DESAFIO

Campineiro desafia o Vale da Morte, na Califórnia

O campineiro batalhou para angariar fundos para a viagem que durará 10 dias mas, no fim, teve que custear com os próprios recursos

Gustavo Abdel
17/07/2016 às 18:50.
Atualizado em 22/04/2022 às 23:24

O ultramaratonista e bombeiro de Campinas, João Morelli Neto, de 46 anos, será um dos 100 competidores a enfrentar 217 km pelo Vale da Morte, na Califórnia (EUA), na ultramaratona Badwater - considerada a corrida mais difícil do planeta. Morelli e os demais competidores começam a encarar hoje a batalha, e já se sente vitorioso em ter seu currículo selecionado entre mais de 600 candidatos. O campineiro batalhou para angariar fundos para a viagem que durará 10 dias mas, no fim, teve que custear com os próprios recursos. A Badwater é percorrida numa única etapa e pode ser concluída em até três dias. No entanto, Morelli espera em 48 horas atravessar o Vale da Morte e chegar ao monte Whitney, com 4.421 metros de altitude. A largada acontece na baía de Badwater, a 86 metros abaixo do nível do mar. Estes dois locais são, respetivamente, o ponto mais baixo e mais alto do território continental dos Estados Unidos, obrigando os participantes a uma subida acumulada de mais de 4.000 metros. Além do campineiro, somente outros dois brasileiros estão entre os 100 competidores selecionados. Um é de Curitiba (PR) e outro de Uberlândia (MG), e a maioria dos ultra-atletas são norte-americanos. “Meu currículo foi aprovado em fevereiro e foi uma grande felicidade. Em 2014 estive no Badwater, mas por um problema na organização não atravessei o Vale da Morte, e sim um outro trajeto (Cerro Gordo), com mais montanhas" , explicou. Na ocasião, dos 217 km Morelli fez aproximadamente 135 e foi orientado a parar, por que estava desidratado. O ultramaratonista brasileiro Valmir Nunes fez história em 2007 e até hoje tem o melhor tempo de prova: 22h51min59s Na planície do Vale da Morte os corredores vão enfrentar até 56º C, com sensação térmica de 70º C. A região detém, inclusive, o recorde como o ponto mais quente da Terra (56,7 ºC, no dia 10 de Julho de 1913). Na bagagem, o campineiro levará 25 litros de soro, além de isotônico para se manter bem hidratado. "A única dificuldade é o calor" , resumiu. Com ele vai um companheiro de apoio de prova, que o acompanhará com um veículo. O treinamento de Morelli é intenso: são 15 km durante a semana e 40 km aos finais de semana. Mas em matéria de distância o atleta está acostumado - tirando o calor. Ele já percorreu três vezes a Ultramaratona dos Anjos, de 235 km, considerada a mais dura do Brasil (tempo limite de 60 horas). Também já percorreu, em três ocasiões, a prova Brazil 135+, considerada a melhor forma de se qualificar para correr a Badwater no Vale da Morte. Essa prova percorre o Caminho da Fé, de São João da Boa Vista até Paraisópolis. Há seis anos Morelli começou a competir ultramaratonas. Um dos sonhos de qualquer atleta é enfrentar o Vale da Morte, mas para isso existe um custo. "Desembolsei cerca de R$ 25 mil para competir. Não consegui patrocínio à tempo, e então o jeito foi fazer investimento próprio" .

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