Setores de urgência e emergência dos hospitais públicos estão saturados na cidade
Pacientes aguardam no Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas da Unicamp (Dominique Torquato/AAN)
Campinas vive dias de caos nos setores de urgência e emergência na área da Saúde pública. A redução do número de leitos com o fechamento de convênios com hospitais privados e o déficit de médicos estão provocando a superlotação das unidades de saúde. A esse problema se soma a demissão de médicos contratados pelo Convênio do Cândido Ferreira. O Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) atualmente atende 70% mais pacientes do que a sua capacidade. No Hospital Municipal Mário Gatti, o setor vermelho, onde são atendidos os casos graves e urgentes, trabalha com movimento 150% acima da capacidade.
A Superintendência do HC divulgou uma nota oficial ontem informando que a Unidade de Emergência Referenciada (UER) do hospital está trabalhando acima de sua capacidade máxima, muito próxima do limite humano, da área física, de equipamentos e de recursos materiais, principalmente os de emergência. Na última terça-feira foram feitos 400 atendimentos, quando a média geral fica em torno de 280. A maior parte dessa demanda extra é de pacientes graves que aguardam vagas para internação. “A superintendência do hospital ressalta que caso a situação se mantenha, poderá haver comprometimento da qualidade da assistência”, diz a nota.
O setor vermelho do Mário Gatti tem capacidade para atender quatro casos urgentes por dia, mas ontem atendeu 15 pacientes. Segundo o hospital, o aumento se deve ao fim de convênios para urgência e emergência com hospitais privados como a Beneficência Portuguesa, a Santa Casa e o Irmãos Penteado.
O diretor médico do pronto-socorro do HC, José Benedito Bortoto, disse que a superlotação de deve a uma série de fatores. “A saúde de Campinas atravessa momento difícil por causa do término do convênio com o Cândido Ferreira. Além disso, muitos hospitais regionais têm baixa resultabilidade e acabam encaminhando pacientes que poderiam ser atendidos nas suas cidades”, disse.
Bortoto afirmou que a falta de leitos secundários para tratamento de moléstias clínicas agrava a situação dos pronto-socorros da cidade. “Ná década de 1970 e 1980 muitos hospitais atendiam INSS. Com o passar dos anos, eles deixaram de atender e novos leitos não foram criados”. Segundo o médico, seriam necessários pelo menos mais 250 leitos de clínica médica “para tirar doentes de macas” nas unidades e aliviar o setor de urgência. “E outros 50 novos leitos na área ortopédica”, completou.
O HC orienta que pacientes de menor complexidade procurem suas unidades básicas de saúde ou pronto atendimentos de referência da região de origem e pede a compreensão da população até que a situação se normalize.
Administração
O secretário de Saúde, Cármino de Souza, negou que as demissões do Cândido possam ter provocado a superlotação no HC ou no Mário Gatti. Ele disse que o Hospital Ouro Verde vai abrir 15 novos leitos e que a Prefeitura negocia com a Secretaria Estadual de Saúde a abertura de 40 leitos no HC. Segundo ele, o Executivo também negocia com a Santa Casa o uso de 50 leitos do hospital para o atendimento do SUS.
Celso Pierro
O Hospital e Maternidade Celso Pierro, da PUC-Campinas, operava ontem de forma normal. A unidade informou que havia 24 pacientes no PS e o tempo de espera era considerado normal. Em reforma atualmente, a unidade terá até o meio do ano mais 40 leitos.
Região Oeste
A unidade de pronto atendimento (PA) do Campo Grande também registrou, na última segunda-feira, um aumento de 50% na demanda por atendimento. O resultado foi uma espera maior, apesar de haver pelo menos cinco médicos generalistas e três pediatras atendendo naquele dia. Segundo a Secretaria de Saúde, o movimento estava normal ontem nas outras unidades de PA.
(Colaborou Luciana Félix/AAN)