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Caso JK: peça-chave depõe na próxima terça-feira

Presidente da Comissão da Verdade vai a Indaiatuba convocar ex-motorista que viu o acidente fatal

Felipe Tonon
26/09/2013 às 23:42.
Atualizado em 25/04/2022 às 01:48
Josias Nunes de Oliveira, de 69 anos, era motorista de um ônibus da Viação Cometa e foi o primeiro a parar para prestar socorro a JK (Érica Dezonne/AAN)

Josias Nunes de Oliveira, de 69 anos, era motorista de um ônibus da Viação Cometa e foi o primeiro a parar para prestar socorro a JK (Érica Dezonne/AAN)

A Comissão da Verdade Vladmir Herzog da Câmara de São Paulo, criada para esclarecer crimes da ditadura militar, irá colher, na próxima terça-feira (1), o depoimento de uma das principais testemunhas do acidente que matou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 22 de agosto de 1976, e que hoje vive em uma clínica de repouso de Indaiatuba.Josias Nunes de Oliveira, de 69 anos, era motorista de um ônibus da Viação Cometa e foi o primeiro a parar para prestar socorro a JK. Em entrevista exclusiva dada ao Correio ele disse que viu o Opala dirigido pelo motorista de Juscelino colidir frontalmente com um caminhão de gesso, no então quilômetro 165 da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), após ultrapassar o ônibus pela direita. O ex-motorista foi acusado de ter provocado a tragédia após ter fechado o veículo do presidente. Ele passou pelo banco dos réus e foi inocentado. O convite será formalizado nesta sexta-feira (27) pelo vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da comissão, que virá a Indaiatuba.De acordo com o parlamentar, o depoimento é um dos mais importantes para ajudar a elucidar a morte do ex-presidente. “Eu considero importante porque esse homem foi criminalizado como sendo o responsável pelo acidente. Tivemos outros depoimentos que mostram que o Josias não teve culpa nenhuma. Queremos que as mentiras sejam desmentidas”, afirmou.O depoimento citado por Natalini foi de um passageiro que estava no banco dianteiro do Cometa. “Ele viu o carro do JK ultrapassar em alta velocidade o ônibus, que ia pela pista da esquerda. Contou que ele fez uma ultrapassagem proibida, pela direita, fechou o ônibus, perdeu o controle do veículo e atravessou o canteiro, batendo de frente no caminhão”, detalhou.Para o presidente da Comissão, que suspeita da participação de agentes da ditadura na morte, há muitas dúvidas a serem esclarecidas. “Por que o motorista de JK, Geraldo Ribeiro, tão experimentado, fez essa manobra perigosíssima? Alguma coisa estava acontecendo com esse motorista.”Oliveira disse que quer ajudar nos trabalhos da comissão. “Para falar a verdade eu vou a qualquer lugar. O mundo me ensinou a viver. Se chamar para ir a Brasília, ao Rio, eu vou”, disse. Apesar disso, ele não esconde a mágoa que sente por ter sido, no passado, apontado como responsável pela morte de JK. “Hoje eu estou bem, mas ainda tem essa mágoa. É muito doído.”Para o vereador que preside os trabalhos, conhecer o real motivo da morte do ex-presidente é fundamental para reparar as injustiças cometidas. “Se houve uma condenação indevida e injusta, do ponto de vista político, vamos absolvê-lo oralmente diante da nação brasileira se realmente provarmos que o seu envolvimento não foi verdade e ele foi injustiçado por uma trama do Regime Militar. Não tem cabimento um motorista de ônibus ser incriminado pela morte de um presidente se os culpados foram outros.”A família de Oliveira foi procurada para comentar a ida dele à comissão. O irmão mais velho, Jairo, disse que as acusações contra Oliveira “desconcertaram toda a vida dele e atingiram a todos”, por isso hoje, 37 anos depois do acidente, eles preferem não se lembrar mais do episódio.

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