CALOR

Campinas tem o Verão mais seco dos últimos 25 anos

A previsão até domingo (10) é de que o sol siga predominando, mas com aumento de nuvens

Raquel Valli
07/03/2013 às 10:26.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:45
Devido à falta de nuvens, o céu fica mais aberto, há mais radiação solar e, por isso, aumento da temperatura e da sensação de calor (Divulgação )

Devido à falta de nuvens, o céu fica mais aberto, há mais radiação solar e, por isso, aumento da temperatura e da sensação de calor (Divulgação )

Este é o verão mais seco de Campinas em 25 anos. A cidade não registrava um nível tão baixo de chuva desde 1988. A média para esta época é de 710 milímetros, mas o volume atual está em cerca de 500 mililitros - ou seja, contando com 29,58% a menos de água.

Uma das possíveis causas da seca pode ser o aquecimento global, informa o professor convidado do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Hilton Silveira Pinto.

Calor

“Devido à falta de nuvens, o céu fica mais aberto, há mais radiação solar e, por isso, aumento da temperatura e da sensação de calor”, explica o especialista. “Nos últimos três anos, Campinas esteve mais quente, com termômetros marcando dias com 34ºC”, completa.

A previsão até domingo (10) é de que o sol siga predominando, mas com aumento de nuvens e com a possibilidade de pancadas de chuva à tarde.

Para esta quinta-feira (7), a estimativa é de que as máximas atinjam 33°C.

Sanasa 

Apesar da estiagem, a captação de água segue normal no município, segundo a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A. - órgão responsável pelo abastecimento da cidade. 

Até o momento, nenhum problema neste sentido foi registrado, informou também sua assessoria de imprensa.     

Asfalto

Segundo pesquisa do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o asfalto é responsável por manter o calor até a noite.

O estudo foi baseado em fotos feitas com uma câmera termal durante sobrevoo noturno em Piracicaba, conforme relata o professor Demóstenes Ferreira da Silva Filho, do Departamento de Ciências Florestais da universidade. As ruas podem "segurar" a sensação térmica até as 20h30.

"Descobrimos que as áreas urbanas mais quentes, naquele horário, eram as ruas da cidade. Elas ganharam de outras superfícies como prédios, muros e telhados que estão mais distantes das pessoas", afirma Silva Filho, que fez o estudo em parceria com Jefferson Polizel, doutor do Centro de Métodos Quantitativos da Esalq.

A pesquisa, feita no final de 2012, é inédita porque as imagens de satélite, até então, não conseguiam identificar estas características. Isto mostra que a população sente mais calor por estar mais próxima da superfície que possui a maior concentração de temperatura.

"O asfalto é o mais quente e é a área mais baixa, responsável por transmitir o calor para todas as camadas de ar, o que causa o desconforto na população", diz Silva Filho.

As fotografias foram feitas em quase todos os bairros da cidade e foi verificada a mesma situação, como identificado na Esalq, no Centro, entre outros.

Solução

A forma de combater o "calorão” é ter ruas arborizadas para sombrear o asfalto. "É preciso plantar árvores, de grande porte, margeando as ruas da cidade", explica o pesquisador.

Para minimizar impactos como este, discutir ideias e planos de arborização das cidades visando ao bem estar das pessoas em cidades do Brasil e do mundo, será realizada a Conferência Internacional Protected Areas and Place Making. O evento ocorre de 21 a 26 de abril, em Foz do Iguaçu (PR).

"Vamos pensar em novos métodos e alternativas de pesquisa para planejar o verde urbano", acrescentou Silva Filho.

Conferência

A proposta é fazer um encontro com mais de 100 pesquisadores do mundo para discutir temas como proteção da natureza, manejo de paisagem, silvicultura urbana (recuperação de áreas degradadas), turismo ecológico, unidades de conservação e desenvolvimento regional.

O evento é inédito no Brasil e promovido pelo Departamento de Ciências Florestais da Esalq, da Universidade de São Paulo (USP).

A reunião tem o apoio da União Internacional de Organizações de Investigação Florestal (IUFRO, sigla em Inglês), que é uma organização não governamental (ONG).

Com informações da Gazeta de Piracicaba  

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