IMPACTOS DA GREVE

Campineiro peregrina nas compras

A falta de alguns itens nos supermercados da cidade, entretanto, obrigou o consumidor a visitar mais de uma loja para cumprir toda a sua lista

Daniel de Camargo
28/05/2018 às 10:20.
Atualizado em 28/04/2022 às 10:21
Cartaz avisa sobre limite de compra em um supermercado localizado na região do Campos Elíseos: estabelecimentos estipulam quantidade máxima (Thomaz Marostegan/Especial para a AAN)

Cartaz avisa sobre limite de compra em um supermercado localizado na região do Campos Elíseos: estabelecimentos estipulam quantidade máxima (Thomaz Marostegan/Especial para a AAN)

Apesar dos problemas de abastecimento enfrentados nos últimos dias, em decorrência da greve dos caminhoneiros, quem foi às compras ontem em Campinas não voltou para casa de mãos abanando e encontrou os estabelecimentos com seu fluxo normal de pessoas para um domingo.  A falta pontual de alguns itens nos diversos supermercados espalhados pela cidade, entretanto, obrigou o consumidor a visitar mais de uma loja para cumprir toda a sua lista de compras. Além disso, os cidadãos tiveram de arcar com valores superiores aos tradicionalmente pagos em determinados alimentos, devido a sua escassez. O quilo da batata, por exemplo, dobrou de preço, saltando dos R$ 4 praticados em média para R$ 7,99. Adão Mendes, gerente do Oba Hortifrúti, situado no bairro da Ponte Preta, informou que a unidade estava sem frutas como abacaxi, morango e mamão - o último em falta desde a última quinta. Isto, segundo ele, se dá ao fato destes itens virem de estados mais distantes. Mendes explica também, que cada comércio deve estar sofrendo de acordo com a quantidade de produtos armazenadas no estoque. Fora os itens que são repostos diariamente por perecerem em um prazo mais curto como, por exemplo, a batata, que estava em pouca quantidade. "Entre hoje e amanhã, devemos receber mais", comentou. Outro problema apontado por Mendes foi a variação nos preços. "O quilo do tomate pulou de R$ 5 para R$ 9", disse. Todos devem ceder Leandro Tavares, químico de 43 anos, foi com a mulher ao supermercado e cumpriu a tradição de domingo: fez a compra para a semana. "Encontramos tudo o que precisávamos", disse, completando que está tranquilo quanto à situação, pois entende que ela está no fim. "O governo vai ter que ceder em alguns pontos e os caminhoneiros em outros. Creio que tudo se resolva na próxima semana", analisou. Ítalo Araújo, responsável pelo setor de mercearia da unidade da rede Covabra no Vila Nova, comenta que a clientela está apreensiva. "As pessoas estão procurando estocar quantidades grandes de alimentos", afirma, e explica que o perfil das compras mudou: "Todo mundo parece estar focado em levar o básico (arroz, feijão e carne). O que é supérfluo está sendo deixado de lado". Araújo cita que a loja não tem a operação muito prejudicada porque tem um centro de distribuição em Sumaré. Porém, comenta que o setor mais prejudicado é o FLV (Frutas, Legumes e Verdura), além da folhagem, que engloba alface e rúcula, entre outros. Contudo, ele espera por um reabastecimento hoje, quando as Centrais de Abastecimento Campinas (Ceasa) reabrem. No último balanço feito na sexta, o abastecimento da Ceasa estava comprometido. Segundo a central, entre 20% a 45% do total de produtos hortifrutigranjeiros comercializados diariamente foram descarregados no entreposto. Geralmente, em dias de mercado (segundas, quartas e sextas), a média movimentada é de 4.230 toneladas/dia. Desabastecimento No quarto dia da greve (última quinta), a Associação Paulista de Supermercados (Apas) informou que as paralisações estavam causando, principalmente, o desabastecimento de itens de FLV (Frutas, Legumes e Verduras), que são perecíveis e dependem de abastecimento diário. O texto dizia ainda que, "carnes, leite e derivados, panificação congelada e produtos industrializados que levam proteínas no processo de fabricação estão com as entregas comprometidas". A entidade esclareceu ainda que, alguns supermercados já realizavam ações de contramedida, limitando a venda a uma quantidade máxima por consumidor, por exemplo. A Apas informou aguardar soluções imediatas e eficazes por parte do Governo para que “empresários não sejam impactados e, principalmente, que a população não sofra com a falta de produtos de necessidade básica”. Gerente da unidade do Vila Supermercados, na Vila Padre Manoel de Nóbrega, Adriano Melo, diz que está recorrendo ao seu estoque, mas que estão trabalhando normalmente, sem restringir a quantidade de produto aos clientes e mantendo os valores de oferta já divulgados. No entanto, Melo revela que não deve realizar os feirões hortifrúti, geralmente às segundas e terças. Isto, devido a possível falta de itens que já estão no fim. Abras De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), há desabastecimento de produtos perecíveis nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco, Tocantins, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. “Após a greve, pode levar de 5 a 10 dias para normalizar o abastecimento, dependendo da região”, estima a instituição.

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