VÍCIO DO FUMO

Campineiros ampliam busca por programa antitabagismo

Em 2024, 1.996 pessoas frequentaram os grupos de tratamento

Bruno Luporini/[email protected]
01/02/2025 às 12:26.
Atualizado em 01/02/2025 às 12:26
No ano passado, 1.211 pessoas afirmaram ter parado de fumar depois de participar do programa (Kamá Ribeiro)

No ano passado, 1.211 pessoas afirmaram ter parado de fumar depois de participar do programa (Kamá Ribeiro)

Aumentou o número de pessoas que aderiram ao Programa Municipal de Tabagismo oferecido pela Secretaria de Saúde de Campinas em busca de uma solução para o vício do fumo. Em 2024, frequentaram os grupos de atendimento 1.996 pessoas, o que representa um aumento de 40% em relação ao ano de 2023, com 1.425 pessoas. De acordo com a coordenadora da Área Técnica de Assistência Farmacêutica do Departamento de Saúde, Vivian Cristina Nunes, atualmente são 44 centros de saúde que oferecem o atendimento gratuito à população.

Segundo dados da secretaria, no ano passado, 1.211 pessoas afirmaram ter parado de fumar depois de participar do programa, o que representa uma taxa de sucesso de 60%.Os grupos têm atendimento multiprofissional, com a participação de médicos, enfermeiros, terapeutas e dentistas. Dessa forma, a orientação para o processo de superação do vício é feita para entender o caso de cada paciente. O objetivo é potencializar o tratamento, aumentando o êxito. Os cidadãos pode consultar os Centros de Saúde que oferecem os serviços através do documento eletrônico: https://portal-api.campinas.sp. gov.br/sites/default/files/secretarias/arquivos-avulsos/125/2024/01/19-135801/ Unidades_Programa_Tabagis mo.pdf 

Vivian explicou que existem pacientes que conseguem parar de fumar sem medicação, superarando o vício somente com a participação nos grupos. "O trabalho em conjunto é mais eficaz, pois as pessoas se apóiam no exemplo de quem já está mais avançado no programa". Existem outros pacientes que precisam de um apoio medicamentoso para o tratamento. Para esses casos são indicados os adesivos ou balas de nicotina e também a cloridrato de bupropiona, medicamento utilizado para diminuir a ansiedade. A coordenadora reforça que para a utilização dos adesivos é necessário que o paciente já tenha parado de fumar. "Fazemos um agendamento com a pessoa para iniciar esse processo de forma correta". 

Consultado pela reportagem do Correio Popular, o médico da família Fernando Bastos Pacheco, destacou que "a cada ano, cerca de 80% dos tabagistas têm vontade de parar de fumar, porém, apenas 3% obtêm sucesso sem ajuda profissional". Reforçando que os programas de combate ao tabagismo são fundamentais, pois contam com o acompanhamento de pacientes em grupos de apoio, com tratamentos multidisciplinares envolvendo atendimentos médicos, discussões em grupos, ensino de medidas comportamentais e, eventualmente, a prescrição de medicamentos e terapia de reposição de nicotina. 

Pacheco reforçou que as inúmeras toxinas presentes no cigarro, além da nicotina, aumentam os riscos de inúmeros tipos de câncer, em especial pulmão, boca, estômago, pâncreas, rins e bexiga. Enfraquece as defesas naturais do corpo aumentando o risco de infecções como tuberculose, pneumonias e respiratórias em geral, inclusive infecção por coronavírus. "O cigarro leva a disfunções sexuais, como impotência nos homens e infertilidade nas mulheres". Enfraquece os ossos, aumentando o risco de osteoporose e osteopenia. Risco aumentado de infarto e AVC. E o uso crônico após muitas décadas inevitavelmente levará a uma doença pulmonar conhecida como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, que causa um desconforto respiratório constante e não tem um tratamento de cura efetivo. 

SUPERAÇÃO 

O médico explicou que o primeiro passo é que o fumante consiga se convencer da necessidade de parar de fumar. "A jornada de parar de fumar precisará de muita determinação e força de vontade, assim esse reconhecimento inicial é fundamental". Após essa primeira etapa, o fumante deve procurar uma pessoa de confiança que consiga direcionar o paciente para um tratamento adequado. Segundo o médico, essa pessoa pode ser um familiar, amigo próximo ou profissional da área da saúde. "O importante é que o vínculo entre eles seja significativo". 

Este é o caso da jornalista Karime Ribeiro, 42. Ela começou a fumar ainda na adolescência, com 13 anos. Karime contou que por anos teve a vontade de parar com o vício. "Achava que com 40 anos conseguiria parar, mas não aconteceu". A jornalista buscou ajuda espiritual e no amor que sente pelos dois filhos para reunir a força de vontade necessária. "Minhas crias precisam de mim, por isso preciso me cuidar". Ela explicou que já não conseguia realizar as atividades diárias com o desempenho esperado, "logo ficava cansada". 

Agora, há mais de 170 dias sem cigarro, já começou a sentir os efeitos positivos como paladar mais aguçado, diminuição nas crises de rinite, melhora no hálito, diminuição nas inflamações de gengiva e melhora na capacidade pulmonar são alguns dos sinais já percebidos. Dentre as estratégias para driblar uma possível recaída estão: manter em dia o acompanhamento com uma psicóloga, suco natural de frutas, chocolate e até mesmo o uso de pirulito. "Ver alguém fumando ainda é um gatilho, então eu saco um pirulito da bolsa". 

CIGARRO ELETRÔNICO 

Mais comum entre os jovens, o cigarro eletrônico tende a substituir o cigarro convencional. A coordenadora Vivian Cristina Nunes explicou que, por serem produtos proibidos pela legislação brasileira, não há como mensurar com precisão o quanto ele está disseminado na sociedade, porém, ela percebe que muitos jovens fazem o uso do dispositivo. No entanto, o público composto por adolescentes e jovens com menos de 30 anos é o que menos procura o serviço de saúde. Por isso, o objetivo para 2025 é reforçar as campanhas de conscientização nas escolas do município. Pacheco alertou que os cigarros eletrônicos causam dependência e também trazem riscos consideráveis à saúde, assim como o cigarro convencional. Para ele o tema deve ser tratado com mais frequência, mostrando de forma prática e ilustrativa os riscos aos quais os usuários estão expostos.

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