MANANCIAL

Cantareira só se recupera com 100 dias de chuva

A questão é que a estiagem começará na metade desse período (de cem dias a partir de agora) e não haverá tempo para a recuperação da reserva técnica

Maria Teresa Costa
13/02/2015 às 08:30.
Atualizado em 23/04/2022 às 23:52
Represa Jaguari-Jacareí do Sistema Cantareira, que começou a elevar seu volume neste mês, mas continua com níveis baixos para o período  (Luis Moura/ AE)

Represa Jaguari-Jacareí do Sistema Cantareira, que começou a elevar seu volume neste mês, mas continua com níveis baixos para o período (Luis Moura/ AE)

Estimativas do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) indicam que serão necessários cem dias com o atual regime de chuvas, que tem sido volumoso nos últimos dias no Estado de São Paulo, para recuperar todo o volume morto usado dos reservatórios até agora e colocar o Sistema Cantareira novamente com saldo positivo de volume útil — atualmente a água usada é do chamado volume morto. A questão é que a estiagem começará na metade desse período (de cem dias a partir de agora) e não haverá tempo para a recuperação da reserva técnica. No ano passado, quando teve início a estiagem, o Cantareira operava em 13% de volume útil. Reunidos no consórcio, os municípios discutiram planos de contingenciamento para enfrentar a situação e afirmaram que a burocracia tem sido empecilho para alavancar soluções de curto prazo. Os municípios e empresas que participaram do encontro relataram dificuldades na aprovação de medidas emergenciais e de contingenciamento junto a órgãos como o Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee) e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). O presidente do consórcio, Reinaldo Nogueira, está agendando uma reunião com o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo Benedito Braga, e durante esse encontro o Consórcio PCJ vai apresentar essa solicitação dos municípios e pedir mais agilidade com ações de emergência para a crise e flexibilização dessas regras. Os consorciados discutiram, além da necessidade de desburocratização na aprovação de medidas emergenciais para a crise por parte dos órgãos fiscalizadores, também o socorro aos serviços de saneamento por parte dos governos estadual e federal, planos de comunicação e sensibilização da comunidade, além do armazenamento do maior volume possível de água das chuvas que devem ocorrer até o final de março.“Não podemos deixar essa água toda passar pela calha do rio e ir embora.     Municípios, empresas e a comunidade devem reservar o máximo possível, seja por meio da construção de cisternas, bacias de retenção na agricultura, ou pequenos reservatórios”, afirmou o secretário-executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz. Para ele, é preciso intensificar a orientação de reservação da água das chuvas que estão ocorrendo para que a região possa sobreviver ao período de estiagem oficial, que começará em abril. A entidade reiterou a importância de campanhas de conscientização da comunidade sobre a real situação hídrica do Estado, além de orientações de como realizar o armazenamento adequado de água de chuva, com o objetivo de evitar contaminações e uma epidemia de dengue no futuro (o mosquito transmissor da doença se reproduz na água parada). “Temos de guardar essa água, mas com todo o cuidado necessário para não criarmos um problema de saúde pública no futuro”, alertou Lahóz.  

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