NÍVEL DE EXCELÊNCIA

Campinas tem um dos menores índices de perda de água do país

Cidade perde 20,6% na distribuição — metade da média nacional, que é de 40%

Da Redação
02/06/2022 às 08:48.
Atualizado em 02/06/2022 às 08:48
Sanasa desenvolve programa permanente que já substituiu 607,4 quilômetros de redes de distribuição

Sanasa desenvolve programa permanente que já substituiu 607,4 quilômetros de redes de distribuição

Levantamento anual divulgado na quarta-feira (1) pelo Instituto Trata Brasil aponta Campinas como uma das cidades com menor índice de perdas de água na distribuição. O município está entre os que atingiram um alto nível de excelência em relação a esse tipo de controle, por conseguir chegar a percentuais abaixo de 25%. Em 2020, Campinas apresentava perdas da ordem de 21,5%, mas diminuiu esse índice para 20,6% no ano seguinte. São números muito abaixo do que a média nacional registra, de aproximadamente 40%. Na região Norte, por exemplo, o índice de perdas na distribuição supera os 50%, seguida pela região Nordeste, com 46%. O Centro-Oeste tem perdas de 34%. Sudeste e Sul apresentam, respectivamente, 38% e 36%.

Campinas possui hoje um dos menores índices de perda de água do País graças ao programa permanente desenvolvido pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa). A iniciativa, criada em 1994, consiste na substituição de redes e de ligações de água. Em 2021, este trabalho bateu o recorde de troca de redes — 150,7 quilômetros. Desde a criação do programa, foram substituídos 607,4 quilômetros de redes de cimento amianto por tubulações de polietileno de alta densidade (PAD), bem como trocadas 41 mil ligações. 

A ação de substituição de redes e de ligações, segundo a Sanasa, tem apresentado uma série de vantagens. Além de reduzir perdas de água, diminui significativamente as interrupções no fornecimento aos consumidores, que ocorrem durante manutenções corretivas das redes e ramais. Minimiza também os transtornos à mobilidade urbana, por evitar abertura de valas necessárias para execução dos reparos. Por fim, acrescenta a empresa, proporciona melhorias na qualidade do serviço prestado à população.

O índice de redução de perdas de água na distribuição alcançado pela Sanasa ganha ainda mais relevância se considerada a dificuldade que as cidades brasileiras encontram historicamente para estabelecer esse tipo de controle. "As perdas de água no Brasil não apresentaram melhora nos últimos anos. O Trata Brasil já acompanha a situação de perdas há alguns anos e fica evidente que não foram implantadas soluções eficientes para resolver a questão no País. O problema impacta o desafio de universalizar o abastecimento de água, meta estabelecida com o novo Marco Legal do Saneamento, que visa garantir que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e coleta de esgoto. Como consequência, os investimentos tornam-se muito maiores para construir novas estações de tratamento de água e adutoras, que não precisariam estar sendo construídas, caso houvesse redução das perdas ao longo do processo", afirma Luana Siewert Pretto, presidente executiva do Instituto.

O levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil contou com a parceria institucional da Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento (Asfamas) e da Water.org,, com elaboração da consultoria GO Associados. O relatório foi feito a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, ano base 2020) e contempla uma análise do Brasil, das 27 Unidades da Federação e cinco regiões, bem como das 100 maiores cidades do País.

O estudo aponta que o volume de água perdida nos sistemas de distribuição no Brasil equivale a 7,8 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente ou mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira — maior conjunto de reservatórios para abastecimento do Estado de São Paulo. Mesmo considerando apenas os 60% desse volume que são de perdas físicas (vazamentos), trata-se de uma quantidade suficiente para abastecer mais de 66 milhões de brasileiros em um ano, p equivalente a um pouco mais de 30% da população brasileira em 2020.

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