SUPORTE

Carnaval campineiro terá tendas de acolhimento antiassédio

Desfile dos blocos contará com pontos fixos e equipes espalhadas pelos eventos para atender pessoas que se sintam em risco

Da Redação
01/03/2025 às 09:24.
Atualizado em 01/03/2025 às 09:24
A campanha Carnaval Sem Assédio surgiu em 2024 como resposta ao aumento de 38% nas denúncias de violência sexual durante o período festivo; tendas fixas estão na área central e em Barão Geraldo (Alessandro Torres)

A campanha Carnaval Sem Assédio surgiu em 2024 como resposta ao aumento de 38% nas denúncias de violência sexual durante o período festivo; tendas fixas estão na área central e em Barão Geraldo (Alessandro Torres)

Durante todo o período de Carnaval em Campinas, tendas de acolhimento estarão à disposição do público oferecendo suporte, informação e segurança a foliões em situação de risco. Todos os voluntários receberam formação especializada para atuar no acolhimento e na prevenção do assédio. No transporte público, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) também reforçou o combate aos casos de assédio nos ônibus em tempo real com o "Botão de Emergência na Luta contra o Assédio" (Bela), disponibilizado no aplicativo para celulares "Emdec". Quando acionado, com o envio de uma denúncia, ele emite um alerta para a Guarda Municipal, que pode rastrear e abordar o veículo.

Desde ontem, primeiro dia de desfile do total de 39 blocos que farão a diversão dos campineiros, os foliões contarão com pontos fixos de acolhimento e equipes identificadas circulando pelos blocos para ampliar a cobertura do atendimento. Caso alguém precise de ajuda, basta procurar um voluntário identificado com a camiseta do projeto. 

As tendas fixas estarão na área central no Largo do Rosário de hoje até o dia 4 de março; na Estação Cultura, no dia 2; em Barão Geraldo, os voluntários estiveram ontem, sextafeira, na Praça Durval Páttaro, e de hoje até o dia 4 ficarão na Avenida Santa Isabel. 

“Construir a campanha Carnaval Sem Assédio em coletivo foi fundamental para transformar a ideia em uma força real de mudança. A colaboração entre pessoas e organizações, como o Girl Up e a Assédio Não BR, mostrou que, juntos, podemos criar soluções mais eficazes e inclusivas. Estamos construindo um carnaval mais seguro, acolhedor e respeitoso para todos”, explicou Gabriela Moisés, co-fundadora do Carnaval Sem Assédio. 

“Acreditamos que os espaços de lazer devem ser acessíveis e seguros para todas as pessoas. O Carnaval, como celebração coletiva, não pode estar associado ao medo e à vulnerabilidade de tantas mulheres. Criar ambientes seguros não é um favor, é um compromisso com o respeito e a dignidade de todas”, disse Raiça Camargo, co-fundadora da Assédio Não BR. 

Além das tendas, um mapa interativo com os pontos de acolhimento estará espalhado pela cidade. A plataforma, desenvolvida dentro da campanha, estará disponível publicamente e incluirá locais de acolhimento oficiais, tendas de suporte e bares certificados como espaços seguros para foliões. Os foliões serão informados sobre o mapa durante os desfiles de blocos, já que os voluntários farão essa divulgação ao longo dos próximos dias. 

A campanha Carnaval Sem Assédio surgiu em Campinas em 2024 como resposta ao aumento de 38% nas denúncias de violência sexual durante o período festivo, com foco especial na proteção de crianças e adolescentes. No primeiro ano, a ação alcançou 4 mil pessoas no Carnaval de rua de Barão Geraldo, promovendo conscientização e estabelecendo parcerias com bares e blocos. 

ÔNIBUS 

Nos ônibus, o "Botão de Emergência na Luta contra o Assédio" (Bela), disponibilizado no aplicativo para celulares ‘Emdec’, pode ser acionado para enviar uma denúncia de assédio. Quando acionado ele emite um alerta para a Guarda Municipal, que pode rastrear e abordar o veículo. 

A ferramenta pode ser usada tanto por vítimas quanto por pessoas que presenciem situações de assédio no transporte público municipal. Thaís Costa, diretora de Projetos Estratégicos e Cidade Inteligente da Emdec, recomenda que os usuários baixem o app e realizem o cadastro na ferramenta com antecedência, informando nome, telefone e data de nascimento. Em caso de menor de idade, é necessário informar, também, nome e telefone do responsável. 

Quando o botão Bela é acionado, o aplicativo apresenta as linhas de ônibus que circulam na região onde o usuário está. É preciso selecionar a linha onde o caso ocorreu e enviar a denúncia. A informação é transferida para a Central de Operações da Guarda Municipal (GM), que consegue realizar o rastreamento do veículo a partir do itinerário e da localização do celular, que deve ser compartilhada pelo usuário. Com isso, é possível a abordagem do ônibus. 

Outra ferramenta disponível no app "Emdec" permite o registro de denúncia após o fato ocorrido, caso não seja possível a abordagem em tempo real. Neste caso, deve ser usado o botão "Registro de denúncia". As informações compartilhadas são apuradas pelos órgãos competentes. 

Além de combater o assédio, é importante acolher as vítimas. Por isso, a Emdec e a Secretaria de Transportes e operadores do sistema de transporte coletivo também estão apoiando a ação "Carnaval sem Assédio" do Coletivo Campinas.Up e do Assédio Não BR, com a distribuição de cartazes nos terminais urbanos e em 500 ônibus da frota. O material informa sobre locais onde vítimas podem receber acolhimento.

SÓ SIM É SIM 

A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo distribui adesivos com a frase "Só sim é sim", promovendo o consentimento como princípio fundamental em todas as interações. Os adesivos serão entregues aos foliões durante os desfiles dos blocos até o encerramento do Carnaval. “O adesivo 'Só sim é sim' é um símbolo de apoio à causa e reforça a importância de um Carnaval seguro e respeitoso. Usá-lo demonstra compromisso com o respeito ao consentimento e o combate ao assédio”, defende o diretor de Cultura, Gabriel Rapassi. Caso presencie qualquer situação de violência ou desrespeito, é fundamental denunciar às autoridades.

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