RECURSOS HÍDRICOS

Cantareira volta a ficar abaixo de 50%

Com esse nível de armazenamento, liberações de água continuarão dentro do previsto na outorga

Maria Teresa Costa
10/05/2018 às 08:07.
Atualizado em 28/04/2022 às 08:12
Pontes na Rodovia D. Pedro I numa das represas que compõem o sistema: junho deve registrar chuva levemente acima do normal para a área de captação (Leandro Ferreira/AAN)

Pontes na Rodovia D. Pedro I numa das represas que compõem o sistema: junho deve registrar chuva levemente acima do normal para a área de captação (Leandro Ferreira/AAN)

Com quatro meses seguidos registrando chuvas abaixo da média, o volume de água armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira está caindo rapidamente e voltou a ficar abaixo de 50% de sua capacidade de volume útil. A última vez que isso ocorreu foi em janeiro do ano passado, quando estava na estação chuvosa e o volume de água das barragens estava subindo. Principal reservatório de abastecimento de água da Grande São Paulo e da região de Campinas, o sistema registrou ontem 49,6% da capacidade útil, o que corresponde a 981 bilhões de litros. Com esse nível de armazenamento, disse o coordenador da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico dos Comitês PCJ, Alexandre Vilella, o abastecimento está garantido e as liberações de água para as duas regiões continuarão ocorrendo dentro das regras previstas na outorga do sistema. Até o final do mês, a região terá garantia de liberação de 12 m3/s. A partir de junho, quando entra o período seco, a garantia cai para 10 m3/s e a Câmara Técnica volta a deliberar sobre os volumes a serem descarregados dos reservatórios nos rios Jaguari e Atibaia. Vilella acredita que este ano o abastecimento ocorrerá dentro da normalidade do período de estiagem, mas com custos maiores para as empresas de saneamento, que precisarão utilizar mais cloro e outros produtos químicos para garantir a qualidade da água entregue ao consumidor. Por causa da seca, o sistema aumentou o envio de água para a região de Campinas há dez dias, e passou a liberar 2 metros cúbicos por segundo (m3/s) no Rio Jaguari e 5,5 m3/s no Rio Atibaia. O Atibaia, responsável pelo abastecimento de 95% da população de Campinas, registrou ontem uma vazão de 12,6 m3/s, o que garante com tranquilidade a captação de água. A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) tem autorização para captar até 4,1 m3/s. Segundo a Climatempo, em todas as áreas de captação do Sistema Cantareira ocorreram pouca chuva ao longo do mês passado, e essa condição permaneceu no início do mês de maio, com o estabelecimento de bloqueios atmosféricos. Os bloqueios atmosféricos são sistemas de alta pressão, que mantêm o ar seco e quente sobre as regiões centrais do País. O ar úmido proveniente da Região Norte tem dificuldade para avançar em direção ao Centro-Oeste e ao Sudeste. Esses sistemas de alta pressão ainda ‘barram’ as frentes frias que tentam avançar pelo litoral paulista, ou seja, diminui ainda mais a chuva. A empresa lembra que já houve situações piores, como em 2015, quando o Cantareira chegou a ficar ‘negativo’, período em que o chamado volume morto, uma reserva técnica situada abaixo da saída dos túneis que interligam os reservatórios, precisou ser bombeado para poder garantir o abastecimento das duas regiões O mês de junho deve proporcionar chuva levemente acima do normal para a área de captação do reservatório, mas ainda assim não será suficiente para iniciar a estação seca numa situação confortável. Sendo assim, informa a Climatempo, o consumo consciente é a melhor saída para a manutenção do principal reservatório de abastecimento de água. Valendo desde o ano passado, as novas regras de operação do Cantareira estabeleceram os limites das faixas e as vazões de retirada em cada uma delas e foram definidas com o objetivo de minimizar os vertimentos e manter o reservatório equivalente em níveis de armazenamento acima da faixa de Operação Especial (quando os reservatórios operam com capacidade de até 20%), aumentando a segurança hídrica do sistema. Assim, quando os reservatórios estiverem operando acima de 40% da capacidade, na chamada faixa 1, no período úmido, será garantida vazão de 12 m3/s no Rio Atibaia em Valinhos e de 2,5 m3/s em Buenópolis, no Rio Jaguari. Na faixa 2, onde a operação estará entre 20% e 40%, as garantias são de 11 m/3 no Atibaia e 2 m3/s no Jaguari. Já na seca, haverá garantia de 10 m3/s na saída dos reservatórios e de 10 m3/s em Valinhos. A faixa 3, especial, ocorrerá quando os reservatórios operam abaixo dos 20%, e nesse caso a vazão meta de Valinhos será de 10 m3/s e a de Buenópolis, de 2 m3/s. Isso para que, na chuva, os rios determinem quanto de água sai do Cantareira. Com rios cheios e vazão de 12 m3/s em Valinhos significa que é possível segurar água nos reservatórios para garantir a operação que virá na seca.

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