Cidade acolherá 30 refugiados de um total de 600 que começaram a deixar Roraima
Instalações do Centro Temporário de Acolhida de Santo Amaro, na Zona Sul de SP, que receberá venezuelanos vindos de Roraima: tudo preparado (Estadão Conteúdo)
Campinas vai receber 30 venezuelanos que emigraram fugindo da situação política e econômica do país caribenho, informou a Casa Civil da Presidência da República. Eles são parte de um grupo de cerca de 600 venezuelanos que começaram a ser transferidos nesta quinta-feira, na tentativa de desafogar o atendimento em cidades como Boa Vista e Pacaraima, em Roraima, que já concentram cerca de 40 mil refugiados. Do total, 350 vão para a cidade de São Paulo, 100 para Cuiabá, 70 para Manaus e 30 para Campinas. O primeiro grupo — de 116 pessoas que ficarão na Capital — chegou ontem num avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Eles desembarcaram à tarde no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Do avião desceram homens e mulheres adultos solteiros, além de famílias com crianças. A Prefeitura ainda não tem confirmação do número de pessoas que chegará na cidade e nem quando — a informação da Casa Civil ainda não chegou oficialmente à Admnistração. A secretária de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e de Direitos Humanos, Eliane Jocelaine Pereira, disse que a cidade se dispôs a receber os refugiados após consulta feita pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). “O que sabemos é que o processo de interiorização dos venezuelanos que estão em Roraima ocorrerá nessa e na próxima semana”, afirmou. Latino-americanos Em Campinas já estão 1,6 mil refugiados, segundo o Serviço de Referência aos Imigrantes e Refugiados. O maior contingente, de 1,2 mil pessoas, é de latino-americanos, sendo que os haitianos somam cerca de mil pessoas. Entre os latinos há ainda bolivianos, venezuelanos e cubanos. O segundo maior grupo, com 280 pessoas, é de africanos, entre congoleses, ganeses, angolanos, senegaleses e nigerianos. Do Oriente Médio são cerca de 100 refugiados entre sírios, palestinos, libaneses e jordanianos. Da Ásia, o grupo é de 20 paquistaneses cristãos que deixaram o país por perseguição religiosa. Segundo Eliane, a cidade tem estrutura para absorver essa demanda. Desde 2016, Campinas tem um serviço de apoio ao migrante que teve sua estrutura ampliada quando os haitianos começaram a chegar em grande número, a partir de 2015. Além do abrigo do Serviço de Atendimento ao Migrante (Samim), a cidade tem as chamadas “casas de passagens”, locais temporários e conta também com a participação de voluntários que integram a Rede de Apoio aos Imigrantes e Refugiados (RAIR). A Prefeitura disponibiliza aos refugiados o ensino da língua portuguesa, feito em parceria com a Fundação Municipal para Educação Comunitária (Fumec), e também pela RAIR. “Nosso trabalho de apoio inclui também a integração dos refugiados ao mercado de trabalho, com o encaminhamento ao Centro Público de Apoio ao Trabalhador (CPAT)”, disse. Os refugiados que chegam a Campinas não tem garantia de emprego e disputam as vagas nas mesmas condições que os moradores da cidade. Roraima O processo de interiorização dos venezuelanos que estão em Roraima, iniciado ontem, visa garantir melhores condições aos refugiados, boa parte com alta escolaridade e chances de colocação no mercado de trabalho. A seleção foi feita por representantes do escritório brasileiro da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). O primeiro critério de corte é a identificação daqueles que têm vontade de se estabelecer no País. De acordo com a Casa Civil, foram mesclados diferentes perfis. Entre os que irão para São Paulo, por exemplo, há famílias e jovens solteiros. Os imigrantes não têm garantia de emprego nas cidades. No entanto, têm direito a serem alocados em abrigos de prefeituras e ONGs. Para facilitar a busca por trabalho, eles estão sendo deslocados com carteira de trabalho e documentos regularizados. Custos Segundo a Casa Civil da Presidência da República, a operação, chamada de interiorização de imigrantes venezuelanos de Roraima para outros estados, deve custar R$ 190 milhões ao Ministério da Defesa. O dinheiro foi liberado por meio de medida provisória que trata da assistência emergencial e acolhimento humanitário das pessoas que deixaram a Venezuela. Os traslados dos venezuelanos são custeados pelo governo federal. As transferências para São Paulo, Cuiabá e Campinas serão realizadas por meio de aeronaves da Força Aérea Brasileira. Já aqueles selecionados para ir a Manaus farão o trajeto de ônibus.