FRENTE FRIA

Campinas permanece em estado de observação com chance de nova tempestade

Equipes da Prefeitura atuaram ontem na limpeza dos destroços causados pela chuva de quinta-feira

Da Redação
04/01/2025 às 11:17.
Atualizado em 04/01/2025 às 11:17
Chuva de quinta-feira derrubou 20 árvores, uma delas no Centro de Convivência (foto); município registrou em 72 horas o total de 74,8 milímetros de chuva (Rodrigo Zanotto)

Chuva de quinta-feira derrubou 20 árvores, uma delas no Centro de Convivência (foto); município registrou em 72 horas o total de 74,8 milímetros de chuva (Rodrigo Zanotto)

Depois das fortes chuvas que atingiram Campinas na tarde e noite de quinta-feira, a cidade permaneceu em estado de observação durante todo o dia de ontem. O Bosque dos Jequitibás, por exemplo, só reabriu após as equipes de limpeza retirarem galhos que caíram na pista de caminhada. O município registrou em 72 horas o total de 74,8 milímetros de chuva e a queda de 20 árvores, além de outros estragos. A expectativa é que hoje ocorram chuvas expressivas e generalizadas (bem distribuídas geograficamente) devido à passagem de uma frente fria.

De acordo com o Centro de Pesquisa Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a frente fria se aproxima pelo Sul do País e traz instabilidade ao Estado de São Paulo potencializando a ocorrência de chuva na Região Metropolitana de Campinas. 

A frente fria traz novas instabilidades, dando origem a tempestades que podem ser de alto impacto, associadas a chuvas locais fortes, grande incidência de raios, rajadas de vento da ordem de 60 km/h a 80 km/h, ou pontualmente superiores, e possibilidade de granizo. Podem ocorrer picos de chuva forte que resultem em acumulados expressivos, sendo recomendada atenção quanto à possibilidade de pontos de alagamento e enxurradas. As temperaturas hoje ficam entre 20˚C e 28˚C no sábado. 

As mudanças no tempo, segundo o Cepagri, podem ocorrer em um curto intervalo de tempo (cerca de 30 minutos ou menos). O boletim indica que um "sintoma" de que há tempestades se desenvolvendo em áreas próximas é a ocorrência de trovoadas. 

“Dessa forma, ao som de trovoadas, é importante que a população permaneça atenta e pronta a buscar proteção”, orienta a nota divulgada pela Prefeitura. A Defesa Civil também reforça a necessidade de atenção redobrada em áreas mais vulneráveis, pois há risco para transtornos, como deslizamentos, desabamentos, enchentes, alagamentos e ocorrências relacionadas com descargas elétricas e rajadas de vento forte. 

OCORRÊNCIAS 

Ontem, a Defesa Civil de Campinas divulgou que nas chuvas de quinta-feira houve 20 quedas de árvore e 6 quedas de galhos de árvores. As regiões mais atingidas foram a Leste e a Norte. As equipes de arborização do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) estiveram nas ruas durante todo o dia de ontem. O trabalho ocorreu em locais de quedas de árvores e galhos, para desobstruir as vias e recolher o que fosse preciso. 

Além disso, foi registrado um alagamento de imóvel no Parque São Quirino (região Leste). A Avenida Heitor Penteado, que circunda o Taquaral, alagou na quinta-feira à noite, mas o bloqueio da pista interna foi pontual. 

O Centro de Saúde (CS) Joaquim Egídio registrou goteiras em algumas salas, mas nenhum atendimento foi prejudicado nesta sexta. As equipes de manutenção e limpeza foram acionadas após a chuva. 

Já o CS Anchieta retomou apenas na manhã de ontem o serviço de vacinação. Ele precisou ser interrompido temporariamente na tarde de quinta após problema em uma geladeira por conta da oscilação de energia durante o temporal. A CPFL foi acionada e os demais atendimentos no centro de saúde não foram afetados.

TENDÊNCIA PARA O VERÃO 

O verão de 2025 começou no dia 21 de dezembro e seguirá até o dia 20 de março. Diferente do ano passado, a estação mais quente do ano não deverá ter picos de calor extremo, pois não haverá a presença do El Niño. Com isso, as temperaturas, ainda que fiquem um pouco acima da média, não devem superar 34˚C. Em relação às precipitações, a previsão é que os volumes sejam elevados, podendo ficar acima da média esperada para o período. As informações são do meteorologista do Cepagri, Bruno Bainy.

Ele destacou que as precipitações, mesmo dentro da média esperada, significam um grande volume. Geralmente, ainda de acordo com Bruno Bainy, elas estão associadas a temporais. O meteorologista citou a influência do sistema denominado Zona de Convergência do Atlântico Sul (Zcas), considerado como um dos principais sistemas causadores de chuvas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. É um corredor de nuvens que corta o Brasil desde o sul da região Amazônica até o Oceano Atlântico, passando pela faixa central do país. O céu fica mais nublado, criando um canal de umidade que pode persistir por alguns dias e causar chuvas recorrentes, “muitas vezes volumosas e intensas”.

Com relação às temperaturas, Bainy, explicou a situação diferente em relação ao ano anterior, quando elas estavam sob influência do fenômeno El Niño, efeito que se caracteriza pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, na região equatorial, favorecendo o aumento da temperatura média. Tal efeito não ocorrerá neste verão, “mas também não teremos a presença da La Niña”, pontuou. La Niña é o efeito oposto ao El Niño e se caracteriza pelo resfriamento das águas na região do Oceano Pacifico Equatorial. O fenômeno deixaria as temperaturas um pouco mais amenas se ocorresse neste ano, mas não deve ser o caso, portanto, a expectativa é para temperaturas um pouco acima da média. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (WMO), existem 55% de chance do La Niña se desenvolver neste período entre o final de dezembro de 2024 e fevereiro de 2025. No entanto, se ocorrer, o evento será fraco e de curta duração, não afetando significativamente as previsões gerais. 

Diante do cenário exposto, o mês de janeiro deve ser o com o maior desvio de temperatura, com anomalias estimadas em torno de 0,5˚C acima da média, o que indica um predomínio de dias quentes. Esse desvio tende a diminuir nos meses seguintes, estabilizando as temperaturas. Fevereiro e março devem ser marcados por chuvas um pouco acima do que é típico para esta época do ano e também existe a tendência de precipitações abaixo da média para abril. O meteorologista reforçou que essas previsões climáticas para períodos mais longos são uma generalização. O detalhamento das condições meteorológicas dependem de previsões mais pontuais, em períodos mais curtos de tempo. “Por exemplo, um mês pode ter chuva abaixo da média prevista e, ainda assim, ter algum evento de chuva que cause transtorno”, explicou.

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