PLANO DE MANEJO

Campinas tem 156 capivaras em seis parques, aponta contagem

Maior quantidade, 65, está no Pq. Ecológico Monsenhor Emílio José Salim

Luis Eduardo de Sousa/ Luis.reis@rac.com.br
25/07/2023 às 08:54.
Atualizado em 25/07/2023 às 08:54

Paulo Anselmo, do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal, observa as capivaras no Pq. Ecológico, na Rodovia Dr. Heitor Penteado; trabalho de apuração foi finalizado (Kamá Ribeiro)

Quase dois meses depois do alerta emitido pela Prefeitura de Campinas sobre o risco de febre maculosa brasileira (FMB), o plano de enfrentamento à doença avançou e, na segunda-feira (24), o Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA) informou que concluiu a contagem de capivaras na cidade. Segundo o departamento, são 156 animais distribuídos em seis parques, dez a mais que a estimativa de 146 projetada no fim de junho, quando a Administração estava a poucos passos de concluir a contagem. Lidera em quantidade o Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, na Rodovia Dr. Heitor Penteado, com 65 animais. O menor número foi registrado no Parque Ecológico Capivari (Lagoa do Mingone), onde foram identificadas três capivaras. 

A Administração depende agora de um estudo acarológico, que está sendo realizado pela Saúde, para entender como está a infestação de carrapatos nos parques. Após essa etapa, será solicitada, à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), uma autorização para realizar a esterilização dos roedores.

De acordo com o engenheiro agrônomo, e membro da Comissão Permanente de Febre Maculosa da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz da Universidade Estadual de São Paulo (EsalqUSP), Carlos Alberto Perez, a ação foi testada na universidade. Em cinco anos, a população de capivaras no campus diminuiu de 134 para oito animais.

O trabalho realizado pela Prefeitura integra o conjunto de medidas adotadas para conter a transmissão da doença. Cinco pessoas foram infectadas em Campinas no fim de maio. Quatro delas morreram. Todas participaram de festas na Fazenda Santa Margarida, em Joaquim Egídio, Distrito de Sousas, entre o final de maio e o início de junho. O espaço foi obrigado a apresentar um plano de enfrentamento à febre maculosa. Na segunda-feira (24), a assessoria de imprensa da Santa Margarida disse que, até o momento, não obteve resposta final acerca da estratégia elaborada e, assim sendo, ainda não pode realizar as intervenções para retomar as atividades. A Secretaria de Saúde já concordou com o plano e, agora, a Secretaria do Verde está dialogando com os responsáveis da Fazenda para que cumpram as regras ambientais previstas na lei e no planejo de manejo da Área de Proteção Ambiental (APA).

A Pasta informou que, em breve, será publicado o parecer técnico para que a Santa Margarida possa implementar as medidas.

CONTAGEM

A contagem realizada pelo DPBEA concluiu que as 156 capivaras contabilizadas se dividem em 10 grupos (conjuntos de fêmeas e filhotes liderados por um macho).

Em ordem decrescente, o Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim lidera o ranking (com os 65 animais divididos em três grupos), seguido por Parque Portugal (Lagoa do Taquaral, com 48 animais em dois grupos), Lago do Café (28 em dois grupos), Parque Ecológico do Jambeiro (sete em um grupo), Parque das Águas (cinco em um grupo) e Parque Linear Capivari (três em um grupo). O único parque onde não foram encontradas capivaras foi o Parque Ecológico Hermógenes de Freitas Leitão Filho, em Barão Geraldo.

De acordo com o médico veterinário Paulo Anselmo Nunes, do DPBEA, agora que está com a contagem em mãos, a Prefeitura aguarda apenas a conclusão do estudo acarológico nos Parques, que vem sendo realizado pela Saúde, para solicitar a laqueadura e vasectomia nas fêmeas e machos, respectivamente.

“A Prefeitura está prestes a abrir a licitação para contratar a empresa que vai fazer o manejo e os processos cirúrgicos. Antes disso, precisamos fazer a solicitação para o Estado, o que depende da conclusão do estudo acarológico.”

A Secretaria de Saúde informou que aguarda uma orientação do Estado sobre uma nova portaria, publicada no mês passado, que atualiza o fluxo de informações e ações para o manejo das capivaras.

Carlos Alberto Perez avalia que a medida de esterilização é eficaz e não causa desequilíbrio ecológico. O especialista explica que as capivaras mais novas são naturalmente mais parasitadas pela bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da doença, já que elas têm menos defesas contra o patógeno. Para ele, a população de 156 animais pode ser considerada grande, sobretudo por estarem mal distribuidas, com número muito maior em alguns parques em comparação com outros.

“É uma quantidade bastante grande. Na Esalq, nós solicitamos e obtivemos a licença (para esterilizar) e está funcionando muito bem. Em 2016, em um trecho de córrego no interior do campus, tínhamos 134 capivaras. Hoje, temos 8. A população vai diminuir à medida em que o tempo passa. É possível que até 10% dos animais morram por causa da intervenção cirúrgica. Outras capivaras poderão pegar alguma rota de fuga para outro lugar, mas a medida é correta. Piracicaba foi um grande laboratório para mostrar para o Estado que a ação dá certo”, avalia.

Na prática, quando um animal jovem é contaminado, ele tem maior possibilidade de transmiti-la a carrapatos que não estão com a bactéria. É neste cenário que há um aumento dos insetos infectados e, consequentemente, da possibilidade de transmissão para humanos.

Apesar de depender da permissão estadual, a Administração pretende concluir toda a esterilização da população e capivaras até abril do ano que vem. 

COMITÊ

Em resposta aos episódios envolvendo a doença, a Prefeitura decretou na segunda-feira (24), em publicação no Diário Oficial, que o Comitê de Enfrentamento das Arboviroses passa a contemplar Zoonoses. No decreto, o Executivo cita as adversidades envolvendo a doença como motor da mudança.

“O Comitê tem como função promover a intersetorialidade, propiciando ações integradas e coordenadas para a prevenção e o enfrentamento das arboviroses (e zoonoses), bem como favorecer a tomada de decisões e a agilidade nos processos administrativos”, diz o texto.

O grupo será composto por dois membros de cada secretaria, autarquias e empresas públicas.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por