ABASTECIMENTO

Cantareira: mais seco que em 2013

Volume de chuvas no sistema em abril ficou 74,1% abaixo da média histórica do mês de 86,6mm

Maria Teresa Costa/ AAN
30/04/2018 às 08:43.
Atualizado em 28/04/2022 às 07:13
Embarcação atravessa as águas da Represa do Jaguari, em Jacareí, interior de São Paulo, que abastece o Sistema Cantareira, no ano de 2016 (Cedoc/RAC)

Embarcação atravessa as águas da Represa do Jaguari, em Jacareí, interior de São Paulo, que abastece o Sistema Cantareira, no ano de 2016 (Cedoc/RAC)

O Sistema Cantareira fecha abril com volume de chuva abaixo da média e armazenando o equivalente a 51,3% da capacidade de reserva do volume útil, cenário pior do que o verificado em 2013, ano que antecedeu a maior crise hídrica do sistema. O Cantareira está operando na faixa de atenção. Em 2013, os reservatórios chegaram ao final de abril com 65,4% da capacidade e a reserva seguiu em queda até que, em maio do ano seguinte, bombas começaram a captar as águas mais profundas do reservatório, o chamado volume morto, para evitar o desabastecimento das cidades da Grande São Paulo e da região de Campinas. O volume de chuvas no sistema em abril ficou 74,1% abaixo da média histórica do mês, de 86,6 milímetros – choveu apenas 22,4mm. Embora o volume armazenado esteja mais baixo do que no ano que antecedeu a crise hídrica – ontem havia 507 bilhões de litros de volume útil – , as condições de operações do sistema são melhores. O novo Sistema Produtor São Lourenço entrou operação atendendo cidades da Grande São Paulo, que antes dependiam do Cantareira, e a interligação das represas Jaguari, na Bacia do Paraiba do Sul, e Atibainha, nas Bacias PCJ está pronta, o que permitirá, em caso de nova crise, que águas do Paraíba do Sul possam ser transferidas para o Cantareira. O Sistema Produtor São Lourenço e a interligação Jaguari-Atibainha trarão mais 11,5 mil litros de água por segundo para o abastecimento das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas. O sistema liberou ontem 6,5 metros cúbico de água por segundo (m3/s), sendo 2 m3/s no Rio Jaguari e 4,5 m3/s no Rio Atibaia. A vazão média registrada ontem no Atibaia, responsável pelo abastecimento de 95% de Campinas, foi de 13,7 m3/s. As novas regras de operação do sistema estabelecem que quando os reservatórios estiverem operando acima de 40% da capacidade, na chamada faixa 1, no período úmido (que vai até o final de maio) será garantida vazão de 12m3/s no Rio Atibaia em Valinhos e de 2,5m3/s em Buenópolis, no Rio Jaguari. Na faixa 2, onde a operação estará entre 20% e 40%, as garantias são de 11m/3 no Atibaia e 2m3/s no Jaguari. Já na seca, que começa em junho, haverá garantia de 10m3/s na saída dos reservatórios e de 10m3/s em Valinhos. A faixa 3, especial, ocorrerá quando os reservatórios operam abaixo dos 20%, e nesse caso a vazão meta de Valinhos será de 10m3/s e a de Buenópolis, de 2m3/s. Isso para que, na chuva, os rios determinem quanto de água sai do Cantareira. Com rios cheios e vazão de 12m3/s em Valinhos significa que é possível segurar água nos reservatórios para garantir a operação que virá na seca. No conjunto das novas regras, a avaliação dos técnicos das Bacias PCJ é que houve uma evolução importante em relação a outorga de 2004. De uma liberação de 5m3/s fixada naquela época, a Agência Nacional de Águas (ANA) e Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee) fixaram uma vazão meta de 10m3/s na nova outorga. Para o especialista em recursos hídricos, Pedro José Pascoal, se as regras forem cumpridas, a região será menos penalizada na seca do que foi na crise hídrica. “Toda a experiência na gestão dos recursos hídricos que tivemos na crise hídrica deixou ensinamentos importantes que foram contemplados na nova outorga. Vamos ver se a regras serão eficientes na próxima estiagem”, disse.

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