta doença são febre, dor muscular, náuseas e vômitos, perda de apetite e fraqueza. No ciclo silvestre, em áreas florestais, o vetor da febre amarela é principalmente o mosquito Haemagogus e do gênero Sabethes. Já no meio urbano, a transmissão se dá por meio do mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue, podendo o Aedes albopictus também transmitir os vírus.

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