vigilância sanitária

Campinas tem primeira morte por febre maculosa neste ano

Prefeitura inicia ação educativa sobre doença no Jardim Capivari

Gilson Rei
19/05/2022 às 11:06.
Atualizado em 19/05/2022 às 11:06
Doença é transmitida pelo carrapato-estrela, encontrado em capivaras (Gustavo Tilio)

Doença é transmitida pelo carrapato-estrela, encontrado em capivaras (Gustavo Tilio)

A primeira morte em Campinas deste ano por febre maculosa — doença transmitida pelo carrapato estrela — incentivou a Secretaria de Saúde a intensificar as informações sobre a enfermidade junto à população. Com a confirmação do óbito pela Prefeitura de Campinas, uma ação educativa será realizada nesta quinta-feira (19) por agentes de saúde sobre os riscos, cuidados e formas de contágio da febre maculosa no Parque Linear José Mingone, no Jardim Capivari, região Sudoeste da cidade. No dia 26 de maio, uma nova ação está prevista no mesmo local. 

O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) informou que a doença tirou a vida de Guilherme Augusto de França Rodrigues, de 18 anos, militar do 28º Batalhão de Infantaria Mecanizado do Exército Brasileiro, em Campinas. 

Rodrigues teve sinais da doença em 20 de abril e, provavelmente, foi infectado na região Norte. O soldado participou de uma atividade de formação do efetivo militar entre 10 e 14 de abril em área militar na Fazenda Chapadão. A morte do soldado foi em 24 de abril, quatro dias após sentir os primeiros sintomas. A notícia preocupa porque, em 2021, a cidade contabilizou 11 casos e cinco mortes. Já em 2020, foram registrados sete casos e cinco mortes em Campinas.

O Comando Militar do Sudeste (CMSE) emitiu uma nota de pesar e apoio à família da vítima: "O CMSE lamenta profundamente a morte do soldado e está prestando toda assistência necessária à família do militar".

Recomendações

A Secretaria de Saúde alertou que as pessoas que frequentam ou vivem próximas a áreas com vegetação, rios e lagoas devem ficar atentas aos sintomas da doença. A febre é causada pela picada de carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii. Também conhecido como micuim, o carrapato é encontrado normalmente em capivaras, bois e cavalos. Ele se contamina com a bactéria ao picar animais infectados. Quando um carrapato pica uma pessoa, a bactéria cai na corrente sanguínea, causando manifestações generalizadas.

O quadro inicial da doença é caracterizado por febre alta, dor de cabeça, no corpo e perto dos olhos, enjoo, vômito, diarreia e falta de apetite. Tudo isso seguido de manchas no corpo. A Sociedade Brasileira de Imunizações destaca que as manchas podem levar à suspeita da ocorrência de dengue, mas sinaliza que na febre maculosa as manchas surgem nas palmas das mãos e na sola dos pés. Complicações ocorrem quando há o acometimento de fígado e rins, gerando hemorragia e problemas renais. 

Segundo os especialistas, o aracnídeo precisa passar quatro horas preso na pele para efetivar o contágio. Os sintomas aparecem entre dois dias e duas semanas após a picada. Crianças, idosos e portadores de doenças crônicas sofrem mais com as complicações. Os sintomas são parecidos com os de outras doenças, como a dengue. Por isso, o paciente precisa informar o médico se ele esteve em áreas com infestação de carrapatos. 

O diagnóstico é baseado na avaliação clínica e epidemiológica, além de exame de sangue, que pode ser obtido no mesmo dia. A chance de cura é alta, pois a Sociedade Brasileira de Imunizações informou que a taxa de mortalidade para os casos que não são tratados em nenhum momento varia de 40% a 60%. No tratamento, é receitado antibiótico oral por 10 a 14 dias. Não há vacina contra febre maculosa. A melhor prevenção é evitar o contato com o aracnídeo. Em áreas de transmissão, o ideal é usar botas, colocar a meia por fora da calça, e vestir roupas claras.

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