ANÁLISE EM LABORATÓRIO

Carro de app é 30 vezes mais contaminado do que particular

Pesquisa da PUC constata que esses veículos são uma “colônia” de bactérias

Israel Moreira/ israel.moreira@rac.com.br
28/04/2023 às 08:39.
Atualizado em 28/04/2023 às 08:39

A bióloga e técnica do laboratório de microbiologia, Andréia Rodrigues Bucci, mostra a comparação entre as amostras de bactérias encontradas num carro particular, de família e de aplicativo (Rodrigo Zanotto)

Uma pesquisa da PUC-Campinas identificou, por meio de amostras coletadas, que os carros utilizados por motoristas de aplicativo na cidade são capazes de apresentar 30 vezes mais bactérias do que os automóveis utilizados por um único usuário. Os dois tipos de bactérias mais comuns encontrados na superfície do volante, do câmbio e da maçaneta dos veículos são: staphylococcus - que fica na pele e que pode causar infecções de garganta e pele, e enterobactérias - que se instalam no intestino e que podem causar diarreia.

O estudo contou com a coordenação da professora e doutora Maria Magali Stelato e o apoio da bióloga e técnica do laboratório de microbiologia, Andréia Rodrigues Bucci, além dos estudantes de biomedicina da universidade. As amostras colhidas foram levadas até o laboratório para que, em placas de meios de cultura seletivos, fosse possível revelar o nível de contaminação. E o resultado chamou a atenção.

Para a bióloga e técnica do laboratório, Andréia Bucci, foi percebida uma diferença considerável nos três tipos de veículos em ambas as bactérias. "A amostra que apresentou os resultados para as enterobactérias, a média de crescimento de unidades formadoras de colônia foi de 10 a 15 colônias em veículo particular. Já o carro compartilhado por uma família apresentou número entre 100 e 120 colônias. Por sua vez, o carro do motorista de aplicativo apresentou número substancialmente maior, ultrapassando as 300 unidades formadoras de colônias."

Nas análises de staphylococcus (bactérias normalmente encontradas na pele e na mucosa das pessoas), os números foram semelhantes: de 5 a 10 unidades formadoras de colônia para motoristas individuais, cerca de 80 unidades formadoras de colônia nos carros compartilhados entre membros da família e mais de 300 unidades formadoras de colônia para o veículo dirigido por motorista de aplicativo.

"Isso mostra a importância da higienização e da limpeza nos nossos carros. Estamos em época de pandemia e nos preocupamos muito com o ambiente dentro de casa e no trabalho, mas esquecemos de que o veículo pode ter contaminantes que podem causar riscos à nossa saúde. Então, é importante manter uma higiene semanal no veículo e sempre utilizar o álcool 70% nas mãos", explica Andréia.

Andréia destaca a participação imprescindível dos alunos do curso de biomedicina. A coleta realizada por meio de cultura em tubos descartáveis, práticos e eficientes, proporciona economia de tempo e mão de obra para o laboratório. "O envolvimento dos alunos foram fundamentais. Identificamos, na prática, a realidade da falta de controle higiênico das pessoas."

Jocimar Cesar Gonçalves é motorista de aplicativo em Campinas e justifica que os cuidados e controles higiênicos não podem e não devem ser exclusividade dos motoristas. "São vários os momentos que os passageiros entram no veículo, aparentemente sintomáticos, com tosse e espirros, mas sem utilizar máscaras. Tenho no carro placa informativa da utilização de máscaras, álcool gel para utilização e nem todos seguem ou fazem. Eu faço a minha parte, coloco máscara, higienizo as mãos e realizo a lavagem de estofados e painel do veículo com aspirador e álcool ao invés de água", relata Jocimar.

O motorista concorda com o resultado da pesquisa e alerta para necessidade mesmo com o avanço da vacinação da covid-19 e redução dos casos fatais, se houver sinais ou sintomas, que se utilize a máscara e higienize as mãos.

Ar-condicionado

Além das bactérias em partes do veículo onde os usuários normalmente colocam as mãos, o ar-condicionado acaba, muitas vezes, apresentando risco, mas é deixado de lado. Porém, ele também necessita de limpeza frequente. Uma segunda análise feita pelos alunos mostrou resultados impressionantes, a partir de placas deixadas por um período de 15 minutos dentro dos veículos com o ar ligado. Em veículos que não realizam a troca do filtro de ar, a contaminação se mostrou muito alta. Já os que trocam em períodos acima de 30 mil km existem uma contaminação menor, que chega perto de ser imperceptível quando a troca é feita com a frequência correta.

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