DESEMPENHO DE MERCADO

Campinas registra segundo melhor janeiro em 26 anos nas vendas para o exterior

Exportação de R$ 460,7 mi ficou atrás apenas de 2018, que foi de R$ 518,9 milhões

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
23/02/2023 às 09:00.
Atualizado em 23/02/2023 às 09:00
Sediada em Campinas, uma multinacional alemã, que fabrica ferramentas elétricas, componentes automotivos, sistemas de segurança e eletrodomésticos, percebeu um aumento nas exportações da empresa (Divulgação)

Sediada em Campinas, uma multinacional alemã, que fabrica ferramentas elétricas, componentes automotivos, sistemas de segurança e eletrodomésticos, percebeu um aumento nas exportações da empresa (Divulgação)

Campinas exportou no mês passado US$ 89,25 milhões (R$ 460,71 milhões), que foi o 2º melhor desempenho nas vendas ao exterior em janeiro dos últimos 26 anos. É o que revela estatística divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que passou a apresentar os dados em sua plataforma desde 1997. O resultado no primeiro mês deste ano é inferior apenas a janeiro de 2018, quando as exportações totalizam US$ 100,53 milhões (R$ 518,93 milhões).

As vendas de empresas de Campinas a outros países no início de 2023 tiveram um aumento de 68,24% em comparação aos US$ 53,05 milhões (R$ 273,84 milhões) de janeiro de 2022, aponta a Comex Stat do MDIC, que apresenta os dados da balança comercial. “Apesar dos problemas estruturais do déficit comercial regional causados pela dependência das importações de insumos, as exportações mostram melhora da atividade”, afirma o economista e pesquisador do Observatório PUC-Campinas Paulo Ricardo da Silva Oliveira, que realiza estudos sobre a balança comercial.

Os principais produtos exportados pelas empresas de Campinas foram caldeiras, máquinas e instrumentos mecânicos, que totalizam US$ 21,6 milhões (R$ 111,49 milhões), o equivalente a 24,2% do total. Ou seja, esses segmentos foram responsáveis por praticamente US$ 1 em cada US$ 4 exportados no mês passado. Em segundo lugar aparecem os combustíveis (US$ 14,6 milhões), com os materiais elétricos em terceira posição (US$ 10,8 milhões).

O crescimento das exportações foi bem maior do que das importações, o que ajudou a reduzir o déficit da balança comercial de Campinas. As compras feitas em outros países em janeiro foram de US$ 299,97 milhões (R$ 1,54 bilhão), alta de 0,92% em relação aos US$ 291,30 milhões (R$ 1,5 bilhão) do primeiro mês de 2021. Com esse resultado, o déficit em janeiro deste ano foi de US$ 210,72 milhões (R$ 1,08 bilhão), 11,56% menor dos que os US$ 238,25 milhões (R$ 1,22 bilhão) registrados no mesmo mês de 2022.

No ritmo Uma multinacional com a sede brasileira em Campinas tem sentido o aumento nas exportações, que representam 25% do seu faturamento. As vendas ao exterior terão um papel importante na expectativa da empresa de fechar 2022 com um aumento de 6% no faturamento. Ela está terminando o fechamento de seu balanço fiscal do ano passado, que aponta que no primeiro trimestre a receita cresceu 5,2%.

A indústria de origem alemã produz ferramentas elétricas, componentes automotivos, sistemas de segurança e eletrodomésticos. Além da fábrica de Campinas, ela tem plantas em São Paulo, Sorocaba, Simões Filho (BA) e Curitiba (PR), onde emprega 8,8 mil funcionários. Em 2021, a multinacional teve um faturamento líquido de R$ 6,9 bilhões n o Brasil, o que representou 75% do total registrado na América Latina, que foi R$ 9,2 bilhões. A empresa classifica o resultado esperado para 2022 como “moderado”, atribuindo o desempenho a alta da inflação, dos juros e aumento dos custos de produção, com destaque para energia, matérias-primas e logística.

A filial brasileira exporta principalmente para os mercados da América Latina, América do Norte e Europa. “Nesses últimos dois anos, em plena pandemia, dobramos o número de colaboradores atuando na exportação de serviços de alto valor agregado de 300 para 600 profissionais”, afirmou o CEO e presidente da multinacional para a América Latina, Gastón dias Perez.

Região Metropolitana 

O aumento das exportações das empresas de Campinas em janeiro foi quase o dobro do registrado pela Região Metropolitana de Campinas (RMC), que é formada por 20 municípios. Estudo realizado pelo Observatório PUC-Campinas, que também utiliza como base os dados do MDIC, aponta que no mês passado as exportações da RMC foram de US$ 432,80 milhões (R$ 2,23 bilhões), crescimento de 36,22% em relação aos US$ 317,71 milhões (R$ 1,64 bilhão) do mesmo período de 2022. “Esse valor corresponde ao maior para o mês em dez anos”, ressalta o coordenador do levantamento, Paulo Oliveira, que também é professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCC).

No primeiro mês deste ano, as importações da RMC foram de US$ 1,29 bilhão (R$ 6,65 bilhões), com alta de 7,15% em comparação ao US$ 1,20 bilhão (R$ 6,19 bilhões) do mesmo período de 2022. O melhor desempenho das exportações resultou em uma queda de 3,23% no déficit comercial regional, aponta o estudo do Observatório PUC-Campinas. 

Com o resultado, a participação da RMC nas exportações do Estado de São Paulo foi de 7,72%, enquanto que nas importações ficou em 21,07%. Isso representa “uma melhora na participação das exportações e uma pequena redução nas importações”, disse o economista. De acordo com o levantamento, os destaques no valor das vendas ao exterior foram as máquinas de construção civil, com alta de 54,05%, e medicamentos, com 62,4%. Entre os itens que apresentaram queda, a maior foi de partes de motores (-7,9%). 

Já os itens mais importados foram os compostos heterocíclicos de nitrogênio, que registraram crescimento de 206%. Em segundo lugar no ranking de aumento aparecem os agroquímicos, com 121%. Por outro lado, as importações de circuitos eletrônicos tiveram queda de 14,01%, que é reflexo da falta desse item no mercado mundial, o que prejudica a produção de várias fábricas no Brasil.

É o caso da maior fabricante de automóveis do País, que este mês concedeu férias coletivas de dez dias para os funcionários de três fábricas por causa da falta de semicondutores. A paralisação atingiu as unidades de São Bernardo do Campos e São Carlos, ambas no Estado de São Paulo, além de São José dos Pinhais, no Paraná. 

O estudo do Observatório PUC-Campinas revelou que houve aumento relativo das exportações para praticamente todos os principais destinos, com destaque para a Argentina, Estados Unidos, México e Alemanha. As importações também aumentaram em todas as principais origens, ocupando a primeira colocação a China. 

Paulo Oliveira apontou que o maior aumento nas exportações da RMC foi de itens de média-baixa complexidade, com crescimento de 118,48%. Em seguida, estão os produtos de baixa complexidade (114,98%), alta (41,35%) e média-alta (18,65%). Quanto as importações, a maior alta foi de itens de média-baixa complexidade, com 37,82%, enquanto que a queda mais significativa foi o de baixa (-67%). 

“Assumindo que as importações estão relacionadas às atividades econômicas das cidades à frente dos produtos considerados, há indícios de aumento da atividade da indústria química”, disse o economista. “É importante ressaltar que nesse período houve grande aumento de preços de muitos insumos importados, elevando o valor das importações também pelo efeito preço”, acrescentou o economista. 

O estudo do Observatório PUC-Campinas aponta que nos últimos 12 meses Campinas foi o município da RMC que mais exportou, com o montante chegando a US$ 1,05 bilhão (R$ 5,42 bilhões), o que representou 18,6% do total. O segundo lugar foi ocupado por Paulínia, US$ 1,01 bilhão (R$ 5,21 bilhões), com uma participação de 17,75%. A terceira colocação ficou com Indaiatuba (16,45%), vindo depois Americana (9,23%) e Vinhedo (7,54%).

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por