CAMPINAS 248 ANOS

Campinas pavimenta o caminho para o futuro tecnológico e sustentável

Com a implantação do Polo de Inovação e Desenvolvimento, a cidade se prepara para atrair mais empresas de alta tecnologia

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
14/07/2022 às 10:17.
Atualizado em 14/07/2022 às 10:17
‘O Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável vai reunir as instituições de pesquisa e desenvolvimento já existentes, como o CPQD, e outras empresas de alta tecnologia que venham a se instalar na cidade (Ricardo Lima)

‘O Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável vai reunir as instituições de pesquisa e desenvolvimento já existentes, como o CPQD, e outras empresas de alta tecnologia que venham a se instalar na cidade (Ricardo Lima)

Ao completar 248 anos e de olho no futuro, Campinas busca atrair a instalação de mais empresas de alta tecnologia. A cidade, que no passado foi conhecida por suas fazendas de café, agora aposta na instalação de indústrias de tecnologia de ponta e no desenvolvimento sustentável. Para isso, lança mão de incentivos fiscais, iniciou o processo de mudança de zoneamento de uma área de 17 milhões de metros quadrados para a implantação do Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável (PIDS) e deu o primeiro passo para tornar realidade o sonho de se transformar no Vale do Silício brasileiro.

Além dessas ações, o município quer se valer da estrutura que já possui, com importantes instituições de pesquisa e ensino superior, além da posição estratégica, para gerar um ecossistema amigável para atrair investimentos privados e gerar empregos. 

Essa cadeia é formada por instituições como o Laboratório Nacional Luz Síncrotron, o único do Hemisfério Sul a contar com um acelerador de partículas, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas).

O município é cortado ainda por três das mais importantes rodovias do País, a Anhanguera, a Bandeirantes e Dom Pedro I, além de contar com o Aeroporto Internacional de Viracopos, o maior terminal de cargas do Brasil, e está na rota do futuro Trem Intercidades. Ou seja, gera conhecimento e tecnologia, forma mão de obra de ponta para as empresas e facilita o escoamento da produção — vantagens que poucas cidades brasileiras reúnem. 

PIDS

A proposta urbanística que cria o Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável de Campinas (PIDS), desenvolvida pela Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo, totaliza uma área de 17 milhões de metros quadrados, dos quais 11 milhões de metros quadrados serão destinados à implementação do HUB Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS).

A área engloba o campus da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no Distrito de Barão Geraldo, a Fazenda Argentina (adquirida pela Unicamp), a Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas II (Ciatec II) e a PUC-Campinas, onde se pretende criar um distrito tecnológico e sustentável, dentro do conceito de cidades inteligentes.

A região do PIDS é pensada para abrigar, além do HIDS, residências, apartamentos e serviços, como parte da proposta de cidade inteligente, com valorização das áreas públicas, do meio ambiente e da qualidade de vida.

Segundo o prefeito Dário Saadi, pretende-se implementar o PIDS por meio de soluções tecnológicas, para que a área seja um exemplo de cidade planejada, para que as pessoas tenham espaços para fomentar a criatividade, valorizar o tempo e a qualidade de vida em harmonia com o meio ambiente. 

Calçadas largas e arborizadas, transporte público verde, técnicas construtivas para melhor aproveitamento dos recursos naturais e proximidade dos serviços são alguns exemplos das medidas a serem adotadas nesse local. 

Mudança de zoneamento

Para viabilizar a formação desse distrito inteligente, o prefeito de Campinas, Dário Saadi, encaminhará um projeto de lei à Câmara Municipal, neste semestre, que propõe mudanças no zoneamento urbano dessa área.

Com a aprovação do projeto pelos vereadores, o zoneamento urbano dessa região — que hoje é voltado para o setor industrial — passará a ser misto, o que assegurará a implementação do HUB Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), com o funcionamento e instalação de múltiplos setores, tanto habitacionais como comerciais.

“O zoneamento existente lá não possibilita iniciativas como o HIDS. Este projeto é o primeiro passo. Aprovando o zoneamento urbano, vamos continuar na discussão de uma palavra, ‘governança’: como o município e as instituições que fazem parte do HIDS podem canalizar aquela região para o desenvolvimento sustentável”, afirmou Dário, após a reunião realizada no início deste mês com a secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Zeina Latif, e representantes de setores de tecnologia e de universidades.

Portanto, a mudança do zoneamento visa tornar essa região, localizada entre as Rodovias D. Pedro I e Adhemar de Barros, compatível com atividades de empresas de ponta. “Estudos destacaram a importância do Polo 2 como área estratégica para o desenvolvimento tecnológico e inovação sustentável. A revisão do zoneamento permite revitalizar essas áreas do ponto de vista do desenvolvimento de atividades correlatas ao polo, sendo mais uma oportunidade de geração de empregos e de renda”, explica a secretária municipal de Planejamento e Urbanismo, Carolina Baracat Lazinho.

HIDS

O HIDS é um projeto idealizado pela Unicamp, ainda em 2014, para ser estruturado na região da Fazenda Argentina. Na época, a universidade reconheceu que, para ser concretizado, precisava de apoio público. 

Em março de 2020, um convênio que oficializou o projeto foi assinado no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, reunindo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), universidades, centros de pesquisas, empresas, Prefeitura e organismos públicos. A inovação do agro foi representada por várias entidades, entre elas a Embrapa, que tem três unidades na cidade.

O objetivo é que o espaço se torne um polo de desenvolvimento de projetos com foco nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), que implicam em ações de proteção ao meio ambiente, redução das desigualdades, desenvolvimento econômico, industrial e sustentável. Esses objetivos também estão alinhados com a Agenda 2030 do Brasil. 

A ideia é instalar na região o futuro hospital metropolitano e, em seu entorno, empresas que desenvolvam tecnologias inovadoras e educação das futuras gerações. É uma Zona Franca de Conhecimento, como destacam os idealizadores, consolidando-se como um local atraente para a troca de conhecimento com o mundo. 

Como parte da área a ser ocupada pelo HIDS é verde, a Prefeitura também estuda a compensação ambiental necessária para uso do local.

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