Deputado petista critica medida e apoia "governistas" na cidade
Jonas recebe o deputado federal petista Cândido Vaccarezza, que critica expulsão de governista pelo PT (Luiz Granzotto/Divulgação)
A expulsão pelo PT do secretário de Trabalho e Renda de Campinas, Jairson Canário, acirrou o confronto entre os grupos contrários e favoráveis à participação de petistas no governo de Jonas Donizette (PSB). O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT) esteve ontem em Campinas com o prefeito e criticou a decisão do partido — foram 21 contra 24 votos a favor da expulsão de Canário na última terça-feira. Além de apresentar recurso no diretório estadual da legenda, o secretário informou que vai recorrer à Justiça comum para tentar voltar ao partido.
Ex-líder do governo na Câmara dos Deputados, Vaccarezza apoia a aliança entre o PT e o PSB de Jonas. “Sou contra fazer oposição, o PT tem que dar base de sustentação dos governos do PSB. Nos interessa, inclusive, atrair o PSB, que é aliado legal e fiel da presidente Dilma”, disse o deputado, que esteve com Jonas para discutir a proposta de instalação de uma universidade federal em Campinas.
Questionado se a preservação da aliança com o PSB é uma preocupação do PT nacional com a disputa de 2014 ele disse que sim, “mas não só”. O presidente do diretório nacional do PSB e governador do Pernambuco, Eduardo Campos, é um dos nomes fortes para disputar as eleições. “O PSB deu apoio a Dilma por todo esse período, e ao Lula também.” Para ele, neste momento, “não dá para tratar o Eduardo Campos como candidato”.
Vaccarezza esteve com Canário em sua visita a Campinas. O secretário disse que irá recorrer à Justiça com o argumento de que não teve acesso aos autos do processo para poder apresentar a sua defesa e evitar sua expulsão. Também recorrerá ao diretório estadual, em São Paulo. “Me deram o prazo de 10 dias para apresentar a minha defesa, eu pedi os documentos em que tinha a acusação e não me deram. Fiz apenas a minha defesa oral em 10 minutos”, disse. “O PT de Campinas está fazendo igual à época da ditadura, faz política do próprio umbigo”, reclamou.
O secretário-geral do PT Campinas, Paulo Mariante, negou a acusação de Canário e disse que os autos do processo, em que havia a acusação, nunca foram solicitados. “Ele foi notificado e nunca compareceu. Quando mandamos a notificação tinha, inclusive, um resumo sobre isso.”
Mariante também negou a acusação feita por Canário de que seu processo não passou pela comissão de ética, como prevê o estatuto do partido. Segundo o secretário-geral, o processo de expulsão é realizado por uma comissão processante composta pela executiva e pela comissão de ética.
Governistas
Além de Canário, mais 12 petistas que continuam no governo de Jonas — que tem como vice-prefeito Henrique Magalhães Teixeira, do PSDB — também serão julgados. A votação estava marcada para ocorrer no último sábado, mas foi adiada por falta de quorum. Os grupos dos que apoiam e dos que são contrários às expulsões dos petistas acusam um ao outro de realizar manobras para que a reunião fosse esvaziada e ficasse sem quorum para votação, protelando a decisão. A reunião foi conflituosa, mas não houve confusão nem pancadaria, como na semana anterior.
As comissões processantes estão sendo abertas pelo PT de Campinas depois que uma resolução determinou que os militantes não podem participar do governo de Jonas. O prefeito, além de estar aliado ao PSDB, disputou as eleições com o candidato pelo PT, Marcio Pochmann.