Estudo apresentado na Unicamp mostra ação contra radicais livres, inflamação e diabete
A ingestão da casca da jabuticaba diminui em 30% os radicais livres de uma pessoa obesa em relação a uma pessoa que não consome a fruta. Além disso, ela é capaz de reduzir a inflamação e de prevenir a diabete tipo 2 associados à obesidade. A apresentação dos resultados do estudo, feito pelo pesquisador Mário Roberto Maróstica Júnior, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi um dos destaques do segundo dia do Simpósio Latino-Americano de Ciência de Alimentos (Slaca). O evento segue até a próxima quarta-feira (6) na Unicamp com a apresentação de 1.844 trabalhos científicos.Em sua 10 edição, o Slaca tem como tema principal os impactos da ciência de alimentos em nutrição e saúde. O objetivo é discutir as últimas tendências sobre o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação na indústria de alimentos no cenário nacional e internacional. “O simpósio foi criado com a intenção de proporcionar a integração entre as áreas diversas dentro da área de alimentos na América Latina e essa inserção no mundo. Com o passar dos anos, enfatizamos a importância do alimento de qualidade, do processamento de alimentos de qualidade e da segurança alimentar”, disse Gláucia Pastore, presidente do Slaca e pró-reitora de Pesquisa da Unicamp.Nesta edição, ressaltou Gláucia, o evento está centrado em como o alimento pode favorecer a saúde. “Esse é um tema que o mundo já trabalha e que o Brasil, que detém uma biodiversidade esplendorosa, muitas vezes, não utiliza todos os seus recursos para essa finalidade.”Ao todo, serão 115 palestras, com a participação de 90 palestrantes, 40% deles estrangeiros, vindos de instituições como a Cornell University (EUA) e a University of Tsukuba (Japão). “Nós queremos que os pesquisadores mostrem qual o papel dos nutrientes, dos compostos bioativos presentes nos alimentos, frutas e ervas que temos e de como isso pode prevenir doenças.”Além dos resultados de pesquisas envolvendo os alimentos e a diabete, o evento trouxe ontem trabalhos relacionados à tecnologia de alimentos, encapsulação e nanotecnologia. O pesquisador Luis Madi, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), apresentou casos de países que têm dado prioridade ao desenvolvimento do setor de alimentos e bebidas, integrando programas e ações das áreas de saúde, sustentabilidade, indústria e comércio. Ele ressaltou a importância do estímulo à oferta de produtos mais saudáveis e sustentáveis. Também foram apresentados estudos inéditos relacionados aos antioxidantes de alimentos, ao papel da vitamina D e às novas tecnologias para o processamento de alimentos. Foto: Carlos Sousa Ramos/AAN Mário Roberto Maróstica Jr., que pesquisa as propriedades da fruta Hoje, o foco do congresso será os probióticos, microbiologia, enzimas e biotecnologias, análise de alimentos e tecnologia da fermentação. As palestras têm início às 9h e seguem até as 18h. “A programação está incrível porque conseguiu conciliar grandes cientistas da saúde do intestino, do sangue e a sua relação com alimentos, de diversas áreas da saúde e de diferentes lugares do mundo. Quase 2 mil novos projetos estão sendo apresentados”, ressaltou Gláucia.Ao final do evento, os três melhores trabalhos serão premiados. “Todos os que chegaram aqui merecem ser premiados, mas as pesquisas passarão por uma comissão que irá selecionar os melhores trabalhos. Nós vamos avaliar a inovação, a aplicabilidade e a possibilidade de aproveitamento maior no mundo”, afirmou Eliete Bispo, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e que integra a comissão de avaliação.