Campinas tem menor índice de estupros

O número de estupros em Campinas nos primeiros cinco meses de 2019 é o menor já registrado nos últimos oito anos, segundo dados estatísticos divulgados anteontem pela Secretária de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo. Entre janeiro e maio, 86 agressões sexuais foram registradas. Trata-se do menor número de casos desde 2010, quando 54 abusos aconteceram nos primeiros cinco meses daquele ano. Pela primeira vez, em oito anos, o total de ocorrências fica abaixo das 100 denúncias computadas na cidade. Na comparação com o mesmo período de 2018, a queda nos números deste ano é de aproximadamente 38% — foram 135 abusos computados. Para o diretor José Henrique Ventura, do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter 2), os casos estão diminuindo porque as mídias têm divulgado cada vez mais o assunto e também porque a lei está mais rígida do que antigamente. "Esses dois motivos fizeram com que o agressor passasse a pensar duas vezes antes de cometer o crime, porque ele sabe que o caso será divulgado e que ele será, eventualmente, punido" , afirmou. Apesar da queda, o índice percentual de estupros cometidos contra crianças e adolescentes em Campinas segue preocupando as autoridades. O relatório da SSP aponta que, entre janeiro e maio deste ano, sete em cada dez abusos sexuais envolveram vítimas vulneráveis. Ao todo, em 56 dos 86 casos, quem foi abusado sexualmente tinha menos de 14 anos de idade e não possuía capacidade de se defender do agressor. O estupro de vulnerável consta no Artigo 217 do Código Penal. É considerado qualquer ato libidinoso, como apalpamento de órgãos genitais, ou relação sexual com menores de 14 anos. A pena prevista para este crime específico é de 8 a 15 anos de prisão. Desde 2016, a SSP tem separado a quantificação dos crimes cometidos contra vulneráveis e não-vulneráveis em todas as cidades do Estado para facilitar na identificação dos crimes. Segundo Ventura, a maioria dos casos de estupros com crianças acontece dentro das suas próprias residências, o que dificulta o trabalho da polícia. "O estuprador sabe que elas são indefesas e que não têm a quem recorrer, pois dificilmente seriam ouvidas pela família" , explicou Ventura. O diretor afirma que é importante que a população denuncie os atos dos agressores, já que pais, padrastos e pessoas que costumam frequentar a casa das crianças, estão no topo da lista de acometedores. As denúncias podem ser feitas pelo telefone do disque denúncia ou diretamente com a polícia nos distritos policias ou pelo 190. "A maioria dos casos não chega até a polícia porque as crianças ficavam a mercê do agressor." Mapa da violência Ao todo, Campinas possui 13 Distritos Policiais (DP) espalhados por toda a cidade. Em 2019, as unidades que computaram o maior número de estupros foram o 9º DP e o 11º DP, com 19 e 15 agressões dos 86 casos registrados até o dia 31 de maio, respectivamente. Os dois locais atendem os moradores que vivem nos arredores da região de Viracopos e do Distrito do Campo Grande. Por sua vez, a unidade policial que anotou o menor índice de estupros foi o 13º DP, com apenas um registro nos primeiros cinco meses deste ano. O distrito atende a região do Cambuí. ESTUPROS EM CAMPINAS Ano (Jan-Mai)          Nº de estupros 2010                            54 estupros 2011                            89 estupros 2012                           117 estupros 2013                           114 estupros 2014                           107 estupros 2015                            87 estupros 2016                           117 estupros 2017                           111 estupros 2018                           135 estupros 2019                            86 estupros