SÃO PAULO

Casa cheia traz mais risco que ônibus

Inquérito na Capital aponta que moradores que compartilham o teto com 5 ou mais pessoas estão vulneráveis

Daniel de Camargo
01/09/2020 às 08:23.
Atualizado em 28/03/2022 às 17:08
Prevalência da doença no sistema de transporte soma 10,3%, 5,7% a menos que nos lares com mais pessoas (Wagner Souza/AAN)

Prevalência da doença no sistema de transporte soma 10,3%, 5,7% a menos que nos lares com mais pessoas (Wagner Souza/AAN)

Dados da quarta fase do inquérito sorológico da cidade de São Paulo apontam que o risco de contaminação pela Covid-19 é maior, atualmente, para moradores da Capital que residem em imóveis com cinco ou mais pessoas do que para aqueles que usam o transporte coletivo. Segundo a análise realizada em parceria entre a Universidade de São Paulo (USP) e a Prefeitura, a diferença entre a prevalência da doença nas duas situações é de 5,7 pontos percentuais, de 16% para 10,3%. Uma das explicações possíveis é que as pessoas procuram se proteger mais no transporte coletivo, fazendo uso constante de máscaras e mais frequente de álcool em gel, do que em suas casas. Na apresentação do estudo, o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, detalhou que foram pesquisados 3.217 domicílios (excluídos os endereços de imóveis não residenciais) e que a coleta ocorreu entre os dias 18 e 20 de agosto. Considerando-se toda a Capital, o índice de prevalência é de 11%. Ou seja, estima-se que dos aproximadamente 12 milhões de moradores, 1,3 milhão já tiveram contato com o vírus. Análise Epidemiologista da Faculdade São Leopoldo Mandic de Campinas, André Ribas de Freitas enfatiza que cada localidade tem um perfil de transporte coletivo. Por isso, a análise não deve ser automaticamente atribuída para retratar o cenário da Covid-19 em outros municípios que não São Paulo. Contudo, explica que, por um fator lógico, quanto maior o número de residentes do imóvel, maior o risco dessas pessoas terem contato com o vírus. Na hipótese, considera que, pelo menos, um dos membros se ausente diariamente para trabalhar ou realizar outra atividade, como fazer compras no supermercado. Freitas frisa que devido a possibilidade de contato com outras pessoas, o ambiente de trabalho e a utilização do transporte coletivo ainda são os locais com maior chance de contaminação. Sem relaxar Para o epidemiologista, a população não pode relaxar no que diz respeito ao uso de máscaras e distanciamento social, entre outras ações de higiene, e só deve sair de casa quando houver real necessidade. Maioria contaminada em Campinas não se isolou Os dados do segundo inquérito sorológico da Covid-19 em Campinas foram apresentados no último dia 21. O levantamento realizado entre os dias 3 e 15 de agosto concluiu que 45 mil moradores da cidade já se infectaram, isso dá uma porcentagem de 3,68% da população. Na ocasião, havia cerca de 24 mil diagnósticos positivos. Grande parte das pessoas com resultados positivos afirmou usar, às vezes, máscara e álcool em gel. A maioria utilizou transporte público e saiu para lazer, compras não essenciais, visitas aos familiares e trabalho. A análise foi feita em parceria pela Secretária de Saúde de Campinas com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Transporte Desde de março, em obediência a orientações do Ministério da Saúde e do Comitê Municipal de Enfrentamento da Pandemia de Infecção Humana pelo Novo Coronavírus (Covid-19), a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) vem adotando uma série de medidas. Logo no início na pandemia, orientou às empresas concessionárias e serviço complementar (alternativo) do transporte público a concederem licença aos motoristas com mais de 60 anos, por conta de pertencerem ao grupo de risco. Nos ônibus e terminais urbanos foram afixados cartazes com recomendações sobre cuidados com os fatores de transmissão do vírus. A Emdec determinou ainda um cuidado maior com a higienização dos ônibus e recomendou que todos os veículos circulem com as janelas abertas, mesmo os que possuem equipamento de ar condicionado. Em maio, foram instalados totens com álcool em gel em nove terminais de ônibus de Campinas. Posteriormente, foram implantadas medidas para a medição de temperatura e a proibição da entrada nos ônibus de pessoas sem máscaras. (DC/AAN)

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