Sanasa desenvolve programa permanente que já substituiu 607,4 quilômetros de redes de distribuição
Levantamento anual divulgado na quarta-feira (1) pelo Instituto Trata Brasil aponta Campinas como uma das cidades com menor índice de perdas de água na distribuição. O município está entre os que atingiram um alto nível de excelência em relação a esse tipo de controle, por conseguir chegar a percentuais abaixo de 25%. Em 2020, Campinas apresentava perdas da ordem de 21,5%, mas diminuiu esse índice para 20,6% no ano seguinte. São números muito abaixo do que a média nacional registra, de aproximadamente 40%. Na região Norte, por exemplo, o índice de perdas na distribuição supera os 50%, seguida pela região Nordeste, com 46%. O Centro-Oeste tem perdas de 34%. Sudeste e Sul apresentam, respectivamente, 38% e 36%.
Campinas possui hoje um dos menores índices de perda de água do País graças ao programa permanente desenvolvido pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa). A iniciativa, criada em 1994, consiste na substituição de redes e de ligações de água. Em 2021, este trabalho bateu o recorde de troca de redes — 150,7 quilômetros. Desde a criação do programa, foram substituídos 607,4 quilômetros de redes de cimento amianto por tubulações de polietileno de alta densidade (PAD), bem como trocadas 41 mil ligações.
A ação de substituição de redes e de ligações, segundo a Sanasa, tem apresentado uma série de vantagens. Além de reduzir perdas de água, diminui significativamente as interrupções no fornecimento aos consumidores, que ocorrem durante manutenções corretivas das redes e ramais. Minimiza também os transtornos à mobilidade urbana, por evitar abertura de valas necessárias para execução dos reparos. Por fim, acrescenta a empresa, proporciona melhorias na qualidade do serviço prestado à população.
O índice de redução de perdas de água na distribuição alcançado pela Sanasa ganha ainda mais relevância se considerada a dificuldade que as cidades brasileiras encontram historicamente para estabelecer esse tipo de controle. "As perdas de água no Brasil não apresentaram melhora nos últimos anos. O Trata Brasil já acompanha a situação de perdas há alguns anos e fica evidente que não foram implantadas soluções eficientes para resolver a questão no País. O problema impacta o desafio de universalizar o abastecimento de água, meta estabelecida com o novo Marco Legal do Saneamento, que visa garantir que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e coleta de esgoto. Como consequência, os investimentos tornam-se muito maiores para construir novas estações de tratamento de água e adutoras, que não precisariam estar sendo construídas, caso houvesse redução das perdas ao longo do processo", afirma Luana Siewert Pretto, presidente executiva do Instituto.
O levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil contou com a parceria institucional da Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento (Asfamas) e da Water.org,, com elaboração da consultoria GO Associados. O relatório foi feito a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, ano base 2020) e contempla uma análise do Brasil, das 27 Unidades da Federação e cinco regiões, bem como das 100 maiores cidades do País.
O estudo aponta que o volume de água perdida nos sistemas de distribuição no Brasil equivale a 7,8 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente ou mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira — maior conjunto de reservatórios para abastecimento do Estado de São Paulo. Mesmo considerando apenas os 60% desse volume que são de perdas físicas (vazamentos), trata-se de uma quantidade suficiente para abastecer mais de 66 milhões de brasileiros em um ano, p equivalente a um pouco mais de 30% da população brasileira em 2020.