Cada parlamentar pode gastar R$ 274,1 mil com a propaganda eleitoral. Portanto, juntos, os 32 vereadores que disputam a reeleição poderão investir R$ 8,3 milhões na campanha eleitoral
A baixa arrecadação dos vereadores é fruto das novas regras eleitorais que entraram em vigor neste ano, que proibiram a doação de pessoas jurídicas (Agência Brasil)
A menos de um mês para a eleição, os vereadores de Campinas candidatos à reeleição declararam à Justiça Eleitoral terem arrecadado somente R$ 604,6 mil, equivalente a apenas 6,9% do limite total de gasto imposto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Cada parlamentar pode gastar R$ 274,1 mil com a propaganda eleitoral. Portanto, juntos, os 32 vereadores que disputam a reeleição poderão investir R$ 8,3 milhões na campanha eleitoral. O vereador Artur Orsi (PSD) não concorre à reeleição porque disputa a Prefeitura. A baixa arrecadação dos vereadores é fruto das novas regras eleitorais que entraram em vigor neste ano, que proibiram a doação de pessoas jurídicas. A campanha empobrecida reflete nas ruas. Ao contrário das eleições anteriores, quando as propagandas dos candidatos tomavam conta da cidade, a campanha neste ano é tímida e com pouca publicidade. O vereador Marcos Bernardelli (PSDB) é o que arrecadou a maior quantia até aqui, com montante de R$ 56 mil. O parlamentar é o maior financiador de sua campanha, com uma doção de R$ 15 mil com recursos próprios. Ele recebeu ainda outras oito doações. A seguir estão Antonio Flores (PSB), com total de R$ 45 mil, Tico Costa (PP), que arrecadou R$ 44,5 mil e Luiz Henrique Cirillo (PSDB) e Jorge Schneider (PTB), que contabilizam R$ 40 mil cada em receita para a campanha. A menor arrecadação declarada é do vereador Carlão do PT, que recebeu uma única doação de R$ 600. O mais curioso, no entanto, é que quatro vereadores não declararam nenhuma receita — Aurélio Cláudio (PMB), Jeziel Silva (PP), Jairson Canário (SD) e Cid Ferreira (SD). Porém, eles exibem material de campanha pelas ruas da cidade, como propaganda no vidro traseiro de carros, placas e os tradicionais santinhos. A minirreforma eleitoral imposta pela Justiça Eleitoral para o pleito deste ano trouxe uma série de mudanças na campanha. Entre as principais alterações estão a proibição da doação de pessoa jurídica, o que reduziu o volume de recursos que entram para os candidatos. Além disso, pela primeira vez o Tribunal Superior Eleitoral estipulou um limite de gastos para os concorrentes à Prefeitura e a uma vaga na Câmara, dependendo do número de eleitorado do município. Cada candidato a vereador de Campinas pode gastar até R$ 274,1 mil. Para Roberto Romano, professor aposentado de ética e filosofia da Unicamp, as alterações na lei acabaram beneficiando os candidatos que têm mais recursos próprios ou são de famílias abastadas, tornando a disputa desigual do ponto de vista econômico. “Essa regra da proibição do financiamento privado de campanha foi absolutista. Saiu de uma lei que não garantia o combate contra a corrupção e caiu na guerra de todos contra todos”, avaliou. “Aqueles que têm mais riqueza pessoal e amizade com pessoas ricas recebem doações maiores. Em vez de um avanço contra a corrupção, tem uma reinstalação do poder oligárquico dos ricos.” De acordo com João Miras, especialista em marketing político, a proibição de doações de pessoas jurídicas mudou o perfil da campanha eleitoral. Com menor volume de recursos financeiros, foi necessário adaptar o custo e os materiais produzidos para a propaganda eleitoral. “No geral, os custos estão caindo. Mas o surpreendente é que percebemos que havia enorme gordura e inflacionamento. O que está diminuindo é o custo. Estamos tentando nos adaptar a uma nova realidade”, afirmou.