PICO EM ABRIL

Campinas ultrapassa barreira dos 60 mil casos de dengue

Cidade deve superar ainda nesta semana as 65,7 mil infecções ocorridas em 2015, ano da pior epidemia da história do município

Eliane Santos/ [email protected]
23/04/2024 às 09:09.
Atualizado em 23/04/2024 às 09:09
As autoridades sanitárias da cidade já previam que o mês de abril seria provavelmente o com maior número de casos da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti; na última semana, foram 7.851 novos registros (Alessandro Torres)

As autoridades sanitárias da cidade já previam que o mês de abril seria provavelmente o com maior número de casos da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti; na última semana, foram 7.851 novos registros (Alessandro Torres)

Campinas está a pouco mais de cinco mil casos de superar a pior epidemia de dengue da história da cidade. Em 2015, o município registrou 65.754 notificações positivas. Na segunda-feira (22), pelo Painel de Monitoramento de Arboviroses, eram 60.710, sendo 3.775 entre crianças de 10 e 14 anos, público apto a tomar a vacina. O número de mortes pela doença, no entanto, ainda representa 50% de todo o ano de 2015. São 11 óbitos em 2024 contra os 22 da epidemia de nove anos atrás. 

No período de sete dias, de 15 de abril até na segunda-feira (22), foram 7.851 novos casos. Em uma semana, Campinas registrou mais infecções do que todo o ano de 2013, quando foram 7.030 notificações. A média diária se mantém acima das mil notificações. Com o alto índice de casos desde o início do ano, Campinas decretou no início de março estado de emergência para dengue. A decisão aconteceu no dia 7 de março, após reunião entre o prefeito Dário Saadi (Republicanos) e membros da Secretaria Municipal de Saúde. 

As autoridades sanitárias da cidade já previam o pico da doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegytpi, para o mês de abril. A semana epidemiológica do dia 31 de março a 6 de abril concentra, até o momento, o maior número de transmissões, com 8.151, sendo 256 ainda aguardando confirmação. Já a semana do dia 7 a 13 de abril, é a terceira com mais casos (7.213, 389 em investigação). A semana entre 17 e 23/03 está em segundo, com 7.652 e 123 aguardando confirmação ou descarte. Os casos são registrados de acordo com a data de início dos sintomas.

MUTIRÃO

No último sábado, agentes de saúde visitaram 4,6 mil imóveis no 12º mutirão realizado pela Prefeitura de Campinas neste ano. A ação ocorreu em 12 bairros no sábado, 20 de abril, e com isso a Administração atingiu a marca de 50,5 mil espaços vistoriados considerando-se somente este tipo de ação realizada aos finais de semana. Os bairros percorridos por cerca de 150 pessoas foram: Jardim Fernanda, Jardim Itaguaçu, Pucamp, Campituba, Jardim Marisa, Vila Palmeiras, Jardim São Domingos, Cidade Singer, Jardim Columbia, Jardim Santa Maria, Jardim São Jorge e Jardim Campo Belo. Foram removidas 1,1 mil toneladas de resíduos durante os trabalhos para limpeza e eliminação de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.

Dos 4.689 imóveis visitados nesta ação mais recente, 53,1% foram trabalhados com remoção de criadouros do mosquito e orientação aos moradores. Já a outra parte estava inacessível por estar fechada, desocupada ou em virtude do impedimento dos moradores. O mutirão de sábado reuniu voluntários e agentes da Saúde, incluindo os trabalhadores da empresa terceirizada Impacto Controle de Pragas, que atuam nas visitas aos imóveis para orientação dos moradores sobre como fazer a limpeza correta e eliminação de criadouros. Além disso, funcionários de Serviços Públicos atuaram para remoção de 1,1 mil toneladas de resíduos, incluindo cata-treco. Foram limpas 27 bocas de lobo no trabalho.

O trabalho foi multissetorial e contou com apoio de profissionais das secretarias de Habitação, Educação, Gestão de Pessoas, Assistência Social, Trabalho e Renda, Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação, Esportes e Lazer, além da Guarda, Defesa Civil, Sanasa, Emdec, Ouvidoria, Ceasa e Camprev.

VACINAÇÃO

A Secretaria de Saúde divulgou na segunda-feira (22) à tarde que aplicou 5.959 doses de vacina contra a dengue no público-alvo, crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, desde o início da campanha, no dia 11 de abril. A primeira remessa de vacinas recebidas por Campinas tinha 18.063 doses. De acordo com a coordenadora do Programa de Imunização, Chaúla Vizelli, a procura tem sido expressiva e ainda há doses em todos os 68 centros de saúde da cidade.

O esquema vacinal recomendado corresponde à administração de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. A operacionalização da campanha é uma decisão de cada município que visa a maior efetividade para atingir este público-alvo. Dos 60,7 mil casos confirmados em Campinas, 3.775 (6,2%) foram na faixa etária de 10 a 14 anos, além de um dos onze óbitos já confirmados.

ORIENTAÇÕES

A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.

Desde dezembro de 2023 a Secretaria de Saúde já colocou em prática uma série de medidas consideradas adicionais ao planejamento regular de prevenção e combate à dengue. De acordo com a Pasta, as iniciativas começaram a ser copiadas por outros municípios diante do contexto do aumento de casos da doença. O plano inclui Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e novo site para divulgar informações. Outra novidade é o uso de inteligência artificial para ampliar o monitoramento e assistência em saúde aos pacientes com dengue. Toda pessoa diagnosticada ou com suspeita da doença, após atendimento no SUS Municipal, recebe via WhatsApp mensagem disparada pelo chatbot que auxilia a Pasta a acompanhar as condições do paciente. Caso necessário, é feita nova orientação sobre busca por atendimento.

A Prefeitura criou ainda o Grupo de Resposta Unificada (GRU), que envolve todas as áreas com objetivo de agilizar respostas e fiscalizações para as denúncias sobre criadouros.

Estatísticas do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostram que 80% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti estão nas residências. Portanto, o enfrentamento à epidemia exige esforço compartilhado entre Poder Público e população para eliminar qualquer espaço com água que possa ser usado pelo inseto para proliferação.

A Prefeitura conta ainda com um comitê de prevenção e controle de arboviroses desde 2015, que em 2023 passou a se chamar Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses e Zoonoses. Ele reúne 14 secretarias: Governo; Saúde; Educação; Serviços Públicos, Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade; Gestão e Desenvolvimento de Pessoas; Administração; Comunicação; Trabalho e Renda; Esportes e Lazer; Cultura e Turismo; Habitação; Relações Institucionais, e Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos. Também participam Defesa Civil, Serviço 156, Rede Mário Gatti, Setec e Sanasa.

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