PANDEMIA

Casos de covid-19 fecham duas escolas em Campinas

O surto mais grave aconteceu no Instituto Educacional Jaime Kratz, onde 34 funcionarios testaram positivo e tiveram que ser afastados

Da Redação
02/02/2021 às 13:25.
Atualizado em 22/03/2022 às 08:42
Instituto Educacional Jaime Kratz com os port?es fechados e as aulas suspensas, ap?s a testagem positiva de 34 funcion?rios, entre eles professores, pela covid-19 (Importação)

Instituto Educacional Jaime Kratz com os port?es fechados e as aulas suspensas, ap?s a testagem positiva de 34 funcion?rios, entre eles professores, pela covid-19 (Importação)

Em meio às discussões jurídicas e políticas sobre o retorno das atividades presencias nas escolas em Campinas, duas instituições particulares da cidade já anunciaram a suspensão temporária das atividades após confirmarem a contaminação pelo coronavírus. Em um dos casos, 34 funcionários da mesma escola, entre eles professores, testaram positivo para a covid-19 e tiveram que ser afastados. As duas escolas informaram que prosseguirão com as aulas no formato remoto, e que seguiram todos os protocolos de segurança sanitários exigidos. O Sindicato dos Professores de Campinas e Região (Sinpro) disse que vai intensificar as fiscalizações na cidade.

Os casos aconteceram com pouco mais de uma semana após o retorno presencial das aulas. O mais grave ocorreu no Instituto Educacional Jaime Kratz, que comunicou a sua comunidade, primeiramente, sobre a contaminação de 20 pessoas até a última sexta-feira, e ontem atualizou a informação com a confirmação de mais 14 pessoas infectadas.

O Instituto Educacional Jaime Kratz informou que o surto na escola está sendo acompanhado pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde e pela Diretoria Regional de Ensino. O colégio abriu um canal de comunicação via e-mail e pede para os familiares dos alunos das classes dos professores contaminados entrarem em contato caso algum aluno ou membro da família apresente os sintomas da doença.

Farroupilha

Outra instituição que também vê a pandemia invadir os muros escolares é o Colégio Farroupilha. A escola comunicou à sua comunidade sobre a testagem positiva, após uma professora e um aluno que freqüenta a educação infantil em período integral, apresentarem sintomas da doença. Segundo informações da direção da escola, direcionada aos pais de alunos, a contaminação foi detectada no último sábado.

A escola informou que, para a segurança dos pais e demais funcionários, adotou a suspensão das atividades presenciais nas três unidades da instituição na cidade até o dia 9 de fevereiro. A interrupção geral ocorre, segundo o estabelecimento, por haver uma convivência entre professores, alunos e irmãos nas três unidades do colégio.

O Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde informou que vai apurar os casos na escola.

Discussão

O retorno ou não das atividades presenciais nas escolas do Estado tem movimentado as discussões políticas e jurídicas em torno da polêmica. O Sindicato dos Professores de Campinas e Região (Sinpro) vem fazendo um levantamento das escolas particulares que estariam descumprindo as medidas de higiene determinadas na liminar expedida pela 3ª Vara do Trabalho de Campinas que condicionou o retorno às atividades presenciais à previa testagem de toda a comunidade escolar para a identificação de eventuais casos de covid-19.

Na liminar, a 13ª Vara do Trabalho também determinou que as escolas fornecessem aos professores equipamentos de proteção individual, em condições mais rígidas que as constantes no protocolo do Plano São Paulo, formulado pelo governo do Estado e seguido pela Prefeitura de Campinas.

"Notificamos a necessidade de cumprimento da liminar. Insistimos no fato de que talvez não fosse o momento oportuno para o retorno, dada a dificuldade em manter as condições de segurança. E agora já começam a aparecer os primeiros casos. Vamos intensificar as fiscalizações", disse Carlos Virgílio Borges, vice-presidente do Sinpro.

A entidade representa aproximadamente 15 mil professores nas oito cidades que compõem a regional de Campinas.

Ação civil

Em outra ação civil pública movida pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da 3ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu liminar contra a retomada das aulas presenciais nas redes pública e privada nesse momento de agravamento da pandemia em que perduram as fases vermelha e laranja do plano São Paulo, que sinalizam fases mais graves de contágios, números de casos, mortes e saturação do sistema de saúde.

No entanto, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Geraldo Francisco Pinheiro Franco, suspendeu a liminar dias depois. A decisão foi dada em recurso impetrado pelo governo do Estado. A Apeoesp informou que vai recorrer.

Proteção

O Sinpro em nota oficial, informou não medir esforços para proteger a saúde dos professores. "Nossa luta é para que o assunto seja melhor discutido e que a volta às aulas presenciais leve, primeiramente, em conta a saúde dos profissionais, com todos os protocolos de segurança cumpridos e a categoria vacinada", reforça Borges.

Para a infectologista e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Raquel Stucchi, o momento é de intensificar as barreiras contra a covid-19. Ela explica que os riscos de infecção e surtos de covid na comunidade escolar acontecem pela quebra de protocolos. Segundo ela, o problema não está no retorno às atividades presenciais na escola, e sim no comportamento fora dos muros escolares.

"Falta protocolos de segurança. Apenas toda a sociedade seguindo os protocolos é que é possível criar barreiras efetivas para o contágio. E o que vemos é que isso não acontece. Em algum instante o comportamento social quebra os protocolos. Se as pessoas não colaborarem os surtos de covid ainda serão sentidos em vários setores. As crianças não são as principais transmissoras. O adulto e o jovem transmitem muito mais", explica.

De acordo com ela, a sociedade precisa entender que a vacinação ainda não trará a segurança efetiva. Apenas aliviará o sistema de saúde, diminuindo o número de internações e portanto, medidas como evitar aglomerações, uso de máscaras e higiene sanitária são muito necessárias. "Quando não há um comportamento social de segurança sanitária integral, e decide-se flexibilizar determinado segmento, a necessidade de se restringir outra parte da sociedade se torna iminente", reforça.

Para a professora de psicologia educacional da Faculdade de Educação da Unicamp, Angela Soligo, prolongar uma situação de suspensão das atividades presenciais, não significa um total prejuízo para o aprendizado. "Sabemos das dificuldades de muitos alunos, mas os professores, durante a pandemia, criaram excelentes materiais para garantir a continuidade da educação em casa. E, nos casos de não aprendizado integral, quando ocorrer o retorno às aulas presenciais com segurança, os conteúdos podem ser repassados e nada estará perdido. O que é preciso no momento é preservar a vida", disse.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por