recursos hídricos

Cantareira reduz água para o PCJ

O Sistema Cantareira reduziu pela metade o volume de água descarregado nos mananciais das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ)

Maria Teresa Costa
06/06/2019 às 10:55.
Atualizado em 30/03/2022 às 21:12

O Sistema Cantareira reduziu pela metade o volume de água descarregado nos mananciais das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) desde a última semana, para preservar o sistema e garantir o abastecimento durante a estiagem. A redução é parte de um conjunto de operações desencadeadas e que incluem a transposição de 5 metros cúbicos por segundo (m3/s) da represa Jaguari, na Bacia do Rio Paraíba do Sul, para o reservatório Atibainha, no Sistema Cantareira, visando garantir volumes suficientes de reserva para o enfrentamento do período seco hidrológico, iniciado em 1º de junho. Com a redução, o sistema passou a descarregar ontem 0,5 m3/s no Rio Jaguari e 3 m3/s no Rio Atibaia, manancial responsável por 95% do abastecimento de Campinas. Essas manobras, avalia o coordenador da Câmara de Monitoramento Hidrológico dos Comitês de Bacias PCJ, Alexandre Vilella, garantirão que tanto a Grande São Paulo, quanto os municípios da região de Campinas, tenham condições de enfrentar, com tranquilidade uma eventual repetição da crise hídrica que ocorreu entre 2014 e 2015. O Cantareira operou ontem com 58,1% da capacidade de volume útil, situação muito mais confortável que a enfrentada há quatro anos, quando o volume morto das barragens já estava sendo bombeado para manter as cidades sob condição de abastecimento, e vários municípios lançavam mão de rodízio de fornecimento à população. Estiagem No período seco, que vai de 1º de junho a 30 de novembro, a gestão do Sistema Cantareira passa a ser feita pelo Comitês das Bacias PCJ. Com volume de armazenamento abaixo de 60%, o nível de operação está sob atenção. “Tivemos chuvas inesperadas no início da semana, que aumentaram o volume dos rios, e nos permite reduzir a vazão do Cantareira e segurar água nos reservatórios”, afirmou. Mesmo com a redução, o volume de água no Rio Atibaia, ontem, ficou em 11,9 m3/s, acima da média histórica registrada nos meses de junho. Essa vazão é medida no posto de monitoramento em Valinhos, distante um quilômetro da captação de água pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa). As novas regras da outorga do Cantareira garantem, no período seco, uma vazão média de 10 m3/s nesse posto. Se o rio baixar, o Cantareira libera água para elevar a vazão naquele ponto do rio. Vilella lembra que tanto a Grande São Paulo quanto a região de Campinas estão em melhor situação de enfrentamento de eventual crise hídrica. Um fator importante é que a Região Metropolitana de São Paulo não é mais tão dependente do Cantareira. Antes da crise hídrica, o Cantareira produzia cerca de 33 m3/s, hoje produz em média 25 m3/s, ou seja, cerca de 25% menos. Abastecia cerca de 10 milhões de pessoas e hoje são aproximadamente 7,5 milhões. A redução foi suprida com a participação de outros sistemas (inclusive o novo Sistema São Lourenço e a interligação Jaguari-Atibainha) e a adoção de um consumo racional por parte da população. Transposição colaborou para o equilíbrio A interligação Jaguari-Atibainha, que foi inaugurada no ano passado, permite a transposição de água entre os reservatórios (o Jaguari, na Bacia do Paraíba e o Atibainha, no Cantareira). Desde o início do mês, 5,3 m3/s estão sendo liberados no Jaguari para incrementar a reserva no Cantareira. A obra de interligação exigiu investimentos de R$ 555 milhões na construção de adutora e túnel que criarão uma mão dupla no transporte de água. Quando o Cantareira estiver com baixo armazenamento será trazida água da Represa Jaguari e quando estiver acima de 75%, a água será bombeada da Atibainha para a Jaguari. Isso evitará a necessidade de usar o volume morto nos períodos de severa estiagem e de abertura de comportas do Cantareira, nos períodos de muita chuva. A adutora percorre topografias diversas e possui vários dispositivos de controle de passagem de água, com chaminé de controle de equilíbrio de água circulante, tanque de amortecimento unidirecional (TAU), entre outros. A estrutura vence um desnível de quase 260 metros para chegar à represa de Atibainha. Quando a adutora atinge seu ponto mais alto, ela torna-se um túnel.

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