No InovaCampinas, potencial tecnológico e de conhecimento locais foram o destaque do evento
Encontro serviu para que mais de 130 empresas participassem de uma rodada de negócios com 35 companhias à busca de novos produtos e serviçosr (Carlos Sousa Ramos/AAN)
Campinas é conhecida como o “Vale do Silício” brasileiro e a imagem da cidade da tecnologia e do conhecimento é a marca que o governo municipal quer imprimir. Ontem, o potencial da região para figurar, literalmente, como a versão nacional da área na Califórnia (Estados Unidos), que é referência mundial em alta tecnologia, foi exposto no InovaCampinas, que reuniu mais de 3 mil pessoas, no Expo Dom Pedro. O encontro serviu para debater sobre inovação, mas também firmar parcerias e negócios. Um pacote de novidades foi divulgado no evento, como a parceria entre Telefónica, CPqD e a Agência de Inovação (Inova) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que vai apoiar dez startups em Campinas no próximo ano. Outro anúncio realizado no InovaCampinas é a entrada de mais 50 sócios (pessoas físicas) no fundo Inova Ventures Participações (IVP), que injeta recursos em startups. Com os novos investidores, o grupo dobra a quantidade de pessoas auxiliando novas empresas. O encontro também serviu para que mais de 130 empresas participassem de uma rodada de negócios com 35 companhias (várias delas com atuação global) interessadas em novos produtos e serviços. A expectativa dos empreendedores e organizadores do evento era grande de que o contato resultasse em acordos comerciais. Antes do InovaCampinas foi criada uma plataforma que permitiu aos empresários e os potenciais clientes dialogar e marcar as reuniões com antecedência. Se deu ‘match’, assim como no Tinder, as startups e as empresas acertaram o encontro aqui no evento. Dessa forma, as reuniões são mais produtivas porque as companhias vão tratar diretamente com os empreendedores que estão oferecendo produtos ou serviços que interessam a elas. O potencial da região em inovação é muito grande, tanto que atraímos 35 empresas, boa parte delas de grande porte”, disse o fundador da 100 Open Startups, Bruno Rondani. Ele destacou que o fato de os empreendedores que participariam da rodada terem sido escolhidos pelas companhias reforçava a possibilidade de sucesso nas negociações para acordos comerciais e parcerias. “Temos empresas de várias partes do País na rodada. O importante é que o evento serve de ponte para que os empreendedores tenham acesso aos futuros clientes e possam apresentar seus projetos”, afirmou o executivo. O professor do Instituto de Biologia (IB) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Wagner Favaro, afirmou que o evento dava a oportunidade dos empreendedores dialogarem direto com potenciais interessados. “Quatro empresas apresentaram interesse nos projetos que um grupo de pesquisadores do qual faço parte desenvolve na universidade. Um dos projetos é um nanofármaco para o combate do câncer de bexiga. Em um mês e meio, vamos começar os testes clínicos em pessoas. Já fizemos testes em animais, como cães, e o método permitiu a redução de 80% dos nódulos. Uma vantagem é a baixa toxicidade que permite uma melhora na qualidade de vida dos pacientes em relação a outros métodos”, disse. O produto ganhou o nome de OncoTherad. O pesquisador calcula que em seis anos é possível que o medicamento já esteja disponível para o mercado. “O objetivo é encontrar uma empresa com quem possamos firmar um acordo comercial que permita acelerar o processo de testes e agilizar a chegada do produto no mercado para atender a necessidade de milhares de pacientes. O método também poderá ser usado para câncer de mama e o câncer de próstata”, comentou Favaro. Fundo Bruno Rondani também é um dos diretores do IVP e afirmou que o fundo está ganhando mais 50 investidores. Até agora, eram 50 pessoas na sociedade de participações . “Os investidores são pessoas físicas que não aplicam apenas recursos nas startups, mas também têm o investimento em tempo e conhecimento compartilhado para auxiliar os empreendedores”, comentou. Ele disse que o capital-semente é muito importante para fortalecer as empresas que estão começando e permitir o desenvolvimento de novas tecnologias. O executivo disse que nove empresas já foram atendidas pelo grupo. “Três estão ligadas diretamente ao Fundo. Outras três estão sendo atendidas por meio de uma aceleradora. Duas empresas saíram do programa e uma foi vendida”, detalhou. Ele comentou que a meta, com o aumento do número de pessoas na sociedade, é cuidar de dez startups por ano. “O valor médio investido por startup varia de R$ 100 mil a R$ 300 mil.”