CRISE

Cantareira tem o março mais chuvoso em sete anos

Março teve volume acumulado de 206,5 milímetros de chuva, 16% acima da média histórica do mês; mesmo assim, o estoque de água é 56,9% menor do que possuía há um ano

Maria Teresa Costa
01/04/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 18:46
Represa Jaguari-Jacareí do Sistema Cantareira, que começou a elevar seu volume neste mês, mas continua com níveis baixos para o período  (Luis Moura/ AE)

Represa Jaguari-Jacareí do Sistema Cantareira, que começou a elevar seu volume neste mês, mas continua com níveis baixos para o período (Luis Moura/ AE)

O mês de março foi o mais chuvoso desde 2008 no Sistema Cantareira, com um volume acumulado de 206,5 milímetros, 16% acima da média histórica do mês. Mesmo assim, o período da estiagem que tem início nesta quarta-feira (1â) encontra o sistema com um estoque de água 56,9% menor do que possuía há um ano.   Isso significa que os reservatórios, que nesta terça-feira (31) operaram com 19% da capacidade, estão com 238,9 bilhões de litros a menos que em 31 de março de 2014 e não irão conseguir recuperar o volume morto até o final do mês, quando tradicionalmente para de chover. Nos cálculos do governo estadual ainda faltarão 65 bilhões de litros para compensar a reserva técnica que começou a ser retirada em maio do ano passado.   Como estava Naquela data, os reservatórios armazenavam as duas cotas do volume morto e mais 131,9 bilhões de litros acima da cota de transferência por túneis entre os reservatórios, o chamado volume útil. Até esta terça, os reservatórios tinham conseguido recuperar apenas 180,8 bilhões de litros das duas cotas do volume morto, que somam 287,9 bilhões de litros. Com base nesses dados, o Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) tem recomendado que as ações de racionalização do consumo persistam nas cidades das Bacias PCJ e do Alto Tietê, onde está a Grande São Paulo, e que toda as iniciativas possíveis de serem implantadas a curto prazo para reservação da água de chuva sejam implantadas imediatamente.   Cenários possíveis   O Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee) analisou um cenário em que as afluências ao sistema, ou seja, o volume de água que entra no reservatórios, permaneçam em 60% das médias mensais da série histórica, que é de 59,5 metros cúbicos por segundo (m3/s) em março e de 43,3m3/s em abril, e as saídas (defluências totais) se mantenham na atual magnitude de 10m3/s. Partindo dos atuais 340 bilhões de litros, será possível atingir um total armazenado em torno de 420 bilhões de litros ao final de abril. Serão necessários ainda 65 bilhões de litros para recompor todo o volume morto.   O superintendente do Daee, Ricardo Borsari, informou em ofício à Agência Nacional de Águas (ANA) que os Comitês PCJ e a Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) vêm fazendo esforços consistentes para manter as retiradas do sistema equivalente em valores reduzidos e as condições climáticas têm ajudado na sua recuperação, mesmo que parcial.   Administração   “No nosso entendimento, praticar retiradas de baixa magnitude, como vem ocorrendo, continua sendo a forma viável para administrarmos o Sistema Cantareira, desde que não inviabilize o abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo”, afirmou.   A redução de chuvas na área das Bacias PCJ em março fez a vazão do Rio Atibaia baixar. Nesta terça-feira,  o rio estava com 18,9m3/s na sua passagem por Campinas. O manancial é responsável pelo abastecimento de 95% da cidade.   NascentesAs chuvas de 2014 e 2015 não conseguiram carregar em 100% as nascentes das Bacias PCJ. Prova disso é que mesmo com as chuvas acima da média histórica nos meses de fevereiro e março de 2015, as vazões dos rios nas Bacias PCJ estão abaixo da média para o período. O Consórcio PCJ prospecta que com a chegada da estiagem, a partir deste mes, as vazões dos cursos d’água devam reduzir drasticamente, deixando de atender à necessidade das atuais captações dos usuários (agrícola, urbano e industrial), que estão sendo garantidas de maneira precária e racionalmente gerenciada. Em 2014, que é considerado o período com a estiagem mais severa dos últimos 90 anos, os rios das Bacias PCJ apresentaram recordes de baixas vazões. O Rio Piracicaba, por exemplo, que nesta época mais seca do ano costuma apresentar vazões de 50m³/s, chegou apresentar 4m³/s, durante o mês de agosto, a menor vazão já registrada. O Rio Atibaia, próximo à captação de Valinhos e Campinas, teve momentos de vazões de 3m³/s, quando o natural seria de, no mínimo, 15 m³/s.

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