DESTAQUE POSITIVO

Campinas tem o melhor saneamento entre cidades com mais de 500 mil pessoas

Município atingiu a pontuação máxima em oito indicadores analisados por estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil e subiu 18 posições no ranking geral

Da Redação
21/03/2024 às 08:27.
Atualizado em 21/03/2024 às 08:27
Universalização do saneamento em Campinas ocorre dez anos antes do prazo previsto no Novo Marco Legal; em Campinas, índice atingiu 99,69% em ‘atendimento de água’ e 95,89% em ‘atendimento de esgoto’ (Rodrigo Zanotto)

Universalização do saneamento em Campinas ocorre dez anos antes do prazo previsto no Novo Marco Legal; em Campinas, índice atingiu 99,69% em ‘atendimento de água’ e 95,89% em ‘atendimento de esgoto’ (Rodrigo Zanotto)

Um estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil, a partir de dados do Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (SNIS) 2022, aponta que Campinas está em primeiro lugar no ranking de saneamento entre as cidades com mais de 500 mil habitantes. A classificação leva em consideração três quesitos distintos do saneamento básico: nível de atendimento, melhoria do atendimento e nível de eficiência. São oito indicadores analisados e Campinas, que tem 1.139.047 habitantes, segundo o IBGE, atingiu a máxima pontuação em todos eles, o que impulsionou a cidade e fez com que ela subisse 18 posições em relação ao último ranking geral.

A universalização do saneamento em Campinas ocorre dez anos antes do previsto pelo Novo Marco Legal do Saneamento, que estabelece o ano de 2033 para atingir a meta. São consideradas universalizadas as cidades que têm 99% da população com acesso à água tratada e 90% com coleta de esgoto.

Os serviços de saneamento da cidade são administrados pela Sanasa, principal empresa municipal de saneamento do Brasil. Em “atendimento de água”, o índice atingiu 99,69%; “atendimento de esgoto”, 95,89%; e em “tratamento de esgoto”, 80,32%.

“Já universalizamos a água e o esgoto. Fizemos um conjunto de investimentos com recursos próprios e externos para melhorar o nível de atendimento em Campinas, somos cidade nota 10. O trabalho é resultado do apoio do prefeito Dário Saadi (Republicanos), da continuidade de políticas públicas, de planejamento e da eficiência do nosso corpo técnico”, destaca o presidente da Sanasa, Manuelito Magalhães Júnior.

No quadro geral, Campinas aparece com outros bons indicadores. O “investimento médio por habitante/ano”, por exemplo, foi de R$ 151,24. O “indicador de perdas na distribuição”, 20,19%, é a metade da média nacional (40%), outro bom desempenho da cidade.

A empresa investe em modernização da rede para atingir esse índice de perda e oferecer segurança hídrica. Ela está destinando, por exemplo, R$ 150 milhões na troca de 450 km de rede de água, marca que espera atingir até o final deste ano. A substituição teve início em 2021 e no início do mês passado foi feita a entrega simbólica de 350 km de tubulações de cimento amianto trocadas por canalização de polietileno de alta densidade (PeAd), material mais resistente e com durabilidade superior a 50 anos. 

Prestes a completar 50 anos em agosto próximo, a empresa de economista mista é responsável pelo abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto de Campinas. Sob sua responsabilidade estão cerca de 300 mil ligações de água, atendidas por uma rede de distribuição formada por 3,8 mil quilômetros de tubulações, extensão equivalente a distância entre Campinas e Manaus, capital do Amazonas. 

As informações do SNIS são auto declaratórias, ou seja, fornecidas por cada empresa de saneamento. No entanto, os dados encaminhados pela Sanasa são auditados pelo Projeto ACERTAR, iniciativa desenvolvida pelas Agências Reguladoras em parceria com a Associação Brasileira de Agências de Regulação (ABAR) e com o Ministério das Cidades, cujo objetivo é melhorar a qualidade da informação sobre o saneamento básico no Brasil.

O engenheiro ambiental Reinaldo Feitosa explicou que a ampliação do atendimento dos serviços de água e saneamento gera ganhos diretos "em termos de saúde, tais como queda da mortalidade infantil, redução da incidência de doenças de veiculação hídrica (diarreia, vômitos) e, como consequência, diminuição dos custos com saúde (menor volume de gastos com médicos, internações e medicamentos)”.

OUTRAS CIDADES 

Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades, oito cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) têm 99% da população com acesso à água tratada e 90% com coleta de esgoto: Campinas, Sumaré, Americana, Jaguariúna, Paulínia, Santa Bárbara d'Oeste, Engenheiro Coelho e Holambra.

Por outro lado, Morungaba, com 13,7 mil habitantes, é a cidade da RMC com os menores índices de saneamento básico. A água tratada chega para 81,26% da população, enquanto a rede coletora de esgoto tem uma cobertura de 79,14%. Ele é um dos 375 municípios atendidos pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), estatal do governo paulista em processo de privatização. A empresa assumiu os serviços em Morungaba há 15 anos e apontou que vem fazendo investimentos para melhorar o atendimento da população, como ampliação do sistema de abastecimento e coleta de resíduos residenciais e revitalização da estação de tratamento de esgoto (ETE). 

No início deste mês, a Sabesp anunciou a implantação de um plano-piloto de automação integral no sistema de produção e tratamento de água, afastamento e tratamento de esgoto e gestão do parque de hidrômetros instalados nas residências dos clientes, com a cidade devendo ser a primeira do país a contar com essa tecnologia. 

Por meio de sensores conectados ao dispositivo de medição e conexão em rede, a empresa poderá monitorar diversos dados de consumo em tempo real, podendo detectar mais rapidamente qualquer desperdício e identificar problemas na rede. Segundo o engenheiro Valdemir Viana de Freitas, do Departamento de Apoio Operacional da Sabesp, um dos motivos da escolha por Morungaba foi a boa cobertura com as diversas redes e tecnologias que serão adotadas na Operação 4.0, sistema que integra Inteligência Artificial e Internet das Coisas (IoT). 

De acordo com o Instituto Trata Brasil, que monitora os indicadores de saneamento básico de 2009, a falta de acesso à água potável impacta quase 32 milhões de pessoas em todo o país e cerca de 90 milhões de brasileiros não possuem acesso à coleta de esgoto, refletindo em problemas na saúde para a população. Comparando os dados do SNIS, anos-base 2021 e 2022, a coleta de esgoto subiu de 55,8% para 56%, aumento de 0,2 ponto percentual, e o tratamento de água foi de 51,2% para 52,2%, aumento de 1 ponto percentual. Segundo a entidade, mais de 5,2 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza diariamente no país.

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