MAIO AMARELO

Campinas vê total de óbitos no trânsito explodir em 2021

Foram 151 mortes em acidentes no ano passado, o maior número nos últimos seis anos

Thiago Rovêdo
10/05/2022 às 08:42.
Atualizado em 10/05/2022 às 08:42

Policiais militares dão apoio a um acidente de trânsito em Campinas; de acordo com o levantamento da Emdec, os homens responderam por 88,1% dos óbitos do ano passado (Fotos:Kamá Ribeiro)

Campinas registrou em 2021 o maior número de vítimas fatais devido a acidentes de trânsito nos últimos seis anos. Os dados foram divulgados na manhã desta segunda-feira (9) durante o lançamento oficial das ações planejadas pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), que integram o Movimento Maio Amarelo, cujo objetivo é o de sensibilizar condutores e pedestres para que se busque a redução do alto índice de mortes por acidentes e sinistros nas vias na cidade.

Segundo a Emdec, 151 pessoas perderam suas vidas em 144 acidentes registrados no ano passado. Segundo os dados, o último ano que totalizou a mesma quantidade de vítimas fatais foi em 2015, 151 mortes. A partir desse ano, os dados mostram uma queda no total de óbitos: 2016 (150), 2017 (145), 2018 (130), 2019 (126) e 2020 (130).

Os motociclistas são as maiores vítimas e correspondem a quase 50% das vítimas. De acordo com a Emdec, do total de 151 óbitos, 69 ocupavam uma motocicleta - um percentual de 45,69%. E ainda, houve uma alta de 43,75% entre 2020 - que registrou 48 vítimas em motos - em relação ao ano passado. 

Quando se compara os anos de 2020 e 2021 de uma forma geral, percebe-se crescimento de mortes. Em 2020, o boletim da Emdec registrou 130 óbitos e em 2021, este dado chegou a 151 - um aumento percentual de 16,15%.

"Lançamos as campanhas educativas '3Rs' e 'JBD Morte Zero', que se somaram às ações permanentes de conscientização, operação e fiscalização realizadas para reduzir as mortes no trânsito. No entanto, é primordial o engajamento de sociedade nessa missão, respeitando a sinalização e as leis de trânsito", afirmou o presidente da Emdec, Vinicius Riverete.

Dos 151 óbitos, 69 eram ocupantes de motocicletas, 41, pedestres, 30, ocupantes dos demais veículos e 11, ciclistas. Oitenta das 151 vítimas fatais se enquadravam na faixa etária de 30 a 59 anos. Os homens representaram 88,1% dos óbitos e as mulheres 11,9%. A análise mostrou ainda que 44% dos acidentes de trânsito apontados em 2021 foram causados por excesso de velocidade e pela combinação entre álcool e direção.

"Somente vamos conseguir, efetivamente, reduzir o número de mortes e lesões graves quando todos fizerem a sua parte em cada atitude tomada no trânsito", completou o secretário de Transportes, Fernando de Caires.

Caminhos

O advogado especialista em trânsito e mobilidade urbana, Renato Campestrini, lembra que, tanto por comodidade quanto por trabalho, houve um aumento nos últimos anos de motocicletas nas vias. Aliando isso à falta de prevenção, os acidentes tendem a acontecer. Ele acredita, inclusive, que deve haver uma elevação no número de vítimas fatais nos próximos anos, caso não haja mudanças para aumentar a segurança no trânsito.

"Analiso esse aumento de acidentes ao fato de ser cada vez mais comum o uso de motocicletas, motivado pela alta de combustíveis ou para o exercício de atividades econômicas que utilizam a moto como parte do trabalho. É possível que esse número cresça ainda mais, principalmente ao se subestimar as orientações e previsões legais instituídas tanto para pedestres quanto para condutores. Não é incomum ver capacetes soltos na cabeça das pessoas e, assim, ele não protege nada", exemplificou.

Para ele, é da natureza da motocicleta trazer mais vítimas do que veículos, como carro ou ônibus, mas esse fato não pode ser impeditivo para se pensar em saídas. 

"A motocicleta é um veículo que deixa o condutor mais vulnerável em relação a um carro. De dez acidentes, sete terminam com vítimas. Por isso, a condução da motocicleta tem que ser preventiva e segura o tempo todo. Há cursos para as pessoas aprenderem, de forma gratuita, a pilotagem segura, ensinando como fazer curva ou frear adequadamente. Respeitar as regras é fundamental", comentou.

Campestrini avalia que a formação do condutor, somada a ações de políticas públicas, colocam em um horizonte menos violento o futuro das motocicletas.

"Para conseguir uma redução no total de sinistro de trânsito, precisamos rever a formação do condutor. O segundo passo, é trabalhar a prevenção, a educação, divulgar boas práticas, como o uso do capacete. Ele é um equipamento que diminui, e muito, o risco de acidentes graves. A moto foi feita para você ganhar tempo e não perder a vida”, finalizou. 

A Prefeitura de Campinas, ao longo deste mês, vai promover diversas ações de comunicação e educação para mobilidade, com a finalidade de chamar a atenção e mobilizar a população para a segurança no trânsito. Prédios públicos estão sendo iluminados com luz amarela e diversas instituições de ensino estão sendo mobilizadas.

Um dos destaques da programação é a websérie educativa "Sinistros", uma parceria com o grupo "O que te assombra?". Laços gigantes serão instalados em diferentes espaços da cidade, contendo um QR Code, que direcionará para narrativas de agentes da mobilidade sobre o atendimento às vítimas de acidentes de trânsito. 

A programação terá ainda passeio ciclístico; curso "Anjos do Capacete", em parceria com o iFood e o Samu; abordagens educativas das campanhas "3Rs" e "JBD: Morte Zero no Trânsito", junto à comunidade universitária da Unicamp e em bares das regiões do Cambuí e Sousas; simulações de ponto cego com motoristas de ônibus, entre outros.

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