Família Abreu Soares morou no local até 1954 e depois foi ocupada por escolas
Fachada do imóvel histórico e tombado que abrigou o antigo Colégio Ateneu até meados dos anos 90, e que agora será a sede da Secretaria Municipal de Educação (Diogo Zacarias/ Correio Popular)
A Secretaria de Educação de Campinas está prestes a mudar para um prédio histórico e tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). Trata-se do imponente casarão onde funcionou até os anos 90 o antigo Colégio Ateneu, no número 1.515, da Rua Barreto Leme, próximo ao Palácio dos Jequitibás. A mudança está praticamente pronta, mas aguarda agora o efeito positivo das medidas restritivas adotadas pelos governos estadual e municipal, para que possa ser efetivada.
A exceção do período em que a casa foi residência oficial da família Abreu Soares até 1954, o local sempre abrigou escolas. O prédio foi comprado pela Prefeitura de Campinas em 2013 por R$ 10 milhões para sediar a pasta de Educação. Pertencia ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP). No local, serão instalados o gabinete do secretário, a assessoria jurídica, diretorias e coordenadorias.
De acordo com o secretário de Educação, José Tadeu Jorge, ex-reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o espaço físico existente no 9º andar do Paço Municipal, onde a pasta se encontra atualmente, é insuficiente para alojar a estrutura central da secretaria. "A gestão anterior identificou a possibilidade de adquirir essa propriedade, muito próxima à prefeitura, e assim o fez, já com o propósito de instalar ali as suas atividades. Trata-se de um prédio histórico, restaurado e reformado, adequado às necessidades existentes. Certamente, teremos melhores condições de trabalho e espero que isso possa resultar em atendimento mais adequado às demandas referentes à educação", afirma.
Para o doutor em história pela Unicamp, Éder Luiz Martins, professor da Facamp, a ação é positiva e deveria ser expandida. "Elas deveriam ser tomadas por outros órgãos governamentais. Isso resultaria primeiramente na própria restauração dos imóveis para adaptá-los aos órgãos, e, ao mesmo tempo, preservaria nosso patrimônio histórico", afirma. Martins lembra que na cidade de São Paulo, a Secretaria de Educação fica no prédio do antigo Colégio Caetano de Campos, na Praça da República.
O doutor em história pela USP, Lindener Pareto, professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), é especialista em patrimônio histórico e concorda com Martins. "É uma iniciativa extremamente positiva. E, afinal das contas, tem tudo a ver com a trajetória do município, principalmente a partir da década de 1950 em diante (quando o imóvel passou a abrigar escolas)".
Pareto lembra, entretanto, que a Secretaria de Educação, uma vez ali instalada, precisa fazer uma série de atividades, de exposições, de palestras, para narrar à população a trajetória do edifício, em função das pessoas que o conceberam e o ocuparam. "Chamem os especialistas, as universidades, os estudantes, a sociedade civil, para debater o patrimônio como um todo. E nada melhor do que a Secretaria de Educação para pensar processos de ensino-aprendizagem para esse tipo de discussão", concluiu.