CASO KAIO

Caso do lutador de jiu-jitsu morto em racha terá juri em setembro

Empresária e consultor serão julgados por homicídio pela morte durante racha em 2011; Kaio, na época com 23 anos, morreu após ser atropelado na calçada da Avenida Júlio Prestes

Eric Rocha
eric.rocha@rac.com.br
19/07/2015 às 11:32.
Atualizado em 28/04/2022 às 17:06

Uma das acusadas, Adriane de Souza, deixa delegacia após depoimento (à direita); no detalhe, o jovem Kaio Muniz Ribeiro ( Cedoc/RAC)

A Justiça de Campinas marcou para o dia 21 de setembro o júri popular que vai julgar duas pessoas acusadas de provocar a morte do professor de jiu-jitsu Kaio César Alves Muniz Ribeiro. O jovem, na época com 23 anos, morreu após ser atropelado por um Audi A3, na calçada da Avenida Júlio Prestes, perto do balão do Bela Vista, em 18 de novembro de 2011. O veículo era conduzido pela empresária Adriane Aparecida Pereira Diniz Ignácio de Souza. Segundo as investigações, ela estaria em um racha com o consultor de obras Fabrício Narciso Rodrigues da Silva, que guiava um Chevrolet Camaro e também é réu do processo. No carro da empresária foram encontradas no dia do crime garrafas de bebidas alcoólicas. Adriane chegou a fazer o teste do bafômetro, que constatou que ela havia ingerido álcool acima do limite estabelecido pela lei. O consultor de obras, por sua vez, se recusou a se submeter ao teste. Os dois chegaram a ser presos em flagrante, mas dias depois conseguiram no Tribunal de Justiça (TJ) uma autorização para pagar fiança e responder ao processo em liberdade. Adriane e Fabrício tiveram que desembolsar na época R$ 109 mil e R$ 163,5 mil, respectivamente. Na denúncia em dezembro de 2011, o Ministério Público (MP) acusou a empresária de homicídio duplamente qualificado (por motivo fútil e ter se valido de recurso que dificultou a defesa da vítima). O consultor de obras também entrou como réu no processo, segundo o MP, por ter tido participação no crime. Os promotores entendem que eles devem responder pela forma dolosa (intencional) de homicídio, já que teriam assumido esse risco ao participar do suposto racha. O juiz da 2ª Vara do Júri de Campinas, Sergio Araújo Gomes, no entanto, afastou as qualificadoras e os dois serão processados por homicídio simples, que prevê pena de prisão de seis a 20 anos. “Essa decisão de pronúncia (que leva o caso para o júri) apenas autoriza o prosseguimento do caso para julgamento pela sociedade, não tendo o juiz e os desembargadores afirmado que os fatos alegados são verdadeiros. Apurou-se apenas até aqui que a materialidade do crime está provada pelo laudo necroscópico e que a acusação é admissível”, escreveu o magistrado. Os advogados de defesa chegaram a tentar barrar a decisão no Tribunal de Justiça (TJ-SP), mas não conseguiram e os trabalhos do júri estão marcados para começar em 21 de setembro, a partir das 9h. De acordo com o promotor Ricardo Silvares, a expectativa é que a sessão de julgamento seja longa e dure mais de um dia. “Um atropelou e o outro concorreu para isso, isso é fato”, avaliou. O pai de Kaio, o motorista Gilberto Muniz Ribeiro, afirmou que espera uma pena severa para os dois envolvidos. “Já fiquei feliz quando eles tentaram mudar o processo e não conseguiram. Eu espero que haja a condenação de ambos porque os dois foram culpados. Se um não tivesse chamado o outro para o racha, isso não tinha acontecido com o meu filho”, disse.O defensor de Fabrício, o advogado Ralph Tórtima Stettinger Filho, explicou que vai defender no plenário que a conduta do seu cliente não concorreu para o atropelamento do lutador. “As imagens são muito evidentes de que ele passa pela pista central da avenida e que a velocidade dele é decrescente, o que jamais colocaria em risco a vida do Kaio”, contestou. O Correio entrou em contato com os responsáveis pela defesa de Adriane, mas não obteve retorno.O caso teve grande repercussão na época. O atleta começou no jiu-jitsu com 17 anos e acumulava em novembro de 2011 mais de 30 medalhas e era considerado uma promessa no esporte. Já havia sido, inclusive, campeão brasileiro duas vezes (faixas branca e roxa) e campeão mundial na faixa branca, além ter ganhado várias seletivas estaduais. Segundo amigos, pouco antes do acidente, Kaio buscava um patrocínio para lutar o campeonato mundial na Califórnia, nos Estados Unidos.

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