UNIÃO FAZ A FORÇA

Campinas quer mais 14 leitos pediátricos de enfermaria

Seis deles na Rede Mário Gatti e oito no HC da Unicamp para atender alta demanda

Ronnie Romanini
07/05/2022 às 10:02.
Atualizado em 07/05/2022 às 10:02
Segundo o prefeito Dário, a demanda de atendimentos pediátricos de pacientes de cidades da região está acima do verificado historicamente (Gustavo Tilio)

Segundo o prefeito Dário, a demanda de atendimentos pediátricos de pacientes de cidades da região está acima do verificado historicamente (Gustavo Tilio)

Representantes da Prefeitura de Campinas, da Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar, do Caism e Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, Maternidade de Campinas, Hospital PUC-Campinas e governo Estadual definiram, em consenso, algumas ações necessárias para dar conta da grande demanda por leitos pediátricos de UTI e enfermaria e de UTI neonatal no município. Entre elas, a criação de mais 14 leitos pediátricos de enfermaria na cidade, seis a serem instalados na Rede Mário Gatti e oito no HC da Unicamp. A reunião foi realizada sexta-feira (6), no Salão Azul da Prefeitura.

Segundo o divulgado, a implantação desses leitos é uma projeção, pois dependerá do financiamento do Governo do Estado. Assim que os recursos forem repassados, as estruturas começarão a funcionar. 

O prefeito Dário Saadi (Republicanos) afirmou que, atualmente, Campinas está recebendo pacientes de cidades da região acima da normalidade, representando 30% dos casos pediátricos atendidos. Diante disso, um ofício foi encaminhado ao governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), com o pedido de reabertura de até 30 leitos de enfermaria no Hospital Estadual de Sumaré (HES). A unidade contava com as estruturas até janeiro de 2021, porém, um corte de verbas do governo estadual fez com que o hospital fechasse a ala de enfermaria. 

Ainda, antes do fim da reunião, o Dário conversou com a imprensa e comentou sobre esta, que foi a primeira resolução acordada pelos presentes no encontro. Ele também mencionou a questão dos pacientes de fora da cidade.

"A quantidade de atendimentos pediátricos de pacientes de cidades da região fica, historicamente, em torno de 20%, Porém, com a crise atual, observamos que batemos 30% e, algumas vezes, até 35%. Isso não chega a ser um problema, visto que atendemos a região, mas verificamos que o percentual aumentou. O que já é um consenso e posso adiantar, é que todo setor de pediatria quer a reativação da enfermaria de pediatria do Hospital de Sumaré. Em janeiro de 2021, foi proposto pelo governo do Estado o fechamento da pediatria e oftalmologia do HES, todos se lembram disso. Na ocasião, houve uma imensa pressão política. O governo recuou e permaneceu com a UTI pediátrica, mas a enfermaria foi fechada. São leitos que, sem dúvida alguma, fazem falta."

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que o DRS de Campinas monitora a situação e se mantém em diálogo com os gestores para oferecer assistência à população, mas lembrou que a abertura de leitos não é prerrogativa exclusiva do Estado.

Dário também analisou a possível causa de uma elevação nas doenças respiratórias em crianças, o que aconteceu mesmo antes do início do período de tempo mais seco e temperaturas mais baixas. "Muita gente questiona o motivo da crise atual. A pandemia fez com que as crianças ficassem preservadas e não convivessem em escolas, no dia a dia. Isso resultou na redução do número de internações, uma vez que as crianças não contraíram infecções virais comuns, próprias desse período. Após dois anos de pandemia, em que os pequenos ficaram reclusos, eles voltaram ao convívio escolar e passaram a ter as infecções costumeiras em uma quantidade maior, por terem ficado dois anos resguardadas."

Nos últimos dias, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) questionou, tanto a Prefeitura de Campinas quanto o governo do Estado de São Paulo, acerca da situação delicada relacionada aos leitos pediátricos. O MP pede a manifestação dos órgãos, com informações sobre ações realizadas para garantir leitos suficientes para a grande demanda pediátrica. A assessoria de comunicação do MP informou que aguarda as respostas sobre as providências adotadas pelo município e pelo estado "para avaliação da sua suficiência e adequação, indicando que, no caso concreto, a abertura de novos leitos pediátricos revela-se essencial para a garantia do adequado atendimento da população."

UTI Neonatal

Além das medidas em relação aos leitos pediátricos de UTI e enfermaria, a reunião de sexta-feira abordou a situação dos leitos de neonatologia. O Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-7) apresentou um planejamento para abrir 14 estruturas de UTIs em Paulínia, 10 em Santa Bárbara d'Oeste e seis em Jaguariúna. 

O presidente da Maternidade de Campinas, Marcos Miele da Ponte, disse que ainda há uma demanda alta por vagas, com pacientes encaminhados, principalmente, pelo Estado. Segundo Ponte, a ocupação está acima da capacidade máxima da UTI, que é de 22 leitos. Assim como nos atendimentos pediátricos, a demanda de pacientes de fora de Campinas está acima do normal, com cerca de 35% de toda a ocupação na UTI Neonatal e 30% dos partos realizados.

Na expectativa de que mais investimentos estaduais cheguem para ampliação de leitos de neonatologia também em Campinas, Pontes viu com bons olhos a reunião. "Foi uma comunicação bem assertiva e todos estão dispostos a cooperar em relação a esta crise. Naturalmente, já existe uma cooperação mútua entre os hospitais. Essa cooperação foi reforçada na reunião, mas para não ter uma crise maior, é preciso mais recursos, geralmente provenientes do Estado".

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por