DIFICULDADE

Campo sofre os efeitos da seca de 2014

A chuva abaixo da média e o calor excessivo registrados ano passado comprometeram a produção do campo na região de Campinas

Bruno Bacchetti
12/07/2015 às 07:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 16:39
Neste ano as chuvas aumentaram e os produtores de cana-de-açúcar estão comemorando, com plantações que já chegam a 3 metros de altura (Cesar Rodrigues/ ANN)

Neste ano as chuvas aumentaram e os produtores de cana-de-açúcar estão comemorando, com plantações que já chegam a 3 metros de altura (Cesar Rodrigues/ ANN)

A chuva abaixo da média e o calor excessivo registrados ano passado comprometeram a produção do campo na região de Campinas e trouxeram grandes prejuízos aos produtores. O valor da produção agropecuária (VPA) do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Campinas em 2014 foi de R$ 1,115 bilhão, montante 5,2% inferior a 2013, quando o VPA atingiu R$ 1,177 bilhão. Levando em consideração a inflação oficial de 6,4% medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda em termos reais chega a 11,6%. É a primeira vez desde 1999 que o valor da produção agropecuária tem baixa de um ano para o outro na região. Os dados foram divulgados no início do mês pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), ambos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.A carne de frango continua com o maior VPA (R$ 346,8 milhões) e representa um terço do total. No entanto, em 2013 a avicultura rendeu aos produtores da região R$ 382,3 milhões, valor 9,3% superior ao ano passado. Depois do frango, os produtos agropecuários com maiores valores gerados são a cana-de-açúcar (R$ 132,9 milhões), uva de mesa (R$ 123 milhões) e figo para mesa (R$ 75 milhões). Ao lado do frango, os quatro principais produtos correspondem a 60% do total da região. O diretor do Escritório de Desenvolvimento Rural da Cati em Campinas, José Augusto Maiorano, reconhece que a falta de chuva atrapalhou as plantações e derrubou a produção. Além do clima, Maiorano acredita que outros dois fatores contribuíram para o resultado negativo: a queda nos preços dos produtos e a redução da área de plantação graças ao crescimento da área urbana. “Foi um ano difícil e estamos tentando modificar. A seca foi muito forte, 2014 foi um ano apavorante. A região sofreu muito com a expansão urbana, que diminuiu a área de plantação, e os preços dos produtos caíram com a crise da economia, porque o pessoal comprou menos”, avalia.Uma das culturas que mais sofreu com a falta d'água foi a cana-de-açúcar. Tradicional na região, a cana não cresceu o suficiente em função da pouca chuva e o baixo rendimento tem feito os produtores migrarem para outras lavouras, como soja e milho. Outro problema é que a legislação proibiu a queima da cana perto da cidade e tem inibido os produtores. “A produtividade da cana caiu por causa da seca, ano passado não choveu e a cana não cresceu. A queima também foi proibida perto da cidade, e como a região é conurbada ficou difícil. Muitas usinas estão entregando as áreas e a tendência é continuar caindo”, afirma Maiorano. Presidente da Associação de Fornecedores de Cana-de-Açúcar de Santa Bárbara d'Oeste, Ivan Soares Diniz confirma que 2014 foi um ano muito ruim para as lavouras da região por causa das chuvas abaixo da média e diz que a queda na produtividade chegou a 30% em algumas plantações, influenciando diretamente no valor gerada aos produtores. “No ano passado tivemos uma queda grande na produção por causa da seca. Para alguns produtores chegou a 20%, outros 25%, 30%, dependendo de onde estava localizada. A cana simplesmente não teve tamanho e perdeu volume”, conta Diniz. O preço da cana-de-açúcar também se mantém estável, por isso o pouco que foi colhido não teve retorno elevado. “O preço da cana é atrelado à cotação internacional do açúcar. Como o estoque anda equilibrado, o preço continua parecido”, completa.A boa notícia, segundo Diniz, é que as chuvas voltaram a cair neste ano em nível superior ao ano passado, e deram fôlego maior para a lavoura da cana. “Não tem nem comparação, a colheita está com bom volume, cana alta, algumas plantações com três metros de altura”, festeja.

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