Mesmo com chuvas acima da média nas barragens, sistema está abaixo do esperado para enfrentar época de estiagem
Mesmo com chuvas 16,1% acima da média histórica do mês nas barragens, o Sistema Cantareira fechou fevereiro com 463,27 bilhões de metros cúbicos armazenados, menos da metade da capacidade de operação do volume útil, e em nível pior que há um ano. O sistema encerrou o mês operando com 47,2% da capacidade, ainda dentro do nível de atenção, situação preocupante para a recuperação dos reservatórios para enfrentar o período da estiagem, que começará em abril. Para atravessar a estiagem com mais tranquilidade, o sistema precisará chegar a abril com pelo menos 60% da capacidade. A partir deste mês, o volume de chuvas começa a reduzir. Na região dos reservatórios, a média histórica de 203,4 milímetros de chuva em fevereiro cai para 178,8mm em março. O Cantareira, em função do período de chuvas, vem liberando menor volume de água para a região de Campinas, para poder reter reserva nas barragens. As chuvas nas regiões dos afluentes dos rios Jaguari e Atibaia estão garantindo bom volume de água nesses mananciais, permitindo segurar água no sistema. Desde meados de fevereiro, o Cantareira está liberando 0,50 m3/s no Rio Jaguari e 0,50m3/s no Rio Atibaia. O Rio Atibaia, principal manancial de Campinas, responsável por 95% do abastecimento da cidade, registrou vazão nessa sexta-feira (1º), às 7h, no posto de monitoramento de Valinhos, de 52,94m3/s, bem acima da média histórica do mês que é de 29,94m3/s. O volume garante com tranquilidade o abastecimento da cidade, que utiliza 4m3/s. Se a situação mudar e os reservatórios não chegarem a abril armazenando mais de 60% de sua capacidade, um socorro virá da transposição das águas da represa Jaguari, na Bacia do Paraíba do Sul, para a represa Atibainha, em Nazaré Paulista e que integra o Sistema Cantareira. Os reservatórios do sistema estão operando na faixa 1, que é de atenção, quando armazenam entre 40% e 60% do volume últil. Nessa faixa, para o período de chuvas, a vazão média móvel de sete dias consecutivos tem garantia mínima de 12m3/s no posto de controle Valinhos, no rio Atibaia, e de mínima de 2,5m³/s no posto de controle de Buenópolis, no Rio Jaguari. Se as vazões nos rios baixarem além do mínimo definido, há aumento de liberação pelas barragens do Cantareira. O sistema Cantareira é formado por cinco reservatórios (Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro), que são conectados por túneis subterrâneos e canais e formam o Sistema Equivalente do Cantareira. O Sistema faz a transposição entre duas bacias hidrográficas, importando água da Bacia do Rio Piracicaba para a Bacia do Alto Tietê. Dos 33m³/s de água produzidos, apenas 2m³/s são produzidos na Bacia do Alto Tietê, pelo Rio Juquery. Dos 31m³/s produzidos na Bacia do Piracicaba, 22m³/s vêm dos reservatórios Jaguari-Jacareí, cujas bacias estão inseridas majoritariamente no estado de Minas Gerais. Além deles, as nascentes dos principais tributários do Rio Cachoeira estão localizadas em Minas Gerais, o que faz com que cerca de 45% da área produtora de água para o sistema esteja em território mineiro.