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Campinas vê o seu 'Efeito Borboleta'

Borboletas pretas, com manchas alaranjadas nas asas, estão aparecendo em grande quantidade em Campinas para participar da dança do acasalamento

Maria Teresa Costa
29/03/2019 às 09:55.
Atualizado em 04/04/2022 às 19:56

Borboletas pretas, com manchas alaranjadas nas asas, estão aparecendo em grande quantidade em Campinas para participar da dança do acasalamento da espécie. As Chlosyne lacinia, popularmente conhecidas como borboleta da lagarta-do-girassol, são uma praga nas áreas rurais, principalmente nas lavouras de girassóis, mas encantam nas áreas urbanas, pela grande quantidade que surge nesse período, na pressa de garantir a preservação da espécie diante de vida tão efêmera – de no máximo duas semanas na fase adulta. Elas estão no pico do período reprodutivo, que ocorre entre março e abril, afirma o biólogo e responsável pelo borboletário da Mata de Santa Genebra, Thomaz Henrique Barrella. Essas borboletas buscam áreas onde existem girassóis, margaridas, dente-de-leão e outras plantas da família do girassol, para colocar os ovos. As flores fornecem o néctar com o qual se alimentam e as folhas dessas plantas são o principal alimento das lagartas pretas com pelos que surgirão após a eclosão dos ovos. Segundo o biólogo, cada borboleta posta de 200 a 300 ovos de uma única vez. Eles são colocados em camadas, formando “bolinhos” de um amarelo muito intenso, explica o biólogo. Quando eclodem, as lagartas ficam todas juntas nas folhas das plantas onde se alimentarão. Ciclo curto O ciclo de vida da espécie é bastante curto. São cinco dias na fase de ovos, 12 na de lagarta, cinco na fase de pupa, quando surge a borboleta que viverá, no máximo, duas semanas. Ou seja, desde o ovo até a fase adulta, a vida do inseto será de cerca de um mês. “Sua função, na fase adulta, é reproduzir, por isso uma vida tão curta. Mas elas têm função importante na natureza. Não são grandes polinizadoras como as abelhas, mas são fonte de alimentos para aracnídeos, aves, mamíferos, répteis”, diz Barrella. Comum no continente americano, elas são sensíveis às alterações ambientais e sua presença ou ausência indicam como está a qualidade do ambiente, afirmou o biólogo. Considerada a praga mais importante da cultura de girassol, as lagartas atacam folhas e caule e, em caso de ocorrência severa, pode inviabilizar completamente a produção. Quando atacam, a produtividade da plantação cai em 80%. Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) estudaram a espécie e descobriram que, para enfrentar extremas condições de seca, ela cria estratégias de sobrevivência. Nas condições de baixa umidade e altas temperaturas, as lagartas-do-girassol entram em um processo de hibernação. Elas passam 220 dias quietas, sem se alimentar. Só despertam para o estágio seguinte do desenvolvimento no momento em que o ambiente volta a ser favorável, isto é, com abundância da planta para a espécie se alimentar e depositar os ovos. No Hemisfério Norte, o processo se repete, mas de forma contrária. Elas usam o encurtamento dos dias para entender que o Inverno se aproxima e podem, com isso, se preparar com antecedência para o período de clima hostil. Mata de Santa Genebra está reestruturando borboletário Depois da estiagem do ano passado e do último Verão atípico, onde choveu menos do que deveria, o Borboletário da Mata de Santa Genebra está se recuperando. O clima afetou as plantas e consequentemente, a reprodução das borboletas. “As plantas não reproduziram como deveriam, então a lagarta não come, não se desenvolve e a borboleta adulta não põe os ovos”, disse o responsável pelo borboletário da Mata de Santa Genebra, Thomaz Henrique Barrella. Implantado no final de 2000 para estudos científicos de espécies de borboletas da Mata Atlântica e também educação ambiental, o borboletário mostra que os insetos são partes relevantes da fauna da Mata e são fundamentais para o equilíbrio deste ecossistema. Ocupa atualmente uma área total de 3 mil metros quadrados. O Complexo do Borboletário é constituído por uma casa de criação de borboletas, casa das borboletas, um jardim e um pequeno viveiro de plantas para alimentação das lagartas. A criação das espécies estudadas inicia-se com a coleta de ovos dentro do Viveiro de Borboletas, uma estrutura de 380 m2 revestida de tela de sombreamento para acondicionar as espécies estudadas em ambiente natural e controlado. Seu interior é composto por plantas que florescem durante grande parte do ano. As borboletas se alimentam do néctar produzido por estas plantas, que servem também para que as fêmeas depositem seus ovos. Posteriormente os ovos são transferidos para a Casa de Criação.

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