LAÇOS COMUNITÁRIOS

Casarão incentiva população a se envolver na preservação das áreas verdes

Localizado em Barão Geraldo, o Centro Cultural recebe a comunidade para o plantio de árvores frutíferas e jardins sensoriais e comestíveis

Bruno Luporini/bruno.luporini@rac.com.br
07/06/2025 às 13:12.
Atualizado em 07/06/2025 às 15:40

Responsável pelo espaço, Neusa Aguiar destacou que os alimentos que são produzidos no local são compartilhados com a comunidade do entorno: “É uma troca, porque muitos moradores também trazem mudas para plantar aqui, é um ciclo constante” (Alessandro Torres)

Realizado no Centro Cultural Casarão, em Barão Geraldo, o Mutirão Agroflorestal é um exemplo de práticas de preservação e manutenção das áreas verdes em Campinas, algo que é essencial para o equilíbrio entre a densidade urbana e os espaços de fauna e flora. Em um terreno de 14 mil metros quadrados, a iniciativa procura envolver as pessoas no plantio de árvores frutíferas e jardins sensoriais e comestíveis, repletos de plantas medicinais, temperos, flores e ervas diversas.

A atividade, aberta a qualquer interessado, convida moradores do entorno e visitantes a participar do plantio dos jardins. A ação é recomendada para toda a família, envolvendo adultos e crianças no cuidado com a terra, e alguns dos objetivos são ampliar os espaços de convivência com áreas verdes, promover o cuidado com o ambiente e fortalecer os laços comunitários no território. O mutirão ocorre no Centro Cultural há alguns anos, desde o arrefecimento da pandemia de covid-19, e a quarta edição aconteceu no sábado, dia 17 de maio.

A responsável pelo espaço, Neusa Aguiar, explicou que os jardins sensoriais e comestíveis têm como proposta sensibilizar o público com o cuidado e importância das várias formas de convivência com as plantas e agentes polinizadores, por exemplo as abelhas. “A ideia é que as pessoas possam caminhar por estes espaços e ampliar seus sentidos, com os cheiros e cores, e também tenham conhecimento sobre as ervas medicinais.” Na última edição, o mutirão atraiu 15 pessoas, entre elas seis crianças que estiveram acompanhadas dos pais no processo de cuidado com os jardins. “É muito importante ampliar a divulgação dessas ações para que possamos atrair cada vez mais público”, destacou Neusa.

Um levantamento ainda está sendo realizado para confirmar o número de espécies e exemplares que foram plantados no terreno. Desde o primeiro mutirão, houve plantios de bananeiras, goiabeiras, mandioca, espécies de milho, feijão, mamão. Neusa brincou que em relação ao mamão, há praticamente uma floresta inteira no Casarão. Os alimentos que são produzidos no local são compartilhados com a comunidade dos moradores do entorno. “É uma troca, porque muitos moradores também trazem mudas para plantar aqui, é um ciclo constante.” Além da ajuda dos moradores, muitas espécies são doadas através de uma parceria com o Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Unicamp (CPQBA).

Neusa explicou que os jardins sensoriais e comestíveis têm grande presença das plantas medicinais, como o boldo, indicado para tratar de problemas estomacais; a arruda, que tem propriedades anti-inflamatórias; erva baleeira, boa para a digestão; bálsamo, que é utilizado para problemas do estômago e, quando macerada, é boa para a cicatrização de feridas. Além das plantas medicinais, também existem flores e temperos, como hortelã-pimenta, jambú, alfazema, pimentas e capim-cidreira. “Esses jardins são utilizados pela comunidade de forma permanente. Sempre tem alguém que passa aqui e leva uma muda, um galhinho... se tornou um lugar de referência para os moradores.”

RESILIÊNCIA

O Centro Cultural Casarão é um espaço que ocupa uma antiga fazenda de cana-deaçúcar. A propriedade funciona como um corredor de ligação entre Mata de Santa Genebra, Área de Preservação Permanente, Mata do Quilombo, Lago Terras do Barão e Ribeirão Anhumas. Dessa forma, a propriedade, de acordo com Neusa, serve como área de passagem para alguns animais da fauna silvestre, como algumas espécies de macacos, saruê, lobo-guará e onças, além de ser uma zona de respiro em meio ao constante crescimento das zonas urbanas habitadas. “Essas áreas precisam ser preservadas e cuidadas, elas não podem diminuir. São santuários naturais, e com eles devemos conviver em equilíbrio.” Para Neusa, é necessário que o crescimento da cidade saiba respeitar todas as áreas verdes já estabelecidas no território. Projetos como o Mutirão Agroflorestal, portanto, tem como objetivo chamar a atenção para a importância do tema. “Temos que ter o mínimo de áreas de preservação permanentes intactas e precisamos de ruas e praças mais arborizadas, pois é uma necessidade para a nossa vida.” 

AÇÕES EDUCATIVAS

O espaço também recebe a visita de ao menos uma escola por mês, priorizando o agendamento de instituições públicas de ensino e organizações que trabalham com as crianças no contraturno escolar. Com os pequenos são desenvolvidas atividades que envolvem o conhecimento e utilização das plantas e flores, atividades lúdicas de circo e a ocupação de um quintal, onde está localizado um espaço de brincar intitulado Território da Infância. São constantemente adquiridos brinquedos artesanais, como corda, bonecas, balanço, peões e jogos lúdicos, vindos de comunidades indígenas, ribeirinhas e de feiras de artesanato.

O objetivo, segundo Neusa, é proporcionar um momento de quintal de "casa de vó" para as crianças, longe das telas e da tecnologia, e conectar os pequenos em atividades que reforcem as interações por meio do brincar e de mais contato com um ambiente natural. Para a responsável pelo espaço, tais ações com as crianças são fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade mais consciente a respeito do cuidado com o ambiente, pois, enquanto crianças, as informações e sensações proporcionadas pelo espaço podem ecoar por toda a vida. “Elas têm essa habilidade maior de conviver com a natureza, e as informações apreendidas aqui vão crescer junto delas.”

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